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Novo em Folha 40ª turma
14/02/2006

Campeão nas contas, neoclássico já satura

DA EQUIPE DE TREINAMENTO

Frase

A gente percebe que existe um certo cansaço, porque você vai nas periferias e vê lançamentos de prédios neoclássicos
ROBERTO CANDUSSO
arquiteto
Marcado por elementos emprestados da arquitetura greco-romana, como colunas e pórticos, o estilo neoclássico --ou o que sobrou dele após sucessivas adaptações-- é figurinha fácil na paisagem de São Paulo. Isso acontece porque, segundo arquitetos, as fachadas neoclássicas oferecem vantagens econômicas para as incorporadoras.

Além de suas linhas emprestarem um certo ar de nobreza aos prédios --fundamental na conquista do cliente que quer status--, a simplicidade dos revestimentos reduz os custos de construção. "Por que é mais barato? Porque é só argamassa e pintura", diz Lucio Gomes Machado, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Ele chama a atenção, também, para o fato de que o barato de quem constrói sai caro para quem compra, devido à necessidade de manutenção constante.

Ninguém arrisca números que traduzam a economia obtida com as fachadas neoclássicas, até porque, nos edifícios de alto padrão, os materiais são mais nobres. Mas a redução do custo nos prédios de classe média é consenso entre alguns arquitetos.

"É uma linguagem muito ‘clean’, monocromática, uma massa só, que consegue ter um resultado estético nobre", afirma o arquiteto Itamar Berezin. "Todas [as incorporadoras] estão convencidas que, na classe média, elas têm bons custos usando essa linguagem."

"O neoclássico nada mais é que um recurso de marketing usado para fazer fachadas mais baratas. Os caixilhos [janelas] são pequenos e o material empregado é barato", diz Carlos Terepins, presidente da incorporadora Even.

Segundo o arquiteto Roberto Candusso, o neoclássico costuma ser retomado toda vez que um outro estilo se esgota. "É mais uma falta de idéia, uma falta de parâmetros para definir uma nova arquitetura", critica.

Arquitetos e incorporadoras ouvidos pela Folha dizem que a febre neoclássica dos últimos anos já está passando, para dar lugar ao neoclássico "light" --mais simples e atemporal-- e àquilo que chamam de "estilo contemporâneo", uma mistura de materiais como concreto aparente, inox e vidro, que procura dar movimento à fachada.

Um dos motivos apontados para essa perda de espaço é a popularização do estilo. "A gente percebe que existe um certo cansaço, porque você vai nas periferias e vê lançamentos de prédios neoclássicos", diz o arquiteto Roberto Candusso. Segundo Eduardo Machado, vice-presidente da imobiliária Coelho da Fonseca, a popularização faz com que "no altíssimo padrão já exista uma tendência de rejeitar o neoclássico".

Mas se engana quem pensa que o estilo está condenado a desaparecer. Dos 74 lançamentos feitos neste ano pela Lopes, a maior imobiliária de São Paulo, 33 foram em estilo neoclássico. Segundo Rosilene Fontes, arquiteta da Adolpho Lindenberg, incorporadora pioneira do estilo em São Paulo, ele ainda é a marca registrada da empresa.
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