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Novo em Folha 40ª turma
14/02/2006

Raros crimes esgotam jornal local

DA EQUIPE DE TREINAMENTO

Uma cidade do interior perdida na Grande São Paulo. É assim que pode ser descrito o município de Biritiba-Mirim, a 72 km da capital. Com população estimada pela Fundação Seade para 2005 de 28.760 habitantes, Biritiba apresentou a maior queda no coeficiente de roubos por grupo de 100 mil habitantes entre as 123 maiores cidades do Estado. Também é a que possui o menor coeficiente nesse crime. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública, de janeiro a setembro deste ano.

Quando visitada pela reportagem da Folha, a cidade estava comentando um assalto a ônibus ocorrido no dia 29 de novembro. No dia em que a prisão dos três acusados foi noticiada num jornal da região, não sobraram exemplares nas bancas. "Hoje, por causa do crime, o jornal acabou ao meio-dia, quando costuma acabar às 15h. Às vezes, até sobra", diz João Donizete de Campos, 35, funcionário de uma banca.

O jornaleiro Danilo Bernardes, 23, afirma que é raro ter esses eventos na cidade e, por isso, quando o jornal noticia alguma violência em Biritiba, vende "igual água".

Até o Carnaval da cidade é pacífico. A festa está há dois anos sem apresentar nenhuma ocorrência por causa de uma lei municipal que proibiu a venda de bebidas alcoólicas em garrafa durante os festejos. "Com a lei, as arruaças acabaram e as famílias voltaram a curtir a festa", diz o presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), Joaquim José Araújo Vieira.

Oficial da reserva da Força Aérea Brasileira, Vieira decidiu se mudar para Biritiba-Mirim em 1999, quando se aposentou. Ele diz que é uma cidade gostosa de se viver, embora ache que está mais perigosa hoje do que há dez anos. Vieira não cogitou ficar na capital --antes morava na base aérea de Cumbica-- mesmo recebendo propostas de emprego. "Estava em busca de tranqüilidade."

O aposentado Adálio Alcides de Lima, 59, também escolheu Biritiba-Mirim para morar, só que por causa dos problemas respiratórios do filho, que não poderia mais continuar em São Paulo. Há 30 anos na cidade, Lima diz que não volta para a capital "nem pintado de ouro". O motivo? A violência em São Paulo. Ele conta que em Biritiba pode andar sossegado à noite. Para ele, quanto menor a cidade, melhor para morar.

Problemas

Na falta de casos mais graves, ofensas e brigas de vizinhos são uma das ocorrências que mais aparecem para o delegado titular do município, Francisco Carlos Aguiar Del Poente. "A convivência entre as pessoas acaba gerando isso, em razão da cidade ser pequena."

O prefeito Roberto Pereira da Silva diz que a cidade possui pouco policiamento e outra dificuldade é a falta de iluminação de boa parte da zona rural. Mesmo assim, ele considera a sua terra-natal pacata.

Prova disso é que ainda se vêem em Biritiba cenas como a da dona de casa Vilma Barreto, 38, que parecem ser de outras épocas. Ela costuma assistir à televisão com a porta da rua aberta ou conversar na frente de casa até a noite. (TP)
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