21/06/2006
Impressões digitais ainda são comparadas manualmente
DA EQUIPE DE TREINAMENTO
Os 600 milhões de impressões digitais arquivadas no Estado de São Paulo são inúteis para o esclarecimento de crimes nos quais não há suspeitos.
Os registros dos dez dedos das mãos dos cidadãos paulistas, que o governo tem guardados hoje no IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt), ficam arquivados em papel de duas maneiras: fichas civis, feitas quando se tira um documento no Estado, e fichas criminais, quando são coletadas digitais de suspeitos de crimes pela polícia.
Para encontrar uma digital igual à coletada num local de crime, por exemplo, e assim identificar alguém, seria preciso analisar, a olho nu, milhares de fichas, uma a uma. Por isso uma digital encontrada por peritos só serve se houver um suspeito, o que reduz a busca.
Programa abandonado O trabalho de identificação de criminosos através das marcas dos dedos seria muito mais fácil se houvesse um programa de computador como o Afis (Sistema Automático de Identificação de Digitais, na sigla em inglês), que cruza dados e compara digitais.
O sistema começou a ser usado no Brasil na década de 70, mas foi abandonado em pouco tempo. Segundo a SSP, houve falhas técnicas e problemas de implantação.
"É um desafio construir um sistema que funcione com 450 milhões de arquivos", explica o assessor de imprensa da SSP, Ênio Gonçalves. Ele afirma que o processo de digitalização das fichas de papel do IIRGD teve início em 2004 e sua conclusão está prevista para novembro deste ano.
Mesmo com a digitalização, sem o Afis os papiloscopistas (especialistas da Polícia Civil responsáveis pela análise das digitais) não vão poder utilizar os dados computadorizados na investigação de crimes. "Aqui se tira leite de pedra", afirma a papiloscopista Cida Martinelli, 47, há 12 anos no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Apesar de garantir que 98% das fichas civis e 60% das fichas criminais já estão digitalizadas, a SSP está estudando uma parceria privada para modernizar a base de dados hoje administrada pelo Estado.
Uma das contrapartidas da parceria é a controversa exploração comercial de informação, que poderão ser repassados para bancos, administradoras de cartões de crédito e empresas de telemarketing, por exemplo. Hoje, por lei, o sigilo e manutenção dos dados são responsabilidade do governo.
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