29/06/2007
Entrevista: Sociólogo vê aumento de criminalidade após aperto na fiscalização
Para o sociólogo e professor de sociologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, José Afonso de Oliveira, o aperto na fiscalização, que tirou "laranjas" da ponte da Amizade é responsável pelo aumento dos números de criminalidade e desemprego na Tríplice Fronteira.
Segundo uma pesquisa que realizou com dados da polícia local, a Foz do Iguaçu atingirá neste ano a taxa de 1 homicídio por 1.000 habitantes _média quatro vezes maior que a nacional.
Oliveira falou à Folha por telefone, de seu escritório em Foz do Iguaçu. Leia abaixo trechos da entrevista:
FOLHA - Que impacto nos níveis de desemprego teve a nova aduana?
JOSÉ AFONSO DE OLIVEIRA - Foz do Iguaçu tem uma população excedente de 100 mil habitantes, que vieram para cá motivados por uma crise nacional e que aqui encontravam emprego fazendo serviço de "laranja" no Paraguai ou serviços de desembaraço de mercadorias. Com o fechamento da ponte, esse pessoal não tem mais meio de vida e não tem como voltar à origem, porque a crise continua e a cidade não tem como criar empregos para uma população desse porte.
FOLHA - E o impacto na criminalidade?
OLIVEIRA - Estamos entre as cinco cidades mais violentas do país. Não é culpa da Receita Federal, que faz o papel dela. Mas isso é algo que decorre da fiscalização.
FOLHA - Que saídas o sr. aponta para contornar a crise?
OLIVEIRA - Primeiro a cidade precisa se organizar e ter uma postura política em relação a esse problema. Segundo, o governo federal não vai se envolver com os problemas de Foz do Iguaçu, mas deve ter uma atenção para o problema específico da cidade. Deve investir maciçamente em educação. Falava-se aqui de criar uma Universidade do Mercosul, o que também seria outra saída.