Treinamento Folha   Folha Online
   
Novo em Folha 42ª turma
05/07/2007

Diário de bordo - Pautas por água abaixo

VERENA FORNETTI
da EQUIPE DE TREINAMENTO

Antes de definir a pauta que eu iria fazer para o caderno especial, três idéias foram por água abaixo, sempre pelo mesmo motivo: queria escolher temas difíceis sobre os quais não conhecia nada. Da primeira vez, fiquei dias investindo em uma história sobre normais constitucionais que não pegaram. Entrevistei juristas, sociólogos e, na hora de definir o gancho da matéria, nada.

Dia seguinte, comecei outra novela: pensei em falar sobre o aumento da renda dos mais pobres com programas assistenciais do governo federal. Daria para fazer, mas seria muitas aspas e pouca reportagem. No tempo que eu tinha, só daria para entrevistar quem estudou o assunto e reproduzir a opinião deles.

Quando vi que todas as pautas que pensei iam caindo, recebi dois conselhos importantes. A Ana tinha dito que teria que ser algo que a gente pudesse diagnosticar, e não ficasse dependendo do que outra pessoa estudou. O Marcelo Beraba aconselhou: pense em bons casos, boas histórias e bons assuntos, um assunto real, que está na nossa cara, não estamos trabalhando direito e que podemos contribuir para melhor entendê-lo.

Comecei do zero de novo. Pensei em um tema: educação. Também em um problema que achava que existia: a formação de professores de educação infantil e ensino fundamental.

O plano B virou matéria

Minha primeira idéia foi falar de capacitação de professores. Um repórter me falou sobre o Faxinal do Céu, um centro de capacitação de professores no Paraná. Falando com especialistas em educação, soube que os cursos de formação a distância cresciam no país e essa era uma das principais preocupações desses estudiosos. Quando fui vender a matéria da capacitação para minha editora, comentei sobre a graduação a distância como um plano B, caso a primeira idéia também caísse. Ela gostou e investimos nessa história.

Ninguém sabe, ninguém viu

O primeiro passo para escrever sobre graduação em pedagogia era saber os números que pudessem dar uma dimensão da questão. Pedi ao MEC e à Associação Brasileira de Ensino a Distância e eles não tinham o que eu procurava, que era o número, separado por curso e por instituição, de matriculados e formados a distância.

Fiquei dias envolvida com essa busca. Até que, por acaso, procurando o telefone de uma faculdade no Google, caí na página do Inep que informava quais cursos cada instituição oferecia. Esse problema estava, então, resolvido. Mas não o número de matriculados.

Mil telefonemas

Para saber quantos matriculados o curso teve nos últimos três anos, liguei para 50 faculdades. Para falar com algumas delas demorei três dias -- precisava explicar o que eu queria, saber com quem falar, explicar de novo, receber outra indicação de entrevistado, ouvir que retornariam em uma hora e nunca receber o telefonema...

nem todos quiseram passar o dado, mas a maioria divulgou.

Por que mudou?

Aconteceu uma vez de, em um setor, receber a informação "x". Ao falar em outro e conversar com uma pessoa com cargo mais importante, a informação virou "y". Essa foi a conversa:

- Quanto tempo dura o curso na instituição de vocês?

- Quatro anos.

- A informação que eu tive é que o curso dura três anos.

- Informação errada. A primeira turma que começou foi de três anos. Agora não.

- Então a pessoa que faz vestibular agora...

-... demora quatro anos para se formar.

- Estou abrindo agora o site, está dizendo que o quarno ano é optativo. As pessoas precisam fazer três anos, o quarto não são obrigadas a fazer. É isso?

- Isso.

Busca por personagens

Encontrar personagens para a matéria não foi fácil. Depois que assisti a uma aula em uma instituição e visitei outra, ficou mais fácil, mas as pessoas não queriam que o nome fosse publicado. Poucas alunas aceitaram se identificar. Com isso, minha idéia de publicar uma foto de uma aluna não deu certo.

Zero entrevistas em um evento

Em uma noite, fui a um evento sobre o tema que pesquisava e, como tive a impressão de que não era sobre o que eu queria focar na matéria, não entrevistei ninguém na hora. Já era 22h30, peguei o contato de duas fontes com quem queria conversar e fui embora. Dia seguinte, minha editora diz: "como assim você não entrevistou ninguém?"

Dado velho, mas importante

Depois de dias, consegui um dado importante no Inep. Existia um censo da educação a distância, feito em 2005. Os dados não eram exatamente o que eu precisava, mas ajudaram.

A arte vem [viria] primeiro

Demorei dias para terminar o texto da arte, que dependia da apuração com as 50 instituições de ensino. A arte deveria ter vindo primeiro. Como deixei para a última hora, não tive o tempo que gostaria para mexer com ela.

O dia em que a arte caiu

Além da arte que entrou no jornal do treinamento, planejei outra, que dependia 100% de uma fonte. Era uma das melhores fontes que tinha, mas mesmo assim, no dia do meu fechamento, a fonte faltou à uma entrevista e, por telefone, disse que não poderia mais ajudar.

Conte tudo em 70 linhas. E agora em 18

Foi muito complicado fechar o texto no tamanho em que estava programado para sair no jornal do treinamento: 70 linhas. Cortei muito. Na véspera que ele saísse no jornal, tive que transformar em um texto de 18 linhas. Difícil.

BLOG

BATE-PAPO PRÊMIOS ESPECIAL
Patrocínio

Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player


Philip Morris
AMBEV


Copyright Folha de S. Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).