Treinamento Folha   Folha Online
   
Novo em Folha 44ª turma
12/12/2007

O senhor do casarão

DA EQUIPE DE TREINAMENTO

Guardião da residência mais antiga da Paulista luta para mantê-la preservada Adolpho Rodrigues, que viu o desaparecimento de casas antigas da avenida, faz, por conta própria, peças para recuperar o lugar onde vive

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Adolpho Rodrigues abre a porta da sala de jantar do casarão
Adolpho Rodrigues abre a porta da sala de jantar do casarão

À primeira vista, o casarão número 1.919 da Paulista parece estar abandonado. Mas os muros pichados e sujos do lugar abrigam histórias das famílias da avenida, relembradas com satisfação por Adolpho Rodrigues, que vive há 40 anos na região, 11 deles na casa.

Ele mora sozinho no palacete de aproximadamente 1.200 metros quadrados e 29 cômodos. Construída em 1905, a residência é a única que restou da época do surgimento da Paulista e, por isso, foi tombada em 1992 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo).

A fachada da casa começa a mostrar os sinais da idade, e "seu Machado", como Rodrigues é conhecido na região, se esforça para mantê-la inteira.

Por conta própria, ele fabrica peças de gesso para repor as que se soltam das paredes, trabalho que aprendeu no Liceu de Artes e Ofícios, aos 16 anos.

Machado deixou a cidade de Governador Valadares (MG) aos dez anos, sozinho, em busca de um primo de São Paulo.

Passou por apertos na cidade grande. No primeiro mês, dormiu nas ruas. Depois, foi encontrado por uma assistente social e levado até a casa do parente que procurava. Passou a ajudá-lo em pequenos trabalhos _foi engraxate, lavador de carros e jardineiro de casarões. Aos poucos, criou vínculos com os moradores.

"Eu e uma molecada íamos a um convento de freiras buscar pão e sentávamos no portão do Ciccillo Matarazzo para comer. Um dia, ele chegou de carro e falou: 'Ragazzo, que tu estás a comer?'. Aí ele entrou, voltou com mais de um quilo de mortadela cortada e comeu junto com a gente", relembra, rindo.

Ao longo de seus 51 anos, Machado percorreu prédios importantes da história de São Paulo, que hoje estão tombados. Estudou no colégio Rodrigues Alves e fez peças de gesso para o Theatro São Pedro. Mas também acompanhou a derrubada de muitos imóveis que marcaram sua infância.

Da época, ele guarda, além das histórias, uma coleção com cerca de 5.000 cartões postais que foram mandados e recebidos desde 1920, coletados durante as demolições das casas. Para ele, essa é uma forma de manter-se próximo dos personagens de sua história. (KARIN BLIKSTAD E TALITA BEDINELLI)

BLOG

BATE-PAPO PRÊMIOS ESPECIAL
Patrocínio

Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player


Philip Morris
AMBEV


Copyright Folha de S. Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).