12/12/2007
Centro cultural é só promessa há 30 anos
LUCAS FERRAZ
DA EQUIPE DE TREINAMENTO
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Se promessas valessem, há 30 anos a vila Itororó deveria ter começado a se transformar em um centro de gastronomia e cultura. O projeto, anunciado pela prefeitura paulistana, continua na prancheta.
A reforma segue os passos lentos do tombamento: iniciado em 1982, foi concluído 23 anos depois, em 2005. Em 2006, o local foi decretado como de "utilidade pública".
A promessa era em seis meses solucionar o "problema" dos moradores a obra terminaria em um ano e meio. Quase dois anos depois, além de nada ter mudado, se agravou o estado de conservação dos casarões objetos e esculturas da vila foram furtados ou danificados.
Antônia Cândido, 45, moradora do Itororó há 27 anos, preside a Amavila, a associação dos moradores, e encabeça um movimento para tentar garantir o direito de permanência deles.
Erguida na década de 20 por um tecelão português, que juntava pelas ruas sobras de outras construções, a vila está encravada entre quatro ruas na Bela Vista e é propriedade de uma fundação que mantém um hospital em Indaiatuba.
Mas os moradores pretendem pedir na Justiça a propriedade das casas, por usucapião. "Não é justo ter uma casa, uma história, e de repente não ter direito a mais nada. Estão passando por cima dos direitos de moradia e de escolha", diz Cândido.
Já Irene Coliccho, moradora da vila há 11 anos, quer outro lugar para viver. Ela, no entanto, reclama das condições de negociação com o poder público. "Concordo e apóio a preservação do patrimônio histórico. Mas e o patrimônio humano, como fica?", questiona.
O Estado negocia a saída dos moradores por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, que está reformando um prédio para recebê-los. Não há previsão de quando ficará pronto.
A Secretaria Municipal de Cultura diz que o centro cultural só será implantado quando os moradores saírem.