Vírus gigante e célula plástica são para ver com as mãos

Em prédio tombado, Centro de Memória do Instituto Adolfo Lutz expõe peças que podem ser tocadas pelos visitantes; deficientes visuais são principal alvo

O poliedro suspenso por fios metálicos mais parece uma maquete de nave espacial.

Lembra a Soyuz, que levou o primeiro brasileiro para fora da Terra, em 2006.

Mas nada tem de miniatura.

Trata-se da versão gigante de um vírus feito de papel, plástico e clipes, que faz parte do Centro de Memória do Instituto Adolfo Lutz _no quadrilátero da saúde (veja arte ao lado).

Além de expor microscópios e outros aparelhos do princípio da medicina em São Paulo, o Lutz dá uma aula de saúde por meio do toque.

São "obras" que podem ser apalpadas _uma excentricidade para um museu.

Além do vírus gigante, pode-se pôr a mão numa cesta de hemáceas feitas com massa de modelar, tocar a estrutura de plástico que imita uma célula, acariciar o rosto de Adolpho Lutz, escrito em braile numa folha de cartolina.

A exposição, que ainda não é permanente, tem mais de 20 peças que explicam o elementar por trás da pesquisa em saúde: o corpo humano e tudo que o compõe, ajuda ou adoece.

Nesse misto de museu e galeria de arte, enxergar a obra é tão dispensável que os deficientes visuais estão entre os visitantes mais assíduos.

"O museu que se visita com as mãos para trás acabou", afirma Silvana Campos da Rocha Calixto, 46, bióloga, museóloga e co-autora de todas as peças, ao lado de um colega de profissões, Pedro Antonio Federsoni Junior, 60.

Eles se dedicam à visita monitorada e à confecção das peças, feitas de materiais como isopor, papel, entre outros.

Mas num lugar que tem como público pessoas com algum tipo de deficiência, ainda não há rampa de acesso para quem usa cadeira de rodas.

Está em estudos a construção de uma rampa no subsolo para permitir o acesso de cadeirantes. (PAULO HENRIQUE RODRIGUES E TANIELE RUI)