12/12/2007
Disputa judicial marca tombamento da casa de Marieta
O processo de tombamento da Residência de Marieta Teixeira de Carvalho gerou conflitos do Condephaat tanto com os herdeiros dela quanto com o mosteiro de São Bento, proprietário do imóvel.
O mosteiro contestou o tombamento com o argumento de que impediria a construção de uma entrada para automóveis para carga e descarga de mercadorias no mosteiro.
A ordem religiosa pediu a desclassificação do imóvel como de importância histórica e artística para que pudesse "desfrutar na plenitude de sua propriedade".
Como proprietário do imóvel, o mosteiro teria prazo de 15 dias para recorrer da medida. A manifestação foi posterior a esse prazo e o processo de tombamento continuou a correr.
Tombamento da mobília
Já a briga com os herdeiros de Marieta foi pela abrangência do tombamento. Como a casa continha móveis antigos intactos há décadas, o Condephaat defendia que o mobiliário tinha valor histórico e não deveria ser retirado.
Os herdeiros, segundo o inventário, são 31 pessoas e entidades. Eles discordaram da inclusão dos móveis no tombamento e disseram que o processo não tinha valor legal, já que não houve a notificação de todos os beneficiários.
O Estado conseguiu suspender uma vez o leilão dos bens, mas os herdeiros recorreram e os leiloaram em 1977.
Relevância histórica
Os móveis se foram, mas restaram a senzala no porão, as ferragens antigas e as marcas de carroça nos trilhos do portão como resquícios do século 19.
Marieta manteve a casa intacta após a morte do pai, o senador Carlos Teixeira de Carvalho. Segundo o parecer do professor Carlos Lemos, anexado ao processo de tombamento, até mesmo a garrafa de conhaque pela metade usada pelo senador foi preservada.
Marieta morou até o final da vida na residência da rua Florêncio de Abreu. Morreu solteira aos 92 anos, em 1975. O imóvel pertencia ao mosteiro de São Bento desde 1968, mas o contrato de permuta permitiu que ela ficasse na casa enquanto vivesse.