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Sono
04/12/2004

Um em cada três paulistanos tem insônia

PAULA LEITE
THIAGO REIS
Da equipe de trainees

Um em cada três paulistanos sofre de insônia e 28% dormem mal, revela pesquisa Datafolha sobre o sono na cidade de São Paulo. O número de insones equivale a 3,2 milhões de pessoas. Embora, na média, o paulistano durma sete horas e seis minutos menos do que o considerado satisfatório por médicos , 65% dizem dormir o suficiente e outros 7%, mais que o suficiente.

A vida urbana piora a qualidade do sono, afirma o médico Ronaldo Guimarães Fonseca, da Unesp (Universidade Estadual Paulista). "As pessoas cada vez mais levam trabalho para casa. A jornada fica maior e o indivíduo dorme menos. A sociedade estimula a privação de sono."

Este caderno mostra que a rotina descrita pelo médico chega a atingir até as crianças. Dentre os adultos, os que apresentam mais problemas de insônia são os separados.

Os dados do Datafolha mostram que as mulheres de 41 anos ou mais, divorciadas, com filhos e com renda abaixo dos R$ 1.300 compõem o perfil dos que enfrentam mais problemas na hora de dormir. Quem dorme melhor são os homens de 16 a 25 anos, sem filhos e com renda familiar acima de R$ 2.600.

As mulheres são as mais atingidas pela insônia que os homens: 35% delas têm o problema, contra 25% deles.

Para especialistas em sono, a culpa é dos hormônios. O médico Sérgio Tufik, presidente do Instituto do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Sociedade Brasileira do Sono, diz que, por causa da variação hormonal, há dias em que a mulher fica mais sensível ao estresse e à insônia.

Entre os homens, os grandes problemas são a apnéia (pequenas paradas respiratórias durante a noite) e o ronco, que atrapalham o sono. Às vezes, como mostra reportagem do caderno, o problema do marido incomoda a mulher a ponto de causar dores.

Ganhar menos também parece atrapalhar o sono, de acordo com a pesquisa. Entre as pessoas com renda abaixo dos cinco salários mínimos, 32% têm insônia. A porcentagem é a mesma para quem ganha mais de 5 a 10 salários mínimos, mas cai para 21% entre os que ganham mais de dez salários mínimos. Medo de perder o emprego, da violência e de faltar comida em casa são fatores que levam os mais pobres à insônia, diz Tufik.

Envelhecimento

A pesquisa mostra ainda que o sono piora com a idade. Entre as pessoas com mais de 41 anos, 37% afirmam ter insônia. Os números para insônia caem para 32% na população de 26 a 40 anos e para 19% na de 16 a 25 anos.

"Quando as pessoas envelhecem, ficam deprimidas. Isso pode dar alteração no sono", afirma a psicóloga Magdalena Ramos. Tufik diz que o sono também piora porque a incidência de problemas respiratórios aumenta.

No caso dos homens, isso acontece porque seus músculos ficam fracos e eles costumam engordar, fatores ao aumento de apnéia e de ronco.

As mulheres têm uma proteção natural dos hormônios, que impede que seus músculos fiquem flácidos até a menopausa, quando há uma queda dos hormônios, diz Tufik. Elas passam então a ter mais problemas de apnéia e ronco. Segundo o médico Flávio Alóe, do Hospital das Clínicas, na pós-menopausa, por causa da queda nos hormônios, a ansiedade e a depressão são maiores e provocam uma piora da qualidade do sono.

Sono recuperado

Os médicos discordam quando o assunto é recuperar o sono no final de semana. Alóe considera a prática errada. Para ele, isso implica uma série de problemas a curto e a longo prazo, que refletem no metabolismo. "Não é dormindo 11 horas da sexta pro sábado e do sábado pro domingo que você recupera o que não dormiu de segunda a quinta."

Tufik diz o contrário. Segundo ele, uma pessoa que tem seis horas de sono por noite durante a semana pode compensar dormindo algumas horas a mais nos dias de folga. "É ótimo. O sono é facilmente recuperável", diz.
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