Chapada Diamantina - São João
Eduardo Asta/Folha Imagem
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Fogueiras iluminam rua de Lençóis, na Bahia, no dia de São João |
JANAINA FIDALGO
da Folha Online
Nem Natal nem Réveillon. A festa mais esperada pelos nordestinos, em especial os que moram no interior, é a de São João. Na Chapada Diamantina não é diferente. Com fogueiras iluminando as ruas, bandeirolas colorindo as fachadas, muita música e os tradicionais quitutes juninos, as cidades da região comemoram o dia do santo, considerado o protetor dos casados e dos enfermos.
A tradição de acender fogueira na véspera de São João, dia 23 de junho, é antiga. Diz-se que as primas Isabel e Maria estavam grávidas e, por morarem longe uma da outra, combinaram que primeira a dar à luz acenderia uma fogueira. A promessa foi cumprida por Isabel quando seu filho João Batista nasceu.
O garimpeiro lençoence Cícero Moraes de Sousa, 80, segue à risca a tradição. “Toda a minha vida acendi fogueiras [no São João]”, conta, sentado na calçada de sua casa esperando o momento para atear fogo à pilha de lenha.
Enquanto as ruas de Lençóis não são iluminadas pelas fogueiras, quadrilhas e grupos como o bloco Muquirana, com homens vestidos de mulher, atravessam a cidade. Com trajes caipiras, as crianças divertem-se com “biribinhas”, “chuva-de-prata” e busca-pé.
Antes mesmo da meia-noite, a cidade é tomada pelo fogaréu e em pouco tempo o céu é coberto por uma nuvem de fumaça que chega a irritar os olhos. A comemoração, embalada a forró, atravessa a noite, a madrugada e só termina quando o dia já está claro.
Mucugê
Nesta simpática cidade, a população se mobiliza e enfeita as casas com flores, fogueiras, bandeiras e personagens de papel colorido. As praças viram cenário para casamentos caipiras, nos quais os noivos são bonecos de pano. Nos arbustos “florescem” rosas artificiais.
O empenho e as horas de trabalho gastas na decoração são recompensadas: a prefeitura promove um concurso para escolher a casa mais bonita, e o vencedor, além de “fama”, ganha um presente.
Não bastasse o charme junino, Mucugê oferece ainda aos seus visitantes muita música, comidas e bebidas. Bolo de fubá, mungunzá, curau, amendoim e milho cozido são iguarias encontradas, a preços populares, nos quiosques.
Há quem diga, no entanto, que as músicas tocadas nas festas de São João da região já não são mais as mesmas. O pé-de-serra, forró autêntico com sanfona, triângulo, zabumba e pandeiro, perdeu espaço para grandes grupos que lembram os trios-elétricos de Carnaval.
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