Jalapão - Korubo
Janaina Fidalgo/Folha Imagem
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Toyota cruza cerrado do Jalapão e ajudante do Korubo prepara o almoço |
JANAINA FIDALGO
da Folha Online
Se você é daquelas pessoas que fica arrepiada de ouvir falar ou de pensar na possibilidade de acampar, é melhor começar a rever seus conceitos. Acampar não significa, necessariamente, tomar banhos gelados, dormir no chão e jantar macarrão instantâneo e enlatados.
No Jalapão, apesar de toda rusticidade, um dos dois meios de hospedagem é um acampamento nada despreparado: o Korubo -nome de uma tribo do médio Amazonas que não aceita contato com os homens.
Instalado numa área de 15 mil m2, às margens do rio Novo, o acampamento da Korubo Expedições tem uma superestrutura, capaz de hospedar os turistas com uma dose de conforto inesperada, mas sem excluir a graça e surpresas que o contato com a natureza reservam.
O conforto começa pelo sono. Cada uma das oito tendas abriga duas pessoas, acomodadas em camas individuais de armar (com lençol). Na "sacada" de cada tenda, uma "lona-tapete" segura a areia do lado de fora e mantém a limpeza nas barracas.
O banheiro e o banho, itens que tiram a tranquilidade de quem não está acostumado a acampar, não são problema no Korubo. Os dois banheiros, protegidos por uma lona, são dotados de sanitários químicos, iluminação (a lâmpada é alimentada por uma bateria) e "lavatório". Os resíduos humanos são tratados por produtos químicos liberados pela "descarga". Do lado de fora da "barraca-sanitário", pendurada numa árvore, uma grande bolsa d'água com torneirinha faz as vezes de lavatório.
A ducha é outra instalação que chama atenção. Durante o dia, bolsas plásticas com dez litros de capacidade, abastecidas com água do rio Novo, ficam expostas ao sol para aquecer. Na hora do banho, fazem o papel de caixa d’água, garantindo banho morno mesmo sem haver energia elétrica. A única preocupação do viajante, nesse caso, é acrescentar à bagagem toalha de banho.
Quem quiser tirar um cochilo ao ar livre ou ler um pouco durante o dia pode aproveitar a tranquilidade e a paz do local numa das redes estendidas na área do camping.
Mas são as mãos do goiano Rafael Marinho que garantem a melhor surpresa da estadia no acampamento: as refeições. Pouco importa o local onde é montada a cozinha de Rafael, que está mais para chef que para cozinheiro. Seja na pequena tenda à margem do rio Novo, onde fica o acampamento, ou nas cozinhas improvisadas perto das atrações do Jalapão, o sabor dos pratos é inquestionável. Até mesmo o pãozinho de queijo servido de manhã e a tapioca que mata a fome da madrugada têm gosto especial.
O café da manhã é servido em uma "tenda-refeitório" montada ao lado da "cozinha". No cardápio, quitutes como pão de queijo recém-saído do forno, requeijão, suco e leite. Já o almoço é servido perto das atrações do roteiro devido à distância do acampamento. Na cachoeira da Formiga, por exemplo, a equipe da Korubo Expedições aproveita um pequeno cômodo com fogão à lenha, numa casa da região, para montar sua estrutura. Lá, Rafael prepara um farto almoço, que inclui pratos como carne ao molho de vinho, purê de aipim, arroz e salada, além de suco natural de acerola.
Safári
Com estrutura semelhante a dos safári da África, a Korubo Expedições conta, além do alojamento fixo, com um caminhão Mercedez adaptado para transportar 18 pessoas em bancos reclináveis. Nele há também geladeira, freezer e cabines individuais com chave. Por meio de uma abertura no teto, os passageiros podem admirar a fauna e a flora durante os longos caminhos do Jalapão.
Outro meio de transporte é uma Toyota com bancos adaptados na carroceria. Geralmente é usada em passeios curtos, mas caso a noite caia durante o trajeto, basta descer as lonas que ajudam a manter o vento e a poeira do lado de fora.
Para montar a estrutura da Korubo Expedições, que opera de maio a setembro no Jalapão e de outubro a março nos Lençóis Maranhenses, o ex-operador da Bolsa de Valores Luciano Rodrigues Cohen, 37, investiu R$ 450 mil.
Em 2001, o acampamento recebeu 70 visitantes no Jalapão e em 2002 (até junho), 50. E para que pensa que os homens são mais aventureiros, Cohen avisa: “No Korubo, 70% dos turistas são mulheres”.



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