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Ilha da Trindade - História


Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Silhueta de morros e picos da Ilha da Trindade, baú de histórias

LUCAS CEMBRANELLI
free-lance para a Folha Online

A ilha de Trindade surgiu há aproximadamente 3 milhões de anos depois de uma série de explosões vulcânicas na extremidade oriental da cadeia de montanhas submarinas localizadas na mesma latitude de Vitória, no Espírito Santo.

Parece muito tempo, mas Trindade é um dos territórios mais jovens do Brasil. A última erupção vulcânica no local ocorreu há aproximadamente 50 mil anos.

O descobrimento da ilha é atribuído ao navegante espanhol João da Nova, que viajava a serviço de Portugal. Em março de 1501 o navegante partiu de Lisboa com destino à Índia, mas o mau tempo e os fortes ventos do Atlântico Sul, próximo da costa africana, obrigaram-no a mudar de rota, o que resultou na descoberta de uma nova porção de terra, que foi chamada Ilha de Assunção.

Território disputado

Um ano após a descoberta, o português Estevão da Gama, durante uma viagem para a Índia, visitou a ilha.

Ignorando a passagem de João da Nova, Estevão deu o nome para as terras de Ilha da Trindade, mantido até hoje. Em 22 de agosto de 1539, o rei de Portugal, Dom João 3º, doou o território para o fidalgo da Casa Real Belchior de Carvalho, que entretanto jamais tomou posse.

Em 1700, o astrônomo inglês Edmond Halley, durante uma expedição para realizar medições magnéticas no Atlântico para o governo inglês, teria se deslumbrado com os contornos e formas impressionantes da ilha, e resolveu tomar posse, desconhecendo a descoberta de Portugal.

Em 1781, a Inglaterra ocupou a ilha com tropas militares.

Sabendo da ocupação, Portugal protestou em Londres. Enquanto o assunto se resolvia pelos canais diplomáticos, em 1783, o vice-rei do Brasil, Luís de Vasconcelos, enviou 150 militares de artilharia de desembarque a bordo da nau “Nossa Senhora dos Prazeres” para expulsar os ingleses. Porém, quando as tropas de portuguesas chegaram, os ingleses já haviam abandonado a ilha, deixando materiais de guerra, como 12 canhões intactos.

Depois da retirada inglesa, Portugal resolveu colonizar a ilha enviando casais de açorianos ao local, munidos de sementes e instrumentos agrícolas. Porém, logo verificaram que o solo era improdutivo e não prestava para a lavoura. Trindade passou a ficar ocupada somente por militares, e serviu de presídio de réus incendiários.

A ocupação perdurou até 1795, quando o Conde de Resende, determinou a desocupação da ilha, que voltou a ficar abandonada.

Propriedade brasileira

Em 1895, a Inglaterra voltou a ocupar Trindade, declarando-na território britânico. Depois de várias tentativas de mediação, os ingleses resolveram recuar e, em agosto de 1896, retirou os sinais de sua posse.

No ano seguinte, o cruzador brasileiro Benjamin Constant dirigiu-se à ilha para a ocupação oficial e definitiva. Foi construído um marco na encosta do morro do Pão de Açúcar, com duas placas comemorativas.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o território serviu de guarnições militares, e logo após ao término dos conflitos foi novamente abandonado. Entre os anos de 1924 e 26, o presidente Artur Bernardes transformou Trindade em um presídio político. Nessa época, foi colocada a imagem Nossa Senhora de Lourdes na gruta que recebe o mesmo nome. Estiveram entre os presos na ilha o patrono da força aérea brasileira, Marechal-do-Ar Eduardo Gomes, e Juarez Távora.

Deflagrada a Segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil voltou a ocupar Trindade militarmente, devido à sua localização estratégica. A ocupação da Marinha durou até 13 de junho de 1945. Em 1950, a ilha foi visitada por uma importante expedição científica, sob a orientação do ministro João Alberto, com a finalidade de planejar uma colonização e construir uma base aeronaval.

Em 1957, a Ilha da Trindade foi ocupada por brasileiros da Marinha com a criação do Poit (Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade), que até hoje protege o território.

Fonte: Arquivo do Navio Graça Aranha - Marinha do Brasil

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