Ilha da Trindade - Tartarugas marinhas
Rogério Cassimiro/Folha Imagem |
| Tartaruga verde encontrada na costa da Ilha da Trindade, onde há desova |
LUCAS CEMBRANELLI
free-lance para a Folha Online
ROGÉRIO CASSIMIRO
editor de imagem da Folha Online
Quem dá um espetáculo à parte na ilha de Trindade é um grupo de tartarugas marinhas que chega à costa. A ilha é o maior ponto de desova da tartaruga verde no Brasil.
As tartarugas tomam conta das praias para depositarem os seus ovos. Nas praias da Tartaruga e de Andradas, a areia é totalmente moldada por grande buracos, cada um de mais ou menos 2 metros de diâmetro, feitos pelas fêmeas para abrigar seus ninhos.
As fêmeas medem cerca de 1m20 e pesam em média 250 quilos, podendo atingir até 350 quilos. Em cada noite, uma tartaruga coloca em média 130 ovos, mas segundo dados do Tamar (Projeto Tartarugas Marinhas), já foram vistos ninhos com apenas 16 ou até 240 ovos.
É durante a noite que o espetáculo começa, pois a escuridão protege os animais dos obstáculos que irão enfrentar para garantir a sobrevivência da espécie.
Os principais obstáculos à sobrevivência das tartarugas marinhas são os predadores. Entre os meses de janeiro e julho, depois de 45 a 60 dias chocando na areia, os filhotes começam a quebrar os ovos, iniciando a caminhada pela vida.
As tartaruguinhas têm de caminhar da areia até o mar para fugir do ataque dos caranguejos. Em Trindade, elas travam uma guerra desigual, devido à quantidade de crustáceos na costa. Os caranguejos são o primeiro obstáculo a enfrentarem.
Os filhotes precisam chegar até a água antes do amanhecer, pois com a claridade, dificilmente sobreviverão ao ataque de aves ou ao calor do sol. Em água, ainda não estão totalmente salvos, já que têm de fugir da fome dos peixes, de tubarões e de outros predadores.
A luta pela sobrevivência da espécie impressiona e comove. Estima-se que, de cada mil tartarugas nascidas, apenas uma ou duas chegarão à idade adulta.
O senso de orientação dos animais é impressionante. Esta espécie de tartaruga verde se alimenta de algas e, por isso, é encontrada em grande quantidade no litoral brasileiro. Quando atinge a idade adulta (20 a 25 anos), a espécie vive dispersa na imensidão dos mares e sabe exatamente o momento e o local da reunião para reprodução. Nessa época, as tartarugas verdes viajam longas distâncias para retornarem às ilhas oceânicas onde nasceram para iniciar a desova.
Tamar
O Projeto Tamar funciona há 21 anos e, atualmente, o projeto Tartarugas Marinhas atua em 20 bases distribuídas por oito Estados da costa brasileira. A principal função do projeto é pesquisar o comportamento e elaborar ações para preservar as espécies, que servem para orientar o homem na redução dos efeitos nocivos no ambiente em que vivem os animais, como a pesca, a iluminação artificial e o tráfego de veículos nas áreas de desova.
Para facilitar as pesquisas, as tartarugas encontradas na costa são marcadas com grampos de identificação, possibilitando o acompanhamento do crescimento e das rotas do animal.
Nas principais bases, pontos de desova e de alimentação, o Tamar mantém algumas espécies em cativeiro, que servem para estudos e principalmente para divulgação da importância do projeto e a conscientização da comunidade.
Na Ilha da Trindade, o Tamar não mantém possui uma base fixa. Biólogos e pesquisadores acompanham as viagens da Marinha para realizarem pesquisas no local, considerado um dos maiores pontos de desova da tartaruga verde no Brasil.
Como não podem morar na ilha, os pesquisadores coletam dados biológicos das espécies e do local e retornam para o continente juntamente com os militares que realizam operações em Trindade.
Para saber mais sobre as pesquisas e o trabalho de preservação do Projeto Tamar, acesse www.tamar.org.br/tartas.htm.
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