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07/04/2003
-
06h15
da Folha de S.Paulo, no Jalapão
O Jalapão, um deserto que já foi mar, é praticamente selvagem. Foi essa característica que levou o cineasta Cacá Diegues a escolher a região para filmar o seu "Deus é Brasileiro". O lugar tinha que ser praticamente intocado pela ação humana e com características "divinas", descrição em que o deserto se encaixava perfeitamente.
Um dos mais novos destinos do ecoturismo do Brasil, o Jalapão acabou sendo o cenário ideal para as cenas em que Deus (Antônio Fagundes) encontra o seu candidato a santo (Bruce Gomlevsky). A combinação de cerrado, savana, dunas, platôs, rios e cachoeiras deixa qualquer um extasiado.
Para conhecer a região, que tem a menor densidade populacional do Estado -1,3 habitante por quilômetro quadrado-, no entanto, é preciso estar disposto a se livrar de alguns luxos da vida urbana, como o uso de celulares e o conforto de estradas asfaltadas.
É preciso paciência para enfrentar algumas horas chacoalhando em caminhonetes 4x4, que percorrem longas distâncias em estradas de terra bastante esburacadas. Os mosquitos também teimam em incomodar os turistas, mesmo com o uso de repelentes.
Mas tudo isso vale a pena quando a recompensa são paisagens com dunas de coloração alaranjada, que podem chegar a até 40 m de altura, cortadas por rios e lagos, e com a serra do Espírito Santo e seus platôs ao fundo. Animais como lobos-guarás, raposas, gaviões, emas, seriemas e veados-mateiros recepcionam o turista.
Para chegar ao Jalapão é preciso pegar um avião até Palmas, capital do Tocantins, e de lá seguir de carro para o deserto.
A viagem pelo asfalto dura cerca de 90 minutos. Segue-se, então, por mais uma hora e meia em estrada de terra até Ponte Alta, a primeira das oito cidades que compõem a região do Jalapão, a 189 km de Palmas.
A partir daí, os traços de civilização começam a sumir. O que se vê são apenas os postes de luz que acompanham a estrada de terra vermelha aberta no meio do cerrado. À margem das subidas e descidas do caminho, a vegetação rasteira, a perder de vista, só é interrompida por inúmeros platôs. Muita poeira e solavancos depois, o turista chega à pousada e, após um descanso, já começa a explorar a região.
Passeios
A cachoeira da Velha é uma queda-d'água com cerca de 25 m de altura, em formato de ferradura, por onde corre o rio Novo. Com um pouco de sorte, um arco-íris completa a paisagem.
Seguindo pelo rio, chega-se à prainha do Rio Novo, de águas calmas e
areia branca e fofa, onde se pode descansar e aproveitar o banho tranquilo. O único inconveniente são os mosquitos que parecem não dar trégua nunca.
Uma visão que foi escolhida como locação de "Deus é Brasileiro" são as dunas alaranjadas, formadas em milhares de anos com a erosão dos platôs vizinhos. Rios e pequenas lagoas completam o cenário, ideal para ser visto no nascer ou no pôr-do-sol, quando o céu se tinge de vermelho, encerrando a combinação de cores.
Um pouco mais adiante, está o fervedouro, uma piscina de pouco mais de 20 m2 de água cristalina e morna e areia branquíssima, cercada de bananeiras.
A piscina é, na verdade, uma nascente de rio. O convite à brincadeira, feito pelos guias locais, faz parte do passeio. O turista é incentivado a andar sem parar até o meio da lagoa. Antes que consiga, é pego de surpresa ao afundar de repente na areia e, logo depois, ser lançado de volta à superfície.
É impossível ficar em pé e com o corpo ereto. A ressurgência das águas impede que se afunde, e a sensação é de estar flutuando.
Outra atração próxima dali é a cachoeira do Formiga. A pequena queda-d'água impressiona pelos seus tons de verde e azul, acentuados pela areia branca do fundo.
Foi por conta dessas belezas naturais que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) decidiu criar, no ano passado, o primeiro corredor ecológico no cerrado, do qual o Jalapão faz parte.
O deserto, que tem temperatura média anual de 30C, é considerado uma das principais áreas de conservação do cerrado. O volume de água que concentra, suas chapadas e a extensão de seus rios o fizeram ficar conhecido como o "oásis do deserto".
Sabrina Petry viajou a convite do Estado do Tocantins.
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SABRINA PETRYda Folha de S.Paulo, no Jalapão
O Jalapão, um deserto que já foi mar, é praticamente selvagem. Foi essa característica que levou o cineasta Cacá Diegues a escolher a região para filmar o seu "Deus é Brasileiro". O lugar tinha que ser praticamente intocado pela ação humana e com características "divinas", descrição em que o deserto se encaixava perfeitamente.
Um dos mais novos destinos do ecoturismo do Brasil, o Jalapão acabou sendo o cenário ideal para as cenas em que Deus (Antônio Fagundes) encontra o seu candidato a santo (Bruce Gomlevsky). A combinação de cerrado, savana, dunas, platôs, rios e cachoeiras deixa qualquer um extasiado.
Chiaki Karen Tada/Folha Imagem |
Paisagem do Jalapão, com dunas e platôs. Clique aqui para ver mais fotos |
Para conhecer a região, que tem a menor densidade populacional do Estado -1,3 habitante por quilômetro quadrado-, no entanto, é preciso estar disposto a se livrar de alguns luxos da vida urbana, como o uso de celulares e o conforto de estradas asfaltadas.
É preciso paciência para enfrentar algumas horas chacoalhando em caminhonetes 4x4, que percorrem longas distâncias em estradas de terra bastante esburacadas. Os mosquitos também teimam em incomodar os turistas, mesmo com o uso de repelentes.
Mas tudo isso vale a pena quando a recompensa são paisagens com dunas de coloração alaranjada, que podem chegar a até 40 m de altura, cortadas por rios e lagos, e com a serra do Espírito Santo e seus platôs ao fundo. Animais como lobos-guarás, raposas, gaviões, emas, seriemas e veados-mateiros recepcionam o turista.
Para chegar ao Jalapão é preciso pegar um avião até Palmas, capital do Tocantins, e de lá seguir de carro para o deserto.
A viagem pelo asfalto dura cerca de 90 minutos. Segue-se, então, por mais uma hora e meia em estrada de terra até Ponte Alta, a primeira das oito cidades que compõem a região do Jalapão, a 189 km de Palmas.
A partir daí, os traços de civilização começam a sumir. O que se vê são apenas os postes de luz que acompanham a estrada de terra vermelha aberta no meio do cerrado. À margem das subidas e descidas do caminho, a vegetação rasteira, a perder de vista, só é interrompida por inúmeros platôs. Muita poeira e solavancos depois, o turista chega à pousada e, após um descanso, já começa a explorar a região.
Passeios
A cachoeira da Velha é uma queda-d'água com cerca de 25 m de altura, em formato de ferradura, por onde corre o rio Novo. Com um pouco de sorte, um arco-íris completa a paisagem.
Seguindo pelo rio, chega-se à prainha do Rio Novo, de águas calmas e
areia branca e fofa, onde se pode descansar e aproveitar o banho tranquilo. O único inconveniente são os mosquitos que parecem não dar trégua nunca.
Uma visão que foi escolhida como locação de "Deus é Brasileiro" são as dunas alaranjadas, formadas em milhares de anos com a erosão dos platôs vizinhos. Rios e pequenas lagoas completam o cenário, ideal para ser visto no nascer ou no pôr-do-sol, quando o céu se tinge de vermelho, encerrando a combinação de cores.
Um pouco mais adiante, está o fervedouro, uma piscina de pouco mais de 20 m2 de água cristalina e morna e areia branquíssima, cercada de bananeiras.
A piscina é, na verdade, uma nascente de rio. O convite à brincadeira, feito pelos guias locais, faz parte do passeio. O turista é incentivado a andar sem parar até o meio da lagoa. Antes que consiga, é pego de surpresa ao afundar de repente na areia e, logo depois, ser lançado de volta à superfície.
É impossível ficar em pé e com o corpo ereto. A ressurgência das águas impede que se afunde, e a sensação é de estar flutuando.
Outra atração próxima dali é a cachoeira do Formiga. A pequena queda-d'água impressiona pelos seus tons de verde e azul, acentuados pela areia branca do fundo.
Foi por conta dessas belezas naturais que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) decidiu criar, no ano passado, o primeiro corredor ecológico no cerrado, do qual o Jalapão faz parte.
O deserto, que tem temperatura média anual de 30C, é considerado uma das principais áreas de conservação do cerrado. O volume de água que concentra, suas chapadas e a extensão de seus rios o fizeram ficar conhecido como o "oásis do deserto".
Sabrina Petry viajou a convite do Estado do Tocantins.
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