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25/08/2003
-
03h51
"A senhora era parteira? Era não, eu sou parteira. Pode trazer a mulher aqui que eu faço o parto. Mas hoje todo mundo quer ir para o hospital. O pessoal tem muito orgulho e só quer grã-finagem. Ninguém mais quer parteira nem remédio do mato." O diálogo com Joana Francisco Maia, 108 (a idade foi indicada por parentes embora ela não tenha documentos que a comprovem), moradora na comunidade calunga do Engenho 2, demonstra que algumas tradições estão se perdendo.
Os calungas conservaram seu modo tradicional de vida principalmente porque se mantiveram de certo modo isolados por muitos anos. Aprenderam a conhecer as plantas que servem de remédio com índios, de acordo com alguns habitantes.
A vassourinha e a folha de manga são usadas contra dor de barriga. A folha de laranja e o capim-de-cheiro, contra a febre da gripe. A folha de limão, contra dor de garganta (ou, como dizem as crianças da região, para tratar "espinho na goela"). A folha do algodão e a aroeirinha são antiinflamatórios, e a folha da goiabeira combate disenteria.
"Muita coisa mudou do meu tempo de juventude", lamenta "tia Joana", como é conhecida no local. "Espero que não percam mais as tradições."
Marco Antônio, 24, bisneto dela que tem uma filha com pouco mais de um ano, diz que "não trocaria a comunidade calunga por nenhum outro local".
Joana tem mais de dez tataranetos e é respeitada como uma espécie de autoridade local.
A aldeia tem outros moradores cuja experiência de vida é valorizada. Pedro Ferreira dos Santos, 102, não nasceu no povoado, mas mora ali há quase um século. A família costuma se reunir para ouvi-lo contar histórias, especialmente sobre as festas que promoviam na comunidade. "Comecei no garimpo com nove anos. Tirei muito ouro, mas não enriquei [sic]", conta. Pedro não conhece o nome do presidente brasileiro e nunca votou. "Nunca quis", explica. Sobre a implementação da energia, diz achar ser "muito bom".
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Moradora de 108 anos lamenta mudanças
Especial para a Folha de S.Paulo"A senhora era parteira? Era não, eu sou parteira. Pode trazer a mulher aqui que eu faço o parto. Mas hoje todo mundo quer ir para o hospital. O pessoal tem muito orgulho e só quer grã-finagem. Ninguém mais quer parteira nem remédio do mato." O diálogo com Joana Francisco Maia, 108 (a idade foi indicada por parentes embora ela não tenha documentos que a comprovem), moradora na comunidade calunga do Engenho 2, demonstra que algumas tradições estão se perdendo.
Os calungas conservaram seu modo tradicional de vida principalmente porque se mantiveram de certo modo isolados por muitos anos. Aprenderam a conhecer as plantas que servem de remédio com índios, de acordo com alguns habitantes.
A vassourinha e a folha de manga são usadas contra dor de barriga. A folha de laranja e o capim-de-cheiro, contra a febre da gripe. A folha de limão, contra dor de garganta (ou, como dizem as crianças da região, para tratar "espinho na goela"). A folha do algodão e a aroeirinha são antiinflamatórios, e a folha da goiabeira combate disenteria.
"Muita coisa mudou do meu tempo de juventude", lamenta "tia Joana", como é conhecida no local. "Espero que não percam mais as tradições."
Marco Antônio, 24, bisneto dela que tem uma filha com pouco mais de um ano, diz que "não trocaria a comunidade calunga por nenhum outro local".
Joana tem mais de dez tataranetos e é respeitada como uma espécie de autoridade local.
A aldeia tem outros moradores cuja experiência de vida é valorizada. Pedro Ferreira dos Santos, 102, não nasceu no povoado, mas mora ali há quase um século. A família costuma se reunir para ouvi-lo contar histórias, especialmente sobre as festas que promoviam na comunidade. "Comecei no garimpo com nove anos. Tirei muito ouro, mas não enriquei [sic]", conta. Pedro não conhece o nome do presidente brasileiro e nunca votou. "Nunca quis", explica. Sobre a implementação da energia, diz achar ser "muito bom".
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