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15/09/2003
-
07h04
Aos 63 anos, um mineiro de Carangola, Zona da Mata de Minas Gerais, tem muita história para contar e disputa com as obras de arte penduradas na parede o posto de principal atração de seu próprio bar, o Bar do Mineiro.
Isso sem contar, claro, com a excelente feijoada, os famosos pasteizinhos e as precisas caipirinhas servidas ali, que também entram no páreo de melhor atração desse simpaticíssimo boteco.
Diógenes Paixão é colecionador de arte e dono de bar e uniu as duas coisas em seu boteco em Santa Teresa, que ostenta nas paredes desenhos e fotos.
Para ouvir as histórias mirabolantes de Paixão, basta ir ao bar num dia em que ele esteja lá, ou seja, quase qualquer um, e ter um pouco de paciência, pois a cada dezena de minutos a conversa pode ser interrompida por alguém que chega para cumprimentá-lo. E ele é um pouco disperso, do tipo que pode esquecer que interrompeu a conversa no meio de um causo.
Apaixonado por artes desde sempre, Paixão era rato de galerias em Salvador, para onde se transferiu quando passou em um concurso público para trabalhar num banco e onde morou por dois anos, até 1965.
Lá, ele largou o banco e passou a labutar como restaurador de obras de arte. Ao partir de Salvador, rumou para o Rio de Janeiro decidido a virar marchand.
Para tocar a nova empreitada, ele tinha em seu poder uma arma valiosa: olhos afiados para reconhecer boas obras.
Nos anos 70, comprou sua primeira tela do italiano Alfredo Volpi (1896-1988). Na época, pagou R$ 500 por ela. Hoje a tela vale quarenta vezes mais do que o mineiro pagou. Além dos quadros do pintor italiano -Paixão tem dezenas dele atualmente-, o mineiro conquistou também sua amizade. Num papo com ele, saem boas histórias sobre a vida de outra pessoa estimada: o paisagista Burle Marx.
Dificilmente quem for ao Bar do Mineiro ou à Casa Um, ambos no bairro de Santa Teresa, irá se arrepender.
Mas para chegar até ali é preciso se informar sobre o caminho a ser feito. Santa Teresa, um dos bairros mais charmosos do Rio, foi afetado pela violência da cidade.
Uma curva fora do trajeto pode levá-lo a vias pouco seguras. No dia em que a reportagem da Folha esteve lá, as entradas para o morro da Coroa, próximo do bairro, eram guardadas por rapazes com rifles na mão.
O que pode parecer motivo para riscar o bairro do roteiro, deve ser visto com ressalva. Há caminhos seguros. A questão é saber exatamente qual rota seguir. Vale ressaltar que a polícia está presente em dois postos na região, na qual viaturas fazem são vistas fazendo ronda frequentemente.
Bar do Mineiro - rua Paschoal Carlos Magno, 99; tel: 0/xx/21/2221-9227.
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Arte tempera comida de boteco
da Folha de S.Paulo, no Rio de JaneiroAos 63 anos, um mineiro de Carangola, Zona da Mata de Minas Gerais, tem muita história para contar e disputa com as obras de arte penduradas na parede o posto de principal atração de seu próprio bar, o Bar do Mineiro.
Isso sem contar, claro, com a excelente feijoada, os famosos pasteizinhos e as precisas caipirinhas servidas ali, que também entram no páreo de melhor atração desse simpaticíssimo boteco.
Diógenes Paixão é colecionador de arte e dono de bar e uniu as duas coisas em seu boteco em Santa Teresa, que ostenta nas paredes desenhos e fotos.
Para ouvir as histórias mirabolantes de Paixão, basta ir ao bar num dia em que ele esteja lá, ou seja, quase qualquer um, e ter um pouco de paciência, pois a cada dezena de minutos a conversa pode ser interrompida por alguém que chega para cumprimentá-lo. E ele é um pouco disperso, do tipo que pode esquecer que interrompeu a conversa no meio de um causo.
Apaixonado por artes desde sempre, Paixão era rato de galerias em Salvador, para onde se transferiu quando passou em um concurso público para trabalhar num banco e onde morou por dois anos, até 1965.
Lá, ele largou o banco e passou a labutar como restaurador de obras de arte. Ao partir de Salvador, rumou para o Rio de Janeiro decidido a virar marchand.
Para tocar a nova empreitada, ele tinha em seu poder uma arma valiosa: olhos afiados para reconhecer boas obras.
Nos anos 70, comprou sua primeira tela do italiano Alfredo Volpi (1896-1988). Na época, pagou R$ 500 por ela. Hoje a tela vale quarenta vezes mais do que o mineiro pagou. Além dos quadros do pintor italiano -Paixão tem dezenas dele atualmente-, o mineiro conquistou também sua amizade. Num papo com ele, saem boas histórias sobre a vida de outra pessoa estimada: o paisagista Burle Marx.
Dificilmente quem for ao Bar do Mineiro ou à Casa Um, ambos no bairro de Santa Teresa, irá se arrepender.
Mas para chegar até ali é preciso se informar sobre o caminho a ser feito. Santa Teresa, um dos bairros mais charmosos do Rio, foi afetado pela violência da cidade.
Uma curva fora do trajeto pode levá-lo a vias pouco seguras. No dia em que a reportagem da Folha esteve lá, as entradas para o morro da Coroa, próximo do bairro, eram guardadas por rapazes com rifles na mão.
O que pode parecer motivo para riscar o bairro do roteiro, deve ser visto com ressalva. Há caminhos seguros. A questão é saber exatamente qual rota seguir. Vale ressaltar que a polícia está presente em dois postos na região, na qual viaturas fazem são vistas fazendo ronda frequentemente.
Bar do Mineiro - rua Paschoal Carlos Magno, 99; tel: 0/xx/21/2221-9227.
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