Publicidade
Publicidade
05/04/2004
-
05h34
da enviada especial da Folha de S.Paulo a Santa Catarina
A água fria do litoral catarinense nesta época não é motivo para deixar de visitar as cidades de Florianópolis ou Governador Celso Ramos, nenhuma das duas atingida pelo ciclone que desabrigou 10 mil pessoas há cerca de dez dias no sul de Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul.
Em qualquer mês, os restaurantes da capital catarinense saciam os mais exigentes glutões, oferecendo muito além dos frutos do mar, embora ainda se destaque a seqüência de camarão, prato com várias versões do crustáceo.
Também a criatividade dos artesãos de Florianópolis e Governador Celso Ramos se manifesta o ano inteiro. Toalhas embelezadas com crivo, um tipo de bordado, e peças de cerâmica retratando os personagens do boi-de-mamão (que lembra o bumba-meu-boi) destacam a influência dos açorianos que se instalaram no Estado de 1748 a 1756.
Também a farra do boi foi herdada dos emigrantes dos Açores. Apesar de proibida por lei, a brincadeira ocorre durante a Quaresma (os 40 dias entre o Carnaval e a Páscoa) e se acentua na Semana Santa, principalmente nas pequenas comunidades, inclusive pertencentes a Florianópolis.
Em Governador Celso Ramos, a 50 km da capital, os habitantes arrecadam dinheiro de casa em casa para comprar o boi de um fazendeiro por um valor entre R$ 800 e R$ 1.200, segundo relato do morador Dauceli Angelo, entusiasta do folguedo. "O boi tem que ser bravo, senão não adianta."
Quando o boi chega, de caminhão, a população se aglomera até que ele seja solto e sai correndo para todos os lados. Em alguns momentos, perseguição se inverte, e é o boi que foge dos homens, ávidos por atiçá-lo, às vezes após consumir gutiá (cachaça de coco).
A brincadeira acaba quando o boi se cansa ou se perde, como um que foi achado morto no mar, preso entre rochas, há duas semanas em Governador Celso Ramos. O animal pode ter dois fins: ele é comprado pelo mesmo fazendeiro que o vendeu, mas agora por um valor inferior, em torno de R$ 400, ou vira churrasco. Porém, segundo os próprios habitantes, a carne fica dura, de boi estressado.
Os defensores da farra do boi alegam que se trata de uma importante manifestação cultural herdada dos Açores que não deve se perder. E acrescentam que os moradores não maltratam o animal. Muitos argumentam que, se a farra do boi acabar, deve-se proibir também os rodeios.
Já os contrários ao ritual, além de se preocuparem com o animal, enfatizam o perigo da farra. Acidentes são provocados quando o boi bate num veículo vindo na direção oposta, e os próprios foliões podem se machucar. Em 20 de março, um adolescente morreu com a chifrada de um boi no pescoço no município de Itapema (SC), dentro de um cercado chamado pelos locais de mangueirão.
Mas a farra do boi está tão enraizada que até as crianças têm suas versões: brincam entre si usando chapéus com chifres ou se divertem com bezerros de verdade.
Maristela do Valle viajou a convite do hotel Torres da Cachoeira, do Palmas Parque Hotel, da Pomptur Turismo e da agência local Aram Tour.
Leia mais
Protagonista do boi-de-mamão ressuscita
Capital de Santa Catarina exige carro ou van
Bar de grife não quer abandonar mercado
Floripa ganhará 1º cinema multiplex
Pacotes para Santa Catarina
Freguês pode comprar cadeira onde sentou na Confraria das Artes
Freguês come cores de Tarsila do Amaral
Bilhetes cobrem parede de bar na praia do Pântano do Sul
Artesã catarinense transforma rede de pesca em xale
Falta de verbas atrasa restaurações em Florianópolis
No verão, artesãs de Governador Celso Ramos devem dar curso de crivo
Hotel-fazenda de SC organiza tour à praia
Responsável por cavalos de hotel-fazenda é ídolo das crianças
Especial
Veja galeria de fotos de Florianópolis
Chefs e artesãos aquecem outono de SC
MARISTELA DO VALLEda enviada especial da Folha de S.Paulo a Santa Catarina
A água fria do litoral catarinense nesta época não é motivo para deixar de visitar as cidades de Florianópolis ou Governador Celso Ramos, nenhuma das duas atingida pelo ciclone que desabrigou 10 mil pessoas há cerca de dez dias no sul de Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul.
Maristela do Valle/Folha Imagem |
Praia da cidade de Governador Celso Ramos, cujos moradores costumam participar da farra do boi |
Em qualquer mês, os restaurantes da capital catarinense saciam os mais exigentes glutões, oferecendo muito além dos frutos do mar, embora ainda se destaque a seqüência de camarão, prato com várias versões do crustáceo.
Também a criatividade dos artesãos de Florianópolis e Governador Celso Ramos se manifesta o ano inteiro. Toalhas embelezadas com crivo, um tipo de bordado, e peças de cerâmica retratando os personagens do boi-de-mamão (que lembra o bumba-meu-boi) destacam a influência dos açorianos que se instalaram no Estado de 1748 a 1756.
Também a farra do boi foi herdada dos emigrantes dos Açores. Apesar de proibida por lei, a brincadeira ocorre durante a Quaresma (os 40 dias entre o Carnaval e a Páscoa) e se acentua na Semana Santa, principalmente nas pequenas comunidades, inclusive pertencentes a Florianópolis.
Em Governador Celso Ramos, a 50 km da capital, os habitantes arrecadam dinheiro de casa em casa para comprar o boi de um fazendeiro por um valor entre R$ 800 e R$ 1.200, segundo relato do morador Dauceli Angelo, entusiasta do folguedo. "O boi tem que ser bravo, senão não adianta."
Quando o boi chega, de caminhão, a população se aglomera até que ele seja solto e sai correndo para todos os lados. Em alguns momentos, perseguição se inverte, e é o boi que foge dos homens, ávidos por atiçá-lo, às vezes após consumir gutiá (cachaça de coco).
A brincadeira acaba quando o boi se cansa ou se perde, como um que foi achado morto no mar, preso entre rochas, há duas semanas em Governador Celso Ramos. O animal pode ter dois fins: ele é comprado pelo mesmo fazendeiro que o vendeu, mas agora por um valor inferior, em torno de R$ 400, ou vira churrasco. Porém, segundo os próprios habitantes, a carne fica dura, de boi estressado.
Os defensores da farra do boi alegam que se trata de uma importante manifestação cultural herdada dos Açores que não deve se perder. E acrescentam que os moradores não maltratam o animal. Muitos argumentam que, se a farra do boi acabar, deve-se proibir também os rodeios.
Já os contrários ao ritual, além de se preocuparem com o animal, enfatizam o perigo da farra. Acidentes são provocados quando o boi bate num veículo vindo na direção oposta, e os próprios foliões podem se machucar. Em 20 de março, um adolescente morreu com a chifrada de um boi no pescoço no município de Itapema (SC), dentro de um cercado chamado pelos locais de mangueirão.
Mas a farra do boi está tão enraizada que até as crianças têm suas versões: brincam entre si usando chapéus com chifres ou se divertem com bezerros de verdade.
Maristela do Valle viajou a convite do hotel Torres da Cachoeira, do Palmas Parque Hotel, da Pomptur Turismo e da agência local Aram Tour.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- De centenárias a modernas, conheça as 10 bibliotecas mais bonitas do mundo
- Legoland inaugura parque temático de artes marciais com atração 3D
- Na Itália, ilha de Ischia é paraíso de águas termais e lamas terapêuticas
- Spa no interior do Rio controla horário de dormir e acesso à internet
- Parece Caribe, mas é Brasil; veja praias paradisíacas para conhecer em 2017
+ Comentadas
Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade
Copyright Folha.com. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicaçao, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha.com.