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03/05/2004
-
02h42
O navio Mare Australis (www.australis.com) faz cruzeiros de Punta Arenas (Chile) a Ushuaia (Argentina) e vice-versa, que passam pelo estreito de Magalhães e pelo canal de Beagle e duram de três a quatro noites. As duas rotas (Punta Arenas - Ushuaia e vice-versa), ambas descritas nessa reportagem, só serão realizadas novamente em setembro.
Ainda em maio, a embarcação faz dois cruzeiros saindo na próxima quinta (6/5) e no próximo domingo (9/5), ambos custando a partir de US$ 490 por pessoa em cabine dupla, valor cerca de US$ 200 mais baixo do que em setembro. Essas viagens duram três noites, começam e terminam em Ushuaia e passam pelo cabo Horn.
O Mare Australis fica parado cerca de quatro meses porque de maio a setembro a região fica praticamente toda congelada.
Os cruzeiros aproximam os passageiros à natureza e, às vezes, entre si. Além disso, são "inteligentes", com palestras de zoologia, geografia e história com pitadas de antropologia, proferidas de maneira profunda, porém leve.
A bordo, desfruta-se de um razoável conforto, sem luxo nem formalidade. Os passageiros desembarcam uma ou duas vezes por dia, em botes, rumo a praias, bosques e geleiras: enquanto provam a aventura, são reduzidos a dimensões mínimas pela paisagem imponente e taciturna.
Os botes infláveis são eficientes e seguros; e os passeios, sempre calculados para que todos participem. Quem tem preguiça relaxa nas praias de pedras.
As refeições têm boa qualidade e um dos pratos principais é o "centollo", um tipo de lagosta que vive na região. Contudo por vezes o passageiro sente falta de algo saboroso e leve, mais em sintonia com o espírito de expedição.
Os vinhos não fazem justiça à qualidade chilena, mas melhoram se forem servidos no decantador, o que pode ser solicitado ao sommelier do navio, Jorge Gonzales.
Ao fazer a reserva, o passageiro deve ter o cuidado de evitar as cabines de proa no segundo piso, pois elas estão em cima da âncora: o barulho é muito forte e, quando o navio pára de madrugada, o despertar pode ser traumático.
Com uma tripulação de 40 pessoas para servir 129 passageiros, a embarcação tem gente de todas as nacionalidades. Mauricio Güelnao, chefe dos guias, fala alemão e, conta ter testemunhado num cruzeiro um encontro entre um americano e um alemão. Ao ajudá-los a se entender, descobriu que eles haviam combatido em Nápoles no mesmo período durante a Segunda Guerra Mundial. O abraço foi longo.
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Palestras e geleiras recheiam cruzeiro
do enviado especial da Folha de S.Paulo à PatagôniaO navio Mare Australis (www.australis.com) faz cruzeiros de Punta Arenas (Chile) a Ushuaia (Argentina) e vice-versa, que passam pelo estreito de Magalhães e pelo canal de Beagle e duram de três a quatro noites. As duas rotas (Punta Arenas - Ushuaia e vice-versa), ambas descritas nessa reportagem, só serão realizadas novamente em setembro.
Ainda em maio, a embarcação faz dois cruzeiros saindo na próxima quinta (6/5) e no próximo domingo (9/5), ambos custando a partir de US$ 490 por pessoa em cabine dupla, valor cerca de US$ 200 mais baixo do que em setembro. Essas viagens duram três noites, começam e terminam em Ushuaia e passam pelo cabo Horn.
O Mare Australis fica parado cerca de quatro meses porque de maio a setembro a região fica praticamente toda congelada.
Os cruzeiros aproximam os passageiros à natureza e, às vezes, entre si. Além disso, são "inteligentes", com palestras de zoologia, geografia e história com pitadas de antropologia, proferidas de maneira profunda, porém leve.
A bordo, desfruta-se de um razoável conforto, sem luxo nem formalidade. Os passageiros desembarcam uma ou duas vezes por dia, em botes, rumo a praias, bosques e geleiras: enquanto provam a aventura, são reduzidos a dimensões mínimas pela paisagem imponente e taciturna.
Os botes infláveis são eficientes e seguros; e os passeios, sempre calculados para que todos participem. Quem tem preguiça relaxa nas praias de pedras.
As refeições têm boa qualidade e um dos pratos principais é o "centollo", um tipo de lagosta que vive na região. Contudo por vezes o passageiro sente falta de algo saboroso e leve, mais em sintonia com o espírito de expedição.
Os vinhos não fazem justiça à qualidade chilena, mas melhoram se forem servidos no decantador, o que pode ser solicitado ao sommelier do navio, Jorge Gonzales.
Ao fazer a reserva, o passageiro deve ter o cuidado de evitar as cabines de proa no segundo piso, pois elas estão em cima da âncora: o barulho é muito forte e, quando o navio pára de madrugada, o despertar pode ser traumático.
Com uma tripulação de 40 pessoas para servir 129 passageiros, a embarcação tem gente de todas as nacionalidades. Mauricio Güelnao, chefe dos guias, fala alemão e, conta ter testemunhado num cruzeiro um encontro entre um americano e um alemão. Ao ajudá-los a se entender, descobriu que eles haviam combatido em Nápoles no mesmo período durante a Segunda Guerra Mundial. O abraço foi longo.
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