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03/05/2004 - 03h10

Descoberta do estreito de Magalhães inclui naufrágio, motim e deserção

do enviado especial da Folha de S.Paulo à Patagônia

Fernão de Magalhães não conseguiu completar a volta ao mundo. Morreu nas Filipinas, quando a parte mais incerta e perigosa de sua viagem já estava superada.

A expedição partiu da Espanha, embora Magalhães fosse português. O navegador propôs a dom Manuel, então rei de Portugal, uma viagem em busca de uma passagem nas Américas que levasse às Índias. Mas o soberano, que sempre muito foi hostil com ele, negou a sua proposta.

O navegador, então, pediu permissão para oferecer sua viagem a outras cortes. E foi autorizado.

Dois anos depois, partiu de Sevilha com cinco embarcações de vela bojuda, leme de madeira e bandeira espanhola.

Sob seu comando, havia espanhóis, portugueses e um veneziano, Antonio Pigafetta, que embarcou por gostar de aventuras. Ao saber da viagem de Magalhães com os espanhóis, dom Manuel tentou impedi-la. Em vão.

Jornada

Magalhães acreditava na existência do estreito, mas não tinha certeza. Quando a tripulação percebeu isso, à medida que o clima e a paisagem endureciam, a situação foi ficando delicada.

Antes de encontrar o estreito, um navio naufragou e um motim teve que ser reprimido. Já no estreito, outro navio foi perdido. Dessa vez a causa foi deserção. Quando o navio desertor chegou à Espanha, sua tripulação se defendeu da denúncia de traição, acusando Magalhães de tê-los traído antes. Enquanto isso, no hemisfério Sul, a expedição levava um mês para vencer o estreito.

A travessia do oceano que apareceu diante deles tomou quase quatro meses. Por sorte, os três navios não encontraram tempestades, e o oceano desconhecido foi batizado de "El Pacifico".

Depois de tantas provações, terra à vista. Magalhães acreditava estar nas ilhas Molucas, mas chegara às Filipinas. Percebido o erro, ele declarou as ilhas como uma nova Província espanhola.

Durante 20 dias, fechou acordos com os chefes locais. Um, porém, não se submeteu a ele. Magalhães decidiu então puni-lo, invadindo a ilha com 60 homens armados. Cálculo errado. A ilha era protegida por recifes.

Os navios não puderam atracar nem atirar à distância. Então desembarcaram 40 homens. Entre eles estavam Magalhães e Pigafetta, que não esperavam encontrar, na praia, cerca de 2.000 guerreiros, ávidos por defender sua ilha.

Quando Magalhães decidiu se retirar, já era tarde. Os inimigos o haviam reconhecido, e ele foi morto. Pigafetta, ferido, voltou para o navio. Sem o capitão, a frota deixou as ilhas às pressas e voltou para a Espanha.

Embora apenas 16 homens tenham conseguido desembarcar em Sevilha, a façanha foi realizada. Mas um detalhe surpreendeu a todos: segundo as contas da tripulação, era quarta-feira. E, em terra, era quinta-feira. Navegando para oeste, perdeu-se um dia. Era a prova que faltava para comprovar que a Terra gira em torno de seu próprio eixo. A cosmografia dos antigos estava superada.

Magalhães foi absolvido das acusações de traição, mas sua fama demorou a ser afirmada.

Os desertores não foram condenados. Talvez para salvá-los, nunca se encontrou uma linha escrita por Magalhães e perdeu-se o original do relato que Pigafetta, sempre fiel ao capitão, entregou ao rei.

Restaram uma cópia do relato do veneziano, que pode ter sido alterada, anotações de alguns pilotos e cartas de dois tripulantes.

O estreito de Magalhães foi esquecido por cerca de 40 anos, até que o corsário Francis Drake o usou como esconderijo para seus ataques. Então foi mandada para lá uma frota conduzida por Sarmiento de Gamboa, mas esse já é o começo de uma outra história.

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