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17/05/2004
-
05h52
É um passeio inusitado, sem alarde, ao largo dos roteiros mais batidos. Muitos moradores não o conhecem. O destino também escapa ao convencional: o curitibano passado grego.
Um resquício de uma época em que a cidade cultivou, por um prisma romantizado, uma obsessão pela Grécia clássica permanece no Templo das Musas, construção de linhas helênicas, de 1918, situada no bairro de Vila Isabel.
Conhecer a história que cerca o lugar ajuda a despertar o interesse pela visita, em si simples, sem mirabolantes atrativos.
O edifício abriga a sede mundial do Instituto Neo-Pitagórico (www.pitagorico.org.br), fundado em 1909 pelo poeta e filósofo carioca radicado em Curitiba Dario Vellozo (1869-1937), que emprestou o nome à rua onde se localiza o prédio, no número 460.
Influenciada pelo escritor, a intelectualidade local tomou gosto pela Antigüidade, sobretudo nos anos 1910 e 1920. Trajes, hinos e competições atléticas despontaram. Uma "Nova Hélade" se plasmava no sul do Brasil.
Acompanhando o frenesi do helenismo, havia o simbolismo, estabelecido desde 1893. A forte presença européia e a ida de paranaenses ao velho continente, onde travavam contato com as modas da literatura, explicam a eclosão e o interesse pelo movimento, que privilegiava uma visão simbólica e espiritual do mundo, explorando as sensações subjetivas. O simbolista do Paraná mais destacado foi Emiliano Perneta (1866-1921), amigo do famoso Cruz e Sousa (1861-1898). Em 1911, Perneta, por iniciativa de Vellozo, foi coroado o príncipe dos poetas paranaenses.
Posta a história, o interessado em conhecer o instituto precisa agendar um horário (tel.: 0/xx/ 41/242-1840). A Folha foi recebida pelo presidente do Instituto Neo-Pitagórico, Rosala Garzuze, que tem 98 anos de idade. Ele foi aluno de Dario Vellozo e seu genro. Guarda reminiscências de uma Curitiba que se dissipou.
A instituição que preside prega a amizade como base, o estudo como norma e o altruísmo como fim, em contraposição ao lema positivista "ordem, progresso e amor" (os dois primeiros foram incorporados à bandeira nacional; o amor ficou de fora). Dedica-se "ao estudo, ao desenvolvimento das faculdades superiores do ser, ao altruísmo, inspirado nos "Versos de Ouro", de Pitágoras". Ao lado do Templo das Musas, há uma réplica do túmulo do filósofo grego erguida em 1959.
Com passo miúdo e claudicante, Garzuze leva o visitador ao interior do edifício, onde há uma biblioteca especializada e uma sala de reuniões. Em 1987, um incêndio destruiu parte do acervo e do mobiliário.
Segundo Garzuze, entre 20 e 30 pessoas costumam participar da reunião que o templo realiza às 15h do primeiro domingo de cada mês. O instituto tem como temas de cursos a teosofia, o pitagorismo, o ocultismo e a história das religiões, entre outros.
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Curitiba: Templo esconde musas greco-curitibanas
do enviado especial da Folha de S.Paulo a CuritibaÉ um passeio inusitado, sem alarde, ao largo dos roteiros mais batidos. Muitos moradores não o conhecem. O destino também escapa ao convencional: o curitibano passado grego.
Um resquício de uma época em que a cidade cultivou, por um prisma romantizado, uma obsessão pela Grécia clássica permanece no Templo das Musas, construção de linhas helênicas, de 1918, situada no bairro de Vila Isabel.
Conhecer a história que cerca o lugar ajuda a despertar o interesse pela visita, em si simples, sem mirabolantes atrativos.
O edifício abriga a sede mundial do Instituto Neo-Pitagórico (www.pitagorico.org.br), fundado em 1909 pelo poeta e filósofo carioca radicado em Curitiba Dario Vellozo (1869-1937), que emprestou o nome à rua onde se localiza o prédio, no número 460.
Influenciada pelo escritor, a intelectualidade local tomou gosto pela Antigüidade, sobretudo nos anos 1910 e 1920. Trajes, hinos e competições atléticas despontaram. Uma "Nova Hélade" se plasmava no sul do Brasil.
Acompanhando o frenesi do helenismo, havia o simbolismo, estabelecido desde 1893. A forte presença européia e a ida de paranaenses ao velho continente, onde travavam contato com as modas da literatura, explicam a eclosão e o interesse pelo movimento, que privilegiava uma visão simbólica e espiritual do mundo, explorando as sensações subjetivas. O simbolista do Paraná mais destacado foi Emiliano Perneta (1866-1921), amigo do famoso Cruz e Sousa (1861-1898). Em 1911, Perneta, por iniciativa de Vellozo, foi coroado o príncipe dos poetas paranaenses.
Posta a história, o interessado em conhecer o instituto precisa agendar um horário (tel.: 0/xx/ 41/242-1840). A Folha foi recebida pelo presidente do Instituto Neo-Pitagórico, Rosala Garzuze, que tem 98 anos de idade. Ele foi aluno de Dario Vellozo e seu genro. Guarda reminiscências de uma Curitiba que se dissipou.
A instituição que preside prega a amizade como base, o estudo como norma e o altruísmo como fim, em contraposição ao lema positivista "ordem, progresso e amor" (os dois primeiros foram incorporados à bandeira nacional; o amor ficou de fora). Dedica-se "ao estudo, ao desenvolvimento das faculdades superiores do ser, ao altruísmo, inspirado nos "Versos de Ouro", de Pitágoras". Ao lado do Templo das Musas, há uma réplica do túmulo do filósofo grego erguida em 1959.
Com passo miúdo e claudicante, Garzuze leva o visitador ao interior do edifício, onde há uma biblioteca especializada e uma sala de reuniões. Em 1987, um incêndio destruiu parte do acervo e do mobiliário.
Segundo Garzuze, entre 20 e 30 pessoas costumam participar da reunião que o templo realiza às 15h do primeiro domingo de cada mês. O instituto tem como temas de cursos a teosofia, o pitagorismo, o ocultismo e a história das religiões, entre outros.
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