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24/05/2004 - 05h14

Sevilha em cena: Arquitetura mostra passado mouro-cristão

do enviado especial da Folha de S.Paulo a Sevilha

Sevilha é uma cidade com três componentes em seu longo histórico que a tornam singularmente especial. Chamava-se Hispalis na época dos romanos.

Há ainda hoje ruínas de um anfiteatro. E mosaicos nos pisos de antigas mansões dão um pouco a dimensão do que foi no século 2º a terra em que nasceu o imperador Adriano.

Os mouros chegaram e ali se fixaram entre 711 e 1248. A dinastia Abbadid e as confederações Almoravid e Almohad trouxeram prosperidade material e efusão arquitetônica. Sobre pedaços da antiga e monumental mesquita, os cristãos edificaram a partir do século 14 uma catedral extraordinária para qualquer padrão.

Com a descoberta da América, Sevilha se tornou em 1503 o ponto de chegada obrigatório de todo o ouro e de toda a prata extraídos nas colônias e o ponto de partida das exportações da metrópole.

Esse monopólio tinha uma causa geográfica precisa. A cidade é atravessada pelo rio Guadalquivir, a pouco mais de 80 quilômetros de seu estuário. Os barcos que por ele subissem evitavam piratas do Mediterrâneo --o rio despeja suas águas no Atlântico, a noroeste de Gilbraltar-- e Exércitos inimigos que atacavam com certa regularidade o litoral.

No século 16, com 150 mil habitantes, Sevilha era a maior cidade da Espanha e uma das maiores da Europa. A casta de ricos comerciantes fazia circular muito dinheiro e gerava encomendas para capelas, palácios e afrescos.

São sevilhanos nomes como os dos pintores Diego Velázquez, Francisco de Zurbarán e Bartolomé Esteban Murillo, o do escultor Juan Martínez Montañés ou o do poeta Fernando de Herrera.

Se a prosperidade tivesse prosseguido, é provável que novas gerações de detentores de riqueza tivessem destruído a antiga cidade para nela edificar habitações segundo os modismos dos séculos 17 e 18. Mas veio a decadência.

A decadência é um remédio amargo para preservar o que é belo e antigo. Foi no Brasil o caso de Ouro Preto (MG), que não ficou daquele jeito porque os mineiros eram generosos. Foi porque não tinham pela cidade interesses econômicos precisos.

Sevilha perdeu depois de quase dois séculos o monopólio do comércio com as Américas. Os Bourbon tentaram no século 18 favorecê-la com estímulos fiscais. Mas o século seguinte foi desastroso, com a invasão francesa e revoluções violentas.

A urucubaca começou a terminar em 1847, com a primeira Feira de Abril, destinada a revitalizar a Andaluzia como um todo. Já no século 20 a cidade sofreu pouco com a Guerra Civil (1936-1939), porque os falangistas do generalíssimo Francisco Franco, vindos de bases espanholas na África do Norte, tomaram-na de imediato. Ela não chegou a ser realmente ameaçada pelos republicanos. Vieram depois a Exposição Ibero-americana de 1929 e a Exposição Universal de 1992.

Sevilha andando

Até a década de 60 Sevilha era uma das cidades mais pobres da Espanha. Mas foi beneficiada no pós-franquismo por planos de desenvolvimento regional, que passaram a ser financiados em seguida pela União Européia.

Ela foi aos poucos assumindo sua aparência de Primeiro Mundo, presente no resto da Espanha. Seus 700 mil habitantes têm um padrão muito bom de moradia e de serviços públicos. Está sendo agora construído o metrô.

Mas o miolinho antigo, com lembranças da presença moura e da colonização espanhola nas Américas, é eloqüente na arquitetura que ainda tem para mostrar. Vale a pena percorrê-lo de dia e também à noite, quando ele se valoriza por uma iluminação de muito bom gosto.

O turismo é a principal fonte de receitas. Mas é um turismo intelectualizado, diferente daquele de massa, praticado no litoral por quem quer apenas o bronzeamento dos corpos, de onde Sevilha está longe.

São turistas que extraem história nas pedras mouras ou cristãs medievais.

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