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07/06/2004 - 08h30

Caribe: Caminhada mostra recônditos de Havana

da enviada especial da Folha de S.Paulo a Cuba

O que diriam Tom Jobim e Vinicius de Moraes se ouvissem das mãos de um cubano "Garota de Ipanema"? Pode-se imaginar essa resposta em um passeio por Havana, ao passar no bar do hotel Ambos Mundos, onde um pianista toca a música. O hotel foi a casa de Ernest Hemingway e fica na parte antiga da cidade, patrimônio da humanidade pela Unesco.

Como a qualquer hora pode-se descobrir algo inusitado, o melhor é explorar a cidade a pé, vasculhando becos, bares, feiras e casas. Também ao caminhar, é quase impossível não conversar com os moradores da ilha.

Não é mito. Os cubanos param os turistas para pedir itens de higiene pessoal. Como custam caro para a população, xampu, sabonetes e similares são considerados artigos de luxo. A dica é carregar os kits de banho dos hotéis para paparicá-los um pouco.

Os cubanos são articulados. Assim que descobrem que seu interlocutor é brasileiro, eles elogiam as novelas e as mulheres. Acabou de passar por lá a minissérie "Aquarela do Brasil" (Globo).

Perguntam sobre o governo Lula, a distribuição de terras no país e por que tão poucos brasileiros visitam a ilha. E fazem pedidos, como um taxista que saltou do carro para dizer: "Continuem fazendo novelas tão bem como as que vocês já fazem!"

Há muitos táxis novos na capital, de marcas como Mercedes e Audi. Os carros são do governo, e os motoristas são funcionários de Fidel --esquema de trabalho seguido por quase todos na ilha. A maioria da frota de carros cubana, porém, é formada por modelos antigos da Chevrolet e da Lada.

Mas o universo do transporte cubano não pára aí. Há os "cocotaxis", triciclos amarelos motorizados em forma de coco que levam dois passageiros. Para transportar dois também há bicicletas que fazem as vezes de táxi e são populares entre os locais. Mas o meio de transporte favorito dos ilhéus é o "camello", um ônibus rosa e cinza, engatado a um caminhão, com capacidade para 200 pessoas.

Crianças

O esporte eleito pelas crianças para as brincadeiras de rua é o beisebol, praticado pelos "niños" no fim de semana. Também é fácil, como no Brasil, ver jogos de futebol com traves improvisadas.

Cinemas e teatros ocupam a parte nova de Havana, onde também está a sorveteria Coppelia, cenário do filme "Morango e Chocolate". Ali, nos dias de folga, os cubanos formam enormes filas. Para eles, o sorvete é mais barato do que para o turista. Eles pagam o mesmo valor numérico, mas em pesos cubanos.

A vantagem dos estrangeiros é não enfrentar a fila: a compra de sorvete em dólares é feita em um quiosque do lado de fora.

Três moedas circulam pelo país: o peso cubano, oficial; o dólar, usado pelos estrangeiros e aceito em todos os lugares; e o peso conversível, notas de peso cubano que têm o mesmo valor do dólar.

Após um dia cheio, o programa é ver a noite chegar (nesta época do ano, às 20h) no Malecón, avenida à beira-mar na qual os fios de energia elétrica foram trocados por antigos postes restaurados.

Velhas cubanas

Exemplos vivos e caricatos da história de Cuba, as velhas cubanas e seus enormes charutos circulam nas ruas de Havana Velha.

Crecencia Virtude Lopes, 56, e suas muitas colegas vão todos os dias a pontos turísticos trajadas, segundo elas próprias, de "típicas velhas cubanas" e cobram US$ 1 por cada foto tirada por turistas.

Outra parte da história se revela nos museus da cidade. Para os amantes da bebida mais famosa da ilha, há o museu do Rum, onde é possível acompanhar a sua fabricação e, no final, passar pela tão esperada sala de degustação.

Próximo passo: o museu da Cidade, cujo acervo guarda peças da época da colonização hispânica da ilha. Erguido no final do século 18, era a moradia e o local de trabalho dos capitães espanhóis.

A rua em frente à entrada do museu conserva o calçamento original, que era de madeira, palco hoje de uma feira de livros.

Um dos museus mais visitados da cidade é o da Revolução, guardião de objetos que marcaram a entrada de Fidel e Che na ilha, ato que levou à tomada do poder em 1959. Ali está o navio Granma, a bordo do qual os revolucionários navegaram do México a Cuba.

Para continuar na trilha revolucionária, o rumo a ser seguido é o da plaza de la Revolución, palco das manifestações no país e onde acontecem os longos discursos do ditador cubano Fidel Castro.

Ao redor da praça estão o Memorial José Martí, considerado o pai das idéias revolucionárias da ilha, o Teatro Nacional, o monumento que ostenta a face de Che Guevara e um painel com a estampa de Fidel e os dizeres: "Cada Cubano un Ejército".

Visitar a fábrica de charutos Partagás é um passeio interessante e, ao mesmo tempo, prático. Além de aprender como eles são feitos, o visitante já pode sair com sua caixa debaixo do braço. Nas redondezas,
clandestinos vendem charutos mais baratos. Não é recomendável comprá-los. O turista pode levar produtos ruins e ter problemas na saída do país, quando notas fiscais são solicitadas.

No passeio por Havana o turista se depara com dois pontos que remetem à antiga presença dos EUA na ilha: o Capitólio Nacional, cópia do que existe em Washington, e a Quinta Avenida, xará da avenida nova-iorquina.

A diferença entre as duas é que, na cubana, no lugar das lojas de grife, estão as embaixadas estrangeiras.

Muitos dos visitantes de outros países se concentram na praça da Catedral, onde o templo do século 18 continua imponente, com sua fachada em pedra-sabão.

Assim como no Brasil, em Cuba há quem freqüente a igreja católica e o culto de santeria, religião nos moldes do candomblé. A mistura se revela nas velas coloridas nos pés dos santos nas igrejas.

O único feriado religioso em Cuba é o Natal, dia 25 de dezembro, implementado somente após a visita do papa João Paulo 2º à ilha, em 1998. Todos os outros são políticos e comemoram datas importantes da revolução.

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