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28/06/2004
-
03h55
da Folha de S.Paulo
Perder o olhar no horizonte. Essa talvez seja a mais surpreendente atividade turística a se fazer em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Especialmente se o visitante vem de grandes cidades, como São Paulo, nas quais encontrar a tal linha que separa o chão do céu é um desafio.
O céu em Campo Grande é quase agressivo. Transitar pelas estradas nas redondezas da cidade aumenta ainda mais essa sensação. O olhar se perde, e a vontade de parar e tirar uma foto do vasto horizonte se instaura.
A população se diverte. Acha exagero, faz troça com o visitante. Já está acostumada com o céu de 180 quase sempre azul.
E a poesia intrínseca à cidade não pára por aí. Qual não é a surpresa que se tem ao descobrir que os rios que a cortam levam os nomes de Prosa e Segredo. E mais: pode-se visitar as nascentes do Segredo e do Prosa. E imaginar um rio que nasce com fios de histórias, como o mar descrito pelo indiano Salman Rushdie em seu livro "Haroum e o Mar de Histórias", que pode ser um bom companheiro na viagem.
Embora não seja exatamente um pólo turístico, Campo Grande tem potencial para entreter um visitante, e muito bem entretido, por alguns dias. Quem vai, por exemplo, ao Pantanal, não perderá tempo se dedicar um par de dias para conhecer a cidade.
E isso vale também para quem não se emociona com horizontes, poesias ou nomes de rios.
Atrações
A imigração árabe deixou como legado um punhado de bons restaurantes e armazéns, a vila dos ferroviários está intacta ao redor da estação e uma feira abastece os notívagos com sobá e yakissoba (massas de origem asiática) madrugada adentro. Enfim, há muito o que ser visto na cidade.
Um bom começo é ir ao Mercado Municipal --um prédio de 1933 na travessa José Bacha, sem número. Ali vendem-se de ervas a chapéus, selas e cortes de carne. As barracas são o avesso das de São Paulo. Em vez de ter um balcão atrás do qual fica o vendedor, essas são como escadas, em cujos degraus os produtos ficam expostos, e o vendedor fica do lado de fora, em um banco.
O passeio vale como uma introdução à cultura sul-matogrossense. Dezenas de barracas vendem o kit para fazer tereré: cuia, guampa (espécie de canudo) e erva-mate. O tereré é um tipo de chimarrão gelado consumido em larga escala em Mato Grosso do Sul. O hábito dá a cara da cidade: no fim da tarde, rodas de amigos tomam as ruas com cuias e garrafas térmicas com água gelada a postos. Conversam e dividem goles da bebida.
Ainda na feira, é possível comprar adereços para entrar no clima do Estado, maior criador de gado de corte do Brasil, com um rebanho de 22 milhões de cabeças. Chapéus de palha, feltro e couro estão à venda.
O preço varia de R$ 10 a R$ 60. O acessório é um grande aliado daquele que estiver na cidade e se deparar com o calor típico. O sol é de rachar o coco.
Na saída do mercado, há uma praça com dois quiosques circulares. Ali as bugras, índias das tribos cadiuéu e terena, vendem seus produtos, como peças de cerâmica, redes, vegetais e remédios que curam dores na coluna, gripe e artrite, tudo ao mesmo tempo.
Depois dessa visita, com a cabeça protegida por um chapéu e seu kit tereré na bolsa, respire fundo e entre no ritmo da cidade, que, embora seja capital de Estado, ainda permite que seus moradores fiquem a procurar o horizonte com os olhos.
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HELOISA LUPINACCIda Folha de S.Paulo
Perder o olhar no horizonte. Essa talvez seja a mais surpreendente atividade turística a se fazer em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Especialmente se o visitante vem de grandes cidades, como São Paulo, nas quais encontrar a tal linha que separa o chão do céu é um desafio.
O céu em Campo Grande é quase agressivo. Transitar pelas estradas nas redondezas da cidade aumenta ainda mais essa sensação. O olhar se perde, e a vontade de parar e tirar uma foto do vasto horizonte se instaura.
A população se diverte. Acha exagero, faz troça com o visitante. Já está acostumada com o céu de 180 quase sempre azul.
E a poesia intrínseca à cidade não pára por aí. Qual não é a surpresa que se tem ao descobrir que os rios que a cortam levam os nomes de Prosa e Segredo. E mais: pode-se visitar as nascentes do Segredo e do Prosa. E imaginar um rio que nasce com fios de histórias, como o mar descrito pelo indiano Salman Rushdie em seu livro "Haroum e o Mar de Histórias", que pode ser um bom companheiro na viagem.
Embora não seja exatamente um pólo turístico, Campo Grande tem potencial para entreter um visitante, e muito bem entretido, por alguns dias. Quem vai, por exemplo, ao Pantanal, não perderá tempo se dedicar um par de dias para conhecer a cidade.
E isso vale também para quem não se emociona com horizontes, poesias ou nomes de rios.
Atrações
A imigração árabe deixou como legado um punhado de bons restaurantes e armazéns, a vila dos ferroviários está intacta ao redor da estação e uma feira abastece os notívagos com sobá e yakissoba (massas de origem asiática) madrugada adentro. Enfim, há muito o que ser visto na cidade.
Um bom começo é ir ao Mercado Municipal --um prédio de 1933 na travessa José Bacha, sem número. Ali vendem-se de ervas a chapéus, selas e cortes de carne. As barracas são o avesso das de São Paulo. Em vez de ter um balcão atrás do qual fica o vendedor, essas são como escadas, em cujos degraus os produtos ficam expostos, e o vendedor fica do lado de fora, em um banco.
O passeio vale como uma introdução à cultura sul-matogrossense. Dezenas de barracas vendem o kit para fazer tereré: cuia, guampa (espécie de canudo) e erva-mate. O tereré é um tipo de chimarrão gelado consumido em larga escala em Mato Grosso do Sul. O hábito dá a cara da cidade: no fim da tarde, rodas de amigos tomam as ruas com cuias e garrafas térmicas com água gelada a postos. Conversam e dividem goles da bebida.
Ainda na feira, é possível comprar adereços para entrar no clima do Estado, maior criador de gado de corte do Brasil, com um rebanho de 22 milhões de cabeças. Chapéus de palha, feltro e couro estão à venda.
O preço varia de R$ 10 a R$ 60. O acessório é um grande aliado daquele que estiver na cidade e se deparar com o calor típico. O sol é de rachar o coco.
Na saída do mercado, há uma praça com dois quiosques circulares. Ali as bugras, índias das tribos cadiuéu e terena, vendem seus produtos, como peças de cerâmica, redes, vegetais e remédios que curam dores na coluna, gripe e artrite, tudo ao mesmo tempo.
Depois dessa visita, com a cabeça protegida por um chapéu e seu kit tereré na bolsa, respire fundo e entre no ritmo da cidade, que, embora seja capital de Estado, ainda permite que seus moradores fiquem a procurar o horizonte com os olhos.
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