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23/08/2004
-
03h23
da Folha de S.Paulo, na Itália
Na capital da Itália, um bom ponto de partida para colocar em prática a expressão lugar-comum dos "caminhos que levam a Roma" é a praça da República, a dez minutos de caminhada da estação ferroviária (Roma Termini).
Em geral ignorada pelos guias turísticos, é o lugar ideal para observar os aspectos mais corriqueiros e ainda autênticos da cidade sempre entulhada de turistas.
À sombra, bebendo uma cerveja no bar da praça --experimente a local Nastro Azzurro, 3,60)--, você perceberá que tudo está ao seu redor: prédios de aspecto conservador e imponente, a beleza coruscante das mulheres, as roupas alinhadas dos homens, o design dos carros italianos, que se misturam a um enxame de lambretas para formar uma trilha sonora de pneus cantando, e xingamentos engraçados --38C de uma atmosfera tão anárquica quanto funcional.
Nada ilustra melhor essa dualidade do que as Termas de Diocleciano, dois quarteirões a leste da praça da República. Inaugurada há 1698 anos para servir a banhos públicos, a construção abrigou, até 1º de agosto, a obra de um dos maiores ícones da Itália moderna --o estilista Giorgio Armani.
O acervo, vindo do museu Guggenheim de Nova York, impressiona mesmo quem não gosta de moda: agrupadas por característica estética (salão dos meios-tons, salão das cores, salão de gala) e relevância cultural --o setor com os trajes usados por celebridades mostra cenas de filmes em que eles apareceram--, as peças foram complementadas pela estrutura interna das termas, que a iluminação móvel e músicas incidentais ajudaram a ressaltar.
Na exploração dos pontos mais turísticos de Roma, o Vaticano é a primeira referência irresistível, mas convém deixar a visita para o segundo dia de viagem: chegando cedo, você tem melhores chances de evitar os grupos de visitantes que atrapalham o passeio por lá. Já que à tarde o congestionamento de gente é inevitável, vá direto à famosíssima Piazza di Spagna. Rodeada por lojas e restaurantes caros, ela é tão cheia que você dificilmente conseguirá circular sem trocar esbarrões com turistas de toda parte --o que não deixa de ser, a seu modo, divertido.
A efervescência estrangeira na Itália tem no comércio uma de suas principais razões. Para entender o porquê, basta ir aos Mercati Traianei. Idealizada pelo imperador Trajano, essa área mercantil, hoje desativada, pode ser considerada um dos primeiros shopping centers do mundo. Existe um saguão aberto à visitação, mas o melhor é se afastar um pouco para entender a ousadia do projeto, que, no século 2º, já reunia 150 lojas e escritórios.
Com fama de possuir a melhor culinária do mundo, a Itália oferece muitas opções gastronômicas, mas a primeira refeição deve ser feita no Trastevere. Contenha a gula para antes caminhar por esse bairro, cujo contraste é instigante.
Na entrada, vielas e casas simplórias, mal conservadas, que lembram cortiços. Em seguida, uma surpresa: perto da igreja Santa Maria, uma escadaria leva à parte alta de Trastevere, na rua Garibaldi, tranqüila e luxuosa. Depois disso, volte para os becos estreitos e entre numa trattoria para conhecer a pizza romana.
Além de ser o prato definidor da cidade, ela tem uma vantagem: é barata. Por apenas 6, mesmo preço de um simples antepasto (entrada), compra-se uma inteira. A massa, mais fina e crocante do que a feita em São Paulo, vem acompanhada de coberturas ótimas --das quais a melhor é a clássica quatro queijos, com doses de gorgonzola cuja generosidade chega a espantar.
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BRUNO GARATTONIda Folha de S.Paulo, na Itália
Na capital da Itália, um bom ponto de partida para colocar em prática a expressão lugar-comum dos "caminhos que levam a Roma" é a praça da República, a dez minutos de caminhada da estação ferroviária (Roma Termini).
Em geral ignorada pelos guias turísticos, é o lugar ideal para observar os aspectos mais corriqueiros e ainda autênticos da cidade sempre entulhada de turistas.
À sombra, bebendo uma cerveja no bar da praça --experimente a local Nastro Azzurro, 3,60)--, você perceberá que tudo está ao seu redor: prédios de aspecto conservador e imponente, a beleza coruscante das mulheres, as roupas alinhadas dos homens, o design dos carros italianos, que se misturam a um enxame de lambretas para formar uma trilha sonora de pneus cantando, e xingamentos engraçados --38C de uma atmosfera tão anárquica quanto funcional.
Nada ilustra melhor essa dualidade do que as Termas de Diocleciano, dois quarteirões a leste da praça da República. Inaugurada há 1698 anos para servir a banhos públicos, a construção abrigou, até 1º de agosto, a obra de um dos maiores ícones da Itália moderna --o estilista Giorgio Armani.
O acervo, vindo do museu Guggenheim de Nova York, impressiona mesmo quem não gosta de moda: agrupadas por característica estética (salão dos meios-tons, salão das cores, salão de gala) e relevância cultural --o setor com os trajes usados por celebridades mostra cenas de filmes em que eles apareceram--, as peças foram complementadas pela estrutura interna das termas, que a iluminação móvel e músicas incidentais ajudaram a ressaltar.
Na exploração dos pontos mais turísticos de Roma, o Vaticano é a primeira referência irresistível, mas convém deixar a visita para o segundo dia de viagem: chegando cedo, você tem melhores chances de evitar os grupos de visitantes que atrapalham o passeio por lá. Já que à tarde o congestionamento de gente é inevitável, vá direto à famosíssima Piazza di Spagna. Rodeada por lojas e restaurantes caros, ela é tão cheia que você dificilmente conseguirá circular sem trocar esbarrões com turistas de toda parte --o que não deixa de ser, a seu modo, divertido.
A efervescência estrangeira na Itália tem no comércio uma de suas principais razões. Para entender o porquê, basta ir aos Mercati Traianei. Idealizada pelo imperador Trajano, essa área mercantil, hoje desativada, pode ser considerada um dos primeiros shopping centers do mundo. Existe um saguão aberto à visitação, mas o melhor é se afastar um pouco para entender a ousadia do projeto, que, no século 2º, já reunia 150 lojas e escritórios.
Com fama de possuir a melhor culinária do mundo, a Itália oferece muitas opções gastronômicas, mas a primeira refeição deve ser feita no Trastevere. Contenha a gula para antes caminhar por esse bairro, cujo contraste é instigante.
Na entrada, vielas e casas simplórias, mal conservadas, que lembram cortiços. Em seguida, uma surpresa: perto da igreja Santa Maria, uma escadaria leva à parte alta de Trastevere, na rua Garibaldi, tranqüila e luxuosa. Depois disso, volte para os becos estreitos e entre numa trattoria para conhecer a pizza romana.
Além de ser o prato definidor da cidade, ela tem uma vantagem: é barata. Por apenas 6, mesmo preço de um simples antepasto (entrada), compra-se uma inteira. A massa, mais fina e crocante do que a feita em São Paulo, vem acompanhada de coberturas ótimas --das quais a melhor é a clássica quatro queijos, com doses de gorgonzola cuja generosidade chega a espantar.
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