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20/09/2004 - 03h53

Colômbia: Cartagena inspira e aloja García Márquez

do enviado especial da Folha de S.Paulo à Colômbia

Cartagena de Índias, cidade colonial fortificada erguida a partir de 1562 diante do mar do Caribe, tem 1 milhão de habitantes, é tão imponente, tão cravejada de casas coloniais ornadas por balcões, de imensas igrejas e de conventos, que até um santo integra seu acervo, San Pedro de Claver, jesuíta espanhol protetor dos escravos, cuja ossada jaz num templo edificado com pedras de coral.

O local historicamente foi um entreposto de 2 milhões de escravos negros. Ainda envolto por muralhas construídas ao longo de dois séculos: algo inexpugnáveis, os muros da fortaleza enfrentaram o mar e raramente foram invadidos --o corsário inglês "sir" Frances Drake, senhor de todos os mares, em 1586, tomou o porto por três meses, pois era de Cartagena que os espanhóis tiravam o ouro e as esmeraldas que desencavavam da América.

Centro histórico à beira-mar tombado pela Unesco em 1984, tem tantos prédios coloniais, que mesmo o hotel Sofitel, o Cartagena Santa Clara, fundado em 1621, com pátios, arcadas e histórias de Gabriel García Márquez amalgamadas à construção, está instalado no convento das irmãs clarissas -hoje magnificamente restaurado. Apelidado de Gabo, o escritor ambientou ali parte de seu romance "Do Amor e Outros Demônios", fazendo alusão a um túmulo de uma marquesinha, que ainda hoje jaz abaixo do bar contemporâneo do cinco estrelas.

Política como vocação

Luiz Inácio Lula da Silva esteve no Sofitel Santa Clara em 2003; Fernando Henrique Cardoso também, duas vezes, em 1997 e 1998. O local hospedou ainda políticos infinitamente mais controvertidos, como Fidel Castro e Iasser Arafat, em 1995, numa das inúmeras convenções políticas que tiveram lugar na cidade.

O escritor García Márquez, aliás, mora ao lado, numa modernosa casa cor de vinho, tendo também residências imponentes em Los Angeles, em Cuba e na Cidade do México, fruto de seu extenso trabalho literário, quase sempre magicamente ambientado em Cartagena (caso de "Do Amor e Outros Demônios").

Mesmo quem não se hospeda no Sofitel Santa Clara, gerido pelo grupo hoteleiro francês Accor, deve passear no antigo claustro.

Abandonado de 1974 a 1990, o convento das irmãs clarissas foi restaurado por cinco anos, até outubro de 1995, ano em que toda a cidade, aliás, foi recuperada.

Até 1975, o convento de Santa Clara pertencia ao governo, tendo visto partes de seu imenso prédio em ruínas servirem de hospital e de dependência auxiliar da Faculdade de Medicina.

Riqueza

Protagonista da história da América e da independência da Colômbia, Cartagena de Índias (ou da América, codinome que a diferencia de uma homônima cidade espanhola) foi porto cobiçada por piratas.

Seu castelo, San Felipe de Barajas, com 15 mil metros quadrados e uma bateria de 63 canhões, foi inicialmente edificado por holandeses, mas é uma obra de engenharia militar que, acabada, deve ser creditada aos espanhóis.

Em 1815, Cartagena protagonizou o triste episódio da retomada, quando os espanhóis a reconquistaram dos revoltosos independentistas, depois de um isolamento de 110 dias em que os galeões foram impedidos de navegar. A peste e a fome se instalaram.

Inquisição

Na praça Bolívar, o palácio da Inquisição, imenso prédio do século 17 que desde 1924 funciona como museu, mostra com documentos, objetos, pinturas, maquetes e painéis, a frenética atividade de "caça às bruxas" empreendida pelo Tribunal do Santo Ofício a partir de 1610. Restaurado em 2001 e 2003, exibe como Cartagena foi edificada, seja sobre o continente, seja sobre as ilhas.

Assim, desde a conquista espanhola do Caribe, passando pelo período de exploração de riquezas e do tráfico negreiro, Cartagena --referência internacional no mundo do turismo, da arquitetura colonial e dos encontros políticos latino-americanos-- teve, no século 18, papel central em eventos que definiram a nacionalidade e a independência colombiana.

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