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20/09/2004
-
03h59
da Folha de S.Paulo, em Cartagena
De mais importante porto da América Latina a cidade provinciana decadente, e mais de um século e meio depois, renascendo como significativo centro histórico reconhecido pela Unesco em 1984, Cartagena de Índias, no litoral norte da Colômbia, já foi palco de batalhas entre piratas franceses e ingleses contra a poderosa Armada espanhola e serviu de cenário para as histórias de "O Amor nos Tempos do Cólera" e "Do Amor e Outro Demônios", de Gabriel García Márquez.
A cidade é uma ilha de tranqüilidade no conturbado contexto do país e reúne riqueza histórica, natureza exuberante realçada pelas águas cálidas do mar do Caribe e um dos mais bem preservados conjuntos arquitetônicos da época da colônia espanhola.
Cartagena não costuma integrar o roteiro dos viajantes brasileiros. Os turistas estrangeiros, principalmente europeus e canadenses, que até a década de 80 chegavam em busca de sol, esmeraldas e história, não são mais freqüentes desde que os cartéis de drogas ganharam as páginas dos jornais.
Os recentes conflitos envolvendo as Farc e os paramilitares só fizeram diminuir o fluxo de turistas estrangeiros. Os que chegam são na maioria colombianos, de Bogotá e Medellín.
O paradoxo é que essas aparentes dificuldades deixaram a "pérola do Caribe" ainda mais atrativa para aqueles que buscam sossego, beleza natural e hospitalidade à beira-mar. Não há invasão de turistas, e os que a escolhem como destino de suas férias seguem mais o perfil de quem busca mergulhar num passado rico e se misturar aos costumes locais do que percorrer lugares turísticos com máquina fotográfica em punho.
Quem anda pelas ruas de pedras do centro de Cartagena, chamado pelos locais de Cidade Velha, sente-se imerso na cultura e na história do país. A região fica dentro da muralha que circula a parte antiga da cidade, formando um "U".
A fortificação se inicia na praça da Aduana, antiga alfândega portuária, em frente à baía das Ánimas. Depois se estende por cerca de três quilômetros pelo Malecón, que é como os cartageneros se referem à via litorânea, a avenida Santander, que contorna o mar do Caribe, para então se fechar mais uma vez em direção ao interior, contornando o lago do Cabrero. Bem onde termina a muralha está a estátua da Índia Catalina, um dos símbolos de Cartagena, que representa a figura indígena na cultura local.
A cidade se abre diante do mar se dividindo em pequenas penínsulas, baías e lagoas, e foi essa geografia particular que colaborou para que se tornasse um próspero centro portuário, que viveu seu apogeu no século 18, ainda durante a colônia. Desse período restam centenas de casarões, sobrados e grandes construções que transportam os viajantes que por lá aportam a uma outra dimensão.
Ao contrário do que se observa em outros centros turísticos da América Latina, onde um estrangeiro tem a sensação de encontrar a cidade fantasiada "para turista ver", tudo em Cartagena é autêntico. A partir da década de 1960, a cidade passou por um processo de recuperação que a tirou da decadência em que havia caído desde que foi arrasada pelos espanhóis na fracassada tentativa de independência de 1811.
A iluminação das ruas foi planejada para que a luz dos postes reproduzisse a tonalidade dos antigos lampiões a gás. O resultado é uma luz âmbar que, somada aos casarões e sobrados ornados de balcões e debruçados sobre as ruas estreitas, cria a sensação de volta no tempo.
Na maioria das ruas centrais não circulam carros.
Apenas as charretes, muitas delas antigas e restauradas, são vistas levando turistas. O barulho preguiçoso das patas dos cavalos aumenta a sensação de estar mergulhando em uma outra época.
O turista que vive em grandes centros urbanos vai estranhar o ritmo cartagenero. O tempo lá é outro. O estilo dos contenhos --como são chamados os colombianos da região do Caribe-- é relaxado. Qualquer afobação ou pressa é malvista. Àqueles que insistem em seguir a velocidade da metrópole, os nativos respondem: "Tranqüilo, doutor. Não se preocupe que tudo se resolve".
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RAFAEL ALVES PEREIRAda Folha de S.Paulo, em Cartagena
De mais importante porto da América Latina a cidade provinciana decadente, e mais de um século e meio depois, renascendo como significativo centro histórico reconhecido pela Unesco em 1984, Cartagena de Índias, no litoral norte da Colômbia, já foi palco de batalhas entre piratas franceses e ingleses contra a poderosa Armada espanhola e serviu de cenário para as histórias de "O Amor nos Tempos do Cólera" e "Do Amor e Outro Demônios", de Gabriel García Márquez.
A cidade é uma ilha de tranqüilidade no conturbado contexto do país e reúne riqueza histórica, natureza exuberante realçada pelas águas cálidas do mar do Caribe e um dos mais bem preservados conjuntos arquitetônicos da época da colônia espanhola.
Cartagena não costuma integrar o roteiro dos viajantes brasileiros. Os turistas estrangeiros, principalmente europeus e canadenses, que até a década de 80 chegavam em busca de sol, esmeraldas e história, não são mais freqüentes desde que os cartéis de drogas ganharam as páginas dos jornais.
Os recentes conflitos envolvendo as Farc e os paramilitares só fizeram diminuir o fluxo de turistas estrangeiros. Os que chegam são na maioria colombianos, de Bogotá e Medellín.
O paradoxo é que essas aparentes dificuldades deixaram a "pérola do Caribe" ainda mais atrativa para aqueles que buscam sossego, beleza natural e hospitalidade à beira-mar. Não há invasão de turistas, e os que a escolhem como destino de suas férias seguem mais o perfil de quem busca mergulhar num passado rico e se misturar aos costumes locais do que percorrer lugares turísticos com máquina fotográfica em punho.
Quem anda pelas ruas de pedras do centro de Cartagena, chamado pelos locais de Cidade Velha, sente-se imerso na cultura e na história do país. A região fica dentro da muralha que circula a parte antiga da cidade, formando um "U".
A fortificação se inicia na praça da Aduana, antiga alfândega portuária, em frente à baía das Ánimas. Depois se estende por cerca de três quilômetros pelo Malecón, que é como os cartageneros se referem à via litorânea, a avenida Santander, que contorna o mar do Caribe, para então se fechar mais uma vez em direção ao interior, contornando o lago do Cabrero. Bem onde termina a muralha está a estátua da Índia Catalina, um dos símbolos de Cartagena, que representa a figura indígena na cultura local.
A cidade se abre diante do mar se dividindo em pequenas penínsulas, baías e lagoas, e foi essa geografia particular que colaborou para que se tornasse um próspero centro portuário, que viveu seu apogeu no século 18, ainda durante a colônia. Desse período restam centenas de casarões, sobrados e grandes construções que transportam os viajantes que por lá aportam a uma outra dimensão.
Ao contrário do que se observa em outros centros turísticos da América Latina, onde um estrangeiro tem a sensação de encontrar a cidade fantasiada "para turista ver", tudo em Cartagena é autêntico. A partir da década de 1960, a cidade passou por um processo de recuperação que a tirou da decadência em que havia caído desde que foi arrasada pelos espanhóis na fracassada tentativa de independência de 1811.
A iluminação das ruas foi planejada para que a luz dos postes reproduzisse a tonalidade dos antigos lampiões a gás. O resultado é uma luz âmbar que, somada aos casarões e sobrados ornados de balcões e debruçados sobre as ruas estreitas, cria a sensação de volta no tempo.
Na maioria das ruas centrais não circulam carros.
Apenas as charretes, muitas delas antigas e restauradas, são vistas levando turistas. O barulho preguiçoso das patas dos cavalos aumenta a sensação de estar mergulhando em uma outra época.
O turista que vive em grandes centros urbanos vai estranhar o ritmo cartagenero. O tempo lá é outro. O estilo dos contenhos --como são chamados os colombianos da região do Caribe-- é relaxado. Qualquer afobação ou pressa é malvista. Àqueles que insistem em seguir a velocidade da metrópole, os nativos respondem: "Tranqüilo, doutor. Não se preocupe que tudo se resolve".
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