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04/11/2004 - 10h02

Maranhão: Lagoas serpenteiam nas areias de Lençóis Maranhenses

RAFAEL ALVES PEREIRA
Enviado especial ao Maranhão

As dunas de areia que formam o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses são uma grande formação arenosa que se inicia no delta do rio Preguiças e se estende por 70 km ao longo do litoral até encontrar a baía formada pela ilha de São Luís.

Embora ao longo dos anos 90 o local tenha se transformado em concorrido destino turístico, ainda está longe de se tornar uma região de turismo regular e constante, como Itacaré, na Bahia.

A causa desse aparente isolamento é ao mesmo tempo uma vantagem e um desafio para quem decide passar suas férias ali: a infra-estrutura de turismo ainda é bastante precária.

A porta de entrada para a região das dunas é Barreirinhas. A cidade tem aproximadamente 40 mil habitantes. O centro é formado por duas ruas principais, paralelas. São os únicos exemplares com calçamento no local.

O caminho para Barreirinhas parte de São Luís e dura cerca de três horas e meia por uma estrada de asfalto impecável.

Até um ano e meio atrás, esse mesmo caminho só poderia ser vencido por carros com tração nas quatro rodas. E a prudência mandava que não se tentasse fazer o trajeto de 330 quilômetros em menos de cinco horas e meia.

Jardineira

As máquinas fotográficas merecem cuidado extra enquanto o viajante se aventura pelas dunas cinematográficas. O vento constante pode encher os equipamentos de areia. Embale-os em um saco plástico transparente e deixe apenas a lente descoberta. Isso evita que grãos entrem no equipamento, o que pode frustrar a documentação da jornada.

O caminho de Barreirinhas ao início das formações de areia não parece em nada com a moderna estrada de acesso à capital. É preciso se sacolejar por uns bons 40 minutos em uma estreita rota arenosa cercada de vegetação baixa.

O meio de transporte mais usado é a "caminhonete jardineira". Trata-se de antigas picapes cujas caçambas foram substituídas por pouco confortáveis bancos que parecem formar uma arquibancada. As agências mais sofisticadas oferecem a seus clientes transporte em utilitários de luxo, a preços igualmente de luxo.

Enquanto se segura firme para não cair da "arquibancada" a cada tranco ou buraco do caminho, o viajante mais habilidoso pode se arriscar a soltar uma das mãos e aproveitar a farta oferta dos cajueiros à beira do caminho.

Quando as frutas estão maduras, nem é preciso ter sorte para que elas caiam sozinhas dentro do veículo quando os galhos roçam na caminhonete. Não tenha pudores de encher a sua sacola com cajus, você vai fazer bom proveito deles quando estiver nas dunas.

O trajeto off-road pode render alguns dias com o corpo dolorido. O caminho de terra termina no sopé das dunas. É proibido o tráfego de veículos na areia. É hora de sair dos carros e fazer o restante do trajeto a pé.

A região dos Lençóis é formada por uma extensa área de dunas que se alongam por 70 km ao longo do litoral e avançam por até 40 km em direção ao interior.

O clima no litoral maranhense é dividido em duas estações bem definidas: chuvas de janeiro a junho e seca de julho a dezembro. Na primeira metade do ano as lagoas ficam cheias e formam o deslumbrante cenário visto nas fotos, onde pequenas lagoas de água doce serpenteiam entre as ondulações de areia.

Três grandes lagoas permanentes na parte inicial dos lençóis são as mais visitadas pelos turistas. O passeio se inicia pela lagoa Azul, mas antes é preciso vencer uma aparentemente inofensiva subida com cerca de 30 m, inclinada a uns bons 60 graus.

Essa é a separação entre as dunas e a parte baixa do parque. Os mais despachados vão achar desnecessária a corda usada para ajudar na subida e podem se aventurar a fazer o trajeto impulsionados apenas pela força das pernas.

Logo desistem. A rampa é de areia fofa e fina. Se tentar andar devagar, vai voltar a mesma distância percorrida e não sairá do lugar. Renda-se e use a cordinha.

O caminho para a lagoa Bonita e a lagoa do Peixe é feito a pé e não dura mais de 20 minutos. Não se deixe enganar pelo vento fresco, que amaina a sensação de calor mesmo quando os termômetros passam dos 35ºC.

Aqui se está quase na linha do Equador, e o sol é inclemente. Quem não se proteger corre o risco de sofrer dolorosas queimaduras solares. Os guias recomendam que o viajante leve água mineral e use chapéu. Obedeça.

Na lagoa Azul, uma das mais belas, que nos períodos de cheia pode ter até 2 m de profundidade, há pequenos peixes que provocam cócegas quando beliscam, com a boca, a pele dos visitantes.

A lagoa dos Peixes é uma das maiores. Tem a água no mesmo tom verde-esmeralda das outras. Por ficar acima de um lençol freático, é a única que tem vegetação no seu entorno. Depois de enfrentar o caminho de terra, a subida e mais uma boa caminhada sob o sol abrasador, é hora de relaxar nas lagoas. Retire o chapéu, estenda a toalha na areia e saboreie os cajus que colheu no caminho. Lembra deles?

Rafael Alves Pereira viajou a convite da operadora Ambiental Expedições

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