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04/11/2004 - 10h55

Guararema: Cidade paulista cultua até são Longuinho

AMARÍLIS LAGE
Enviada especial a Guararema (SP)

Guararema é uma cidade pequena, com pouco mais de 20 mil habitantes, perto de Mogi das Cruzes, a 76 km de São Paulo. Mas uma relíquia religiosa a destaca das tantas outras cidades pacatas do interior: ali está a única imagem de são Longuinho do país, segundo seus moradores.

A imagem do santo, conhecido por encontrar objetos desaparecidos em troca de três pulinhos, fica numa capela branca, tombada como patrimônio histórico nacional, num povoado conhecido como Freguesia da Escada (onde, ao contrário do que o nome sugere, não há nenhuma escada especial).

A capela passa a maior parte do tempo fechada, pois o povoado é tão pequeno que a missa, ali, só é realizada uma vez por mês: geralmente, na segunda sexta-feira.

Mas no dia 14 deste mês, um domingo, a tranqüilidade dará lugar a uma festa para milhares de pessoas: trata-se da procissão de Nossa Senhora da Escada, que "divide" a capela com são Longuinho.

A cerimônia começa na igreja matriz, no centro de Guararema. De lá a imagem da santa vai de barco, pelo rio Paraíba, até a capela do povoado, em torno da qual há uma quermesse com bingo, barraquinhas de jogos e de comidas típicas, como o afogado (um cozido de carne com batatas).

Depois da festa, a capela volta a ser fechada e a próxima missa só será realizada em dezembro.

Guardiã

Para visitar a imagem de são Longuinho nos dias em que não há missa (ou seja, em quase todos), basta procurar por Luiza Leme de Almeida, 81, que há 38 anos ocupa o posto de administradora, faxineira e "guia turística" da capela. Encontrá-la não é tarefa difícil. A maioria dos moradores do povoado sabem onde Luiza mora, a dois quarteirões da capela.

Solícita, a beata pede "só um minutinho, para desligar o fogão", e volta, de avental, com as chaves da capela na mão.

"Sempre que chega um turista, eu levo até a capela. Não importa o horário", diz. Apesar do sol escaldante que banha a praça, dentro da capela, feita de taipa de pilão, a escuridão é total. Luiza segue na frente, acendendo todas as luzes, até chegar ao altar.

A imagem de são Longuinho surpreende por não ser em nada parecida com as que se costumam encontrar nas igrejas.

Feita por índios, em madeira, a estátua só possui a parte superior do corpo e seu rosto é pintado sem muitos detalhes, com poucos traços firmes.

Outra diferença: em vez de "roupas" pintadas sobre a madeira, ele possui um guarda-roupa completo, de tecido, feito sob medida, no qual consta até uma indumentária de veludo para os dias de festa. Além disso, vários anéis, colares e pulseiras adornam as mãos e o pescoço da imagem. "É tudo pagamento de promessa", explica a beata.

Mas o pagamento mais surpreendente, para Luiza, veio mesmo em forma dos tradicionais pulinhos. E antes de contar a história, ela aponta para a imagem: "As pessoas não acreditam, mas são Longuinho é minha testemunha".

Segundo Luiza, um grupo de três bolivianos e três brasileiras chegou à casa dela, no início deste ano para visitar a capela. Eles haviam pedido ao santo para ganhar um "jogo". Pedido atendido, promessa paga: 3.000 pulos.

Diz que se cansou de tanto ver os seis pulando. "Pena que não tinha uma filmadora para gravar."

Amarílis Lage hospedou-se a convite da pousada Campestre Vale dos Sonhos

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