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11/11/2004
-
09h25
Enviado especial ao Uyuni (Bolívia)
Quer ter uma noção exata do que representa a imensidão do altiplano boliviano e mergulhar em suas histórias e em seu folclore?
Pegue um ônibus na simpática rodoviária de La Paz, pague a bagatela de 15 bolivianos (US$ 1 = cerca de 8 bolivianos) e siga em direção à cidade de Oruro, num percurso com cerca de três horas de duração, transitando o tempo todo literalmente nas alturas.
Não pense que os ônibus, importados do Brasil, são desconfortáveis. Todos têm ar-condicionado, poltronas reclináveis, TV com direito à exibição de um filme, na linha "blockbuster", e, não raro, vendedores em alguns pontos oferecendo de enciclopédias a batatas recheadas.
Nada que realmente perturbe a paz. Relaxe e aprecie a vista. Há uma extensa área plana, rodeada pelas montanhas íngremes dos Andes, lá longe. Um povoadinho aqui, outro ali, tudo muito simples e pobre, mas a natureza é tão exuberante que dá até uma melancolia de tão bela.
Altiplano na janela
Oruro está a 3.707 m de altitude, no extremo sul do altiplano. Vale a pena reservar ao menos um dia para conhecê-la. Tente se programar para pegar o trem em direção a Uyuni no dia seguinte da sua chegada.
A cidade é conhecida entre os bolivianos como a capital folclórica do país. Seu Carnaval, que acontece praticamente na mesma época que o nosso, é concorridíssimo. Em outubro, pode-se ter uma pequena mostra do que vem a ser a maior festa popular do país, quando se comemora o Dia do Estudante.
Alunos de todas as escolas organizam desfiles pelas avenidas da cidade com fantasias e danças de forte conotação religiosa, o que ajuda a entender a presença do sincretismo que envolve a tradição e a devoção à Virgem da Candelária com a mitologia dos índios Urus. Esses mesmos desfiles se repetem em novembro, quando acontecem os preparativos para o Carnaval.
Os jovens chegam a caminhar mais de 3 km pelas ruas da cidade em direção à igreja Santuário del Socavón, onde funcionava um antigo ritual Uru, um povo pré-colombiano que alcançou um notável desenvolvimento na elaboração de objetos cerâmicos.
A igreja atual, construída em 1781, recebeu o nome inicial de igreja de Nossa Senhora de Copacabana. Seus fiéis veneravam a virgem da Candelária, patrona dos mineiros, imagem que, em Oruro, é conhecida como a Virgem de Socavón.
Preste atenção. No fundo da igreja, há um acesso subterrâneo a uma antiga mina de prata. Compre seu ingresso (cinco bolivianos) e vá conhecê-la. Lá embaixo, o visitante se depara com imagens de "demônios".
Durante o processo de catequização dos indígenas, eles aprenderam que "Deus" estava no céu, e o "Diabo", na terra. Para não romper o mito nem espantar os trabalhadores que iriam "encontrar" com o "Diabo" no fundo da terra, os colonizadores espanhóis diziam que os índios poderiam trabalhar nas minas desde que fizessem oferendas. Por isso, até hoje é comum encontrar imagens diabólicas com bebidas, dinheiro e cigarro nos corredores das minas desativadas.
Roberto de Oliveira viajou a convite da LAB (Lloyd Aereo Boliviano) e da operadora Natural Mar.
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ROBERTO DE OLIVEIRAEnviado especial ao Uyuni (Bolívia)
Quer ter uma noção exata do que representa a imensidão do altiplano boliviano e mergulhar em suas histórias e em seu folclore?
Pegue um ônibus na simpática rodoviária de La Paz, pague a bagatela de 15 bolivianos (US$ 1 = cerca de 8 bolivianos) e siga em direção à cidade de Oruro, num percurso com cerca de três horas de duração, transitando o tempo todo literalmente nas alturas.
Não pense que os ônibus, importados do Brasil, são desconfortáveis. Todos têm ar-condicionado, poltronas reclináveis, TV com direito à exibição de um filme, na linha "blockbuster", e, não raro, vendedores em alguns pontos oferecendo de enciclopédias a batatas recheadas.
Nada que realmente perturbe a paz. Relaxe e aprecie a vista. Há uma extensa área plana, rodeada pelas montanhas íngremes dos Andes, lá longe. Um povoadinho aqui, outro ali, tudo muito simples e pobre, mas a natureza é tão exuberante que dá até uma melancolia de tão bela.
Altiplano na janela
Oruro está a 3.707 m de altitude, no extremo sul do altiplano. Vale a pena reservar ao menos um dia para conhecê-la. Tente se programar para pegar o trem em direção a Uyuni no dia seguinte da sua chegada.
A cidade é conhecida entre os bolivianos como a capital folclórica do país. Seu Carnaval, que acontece praticamente na mesma época que o nosso, é concorridíssimo. Em outubro, pode-se ter uma pequena mostra do que vem a ser a maior festa popular do país, quando se comemora o Dia do Estudante.
Alunos de todas as escolas organizam desfiles pelas avenidas da cidade com fantasias e danças de forte conotação religiosa, o que ajuda a entender a presença do sincretismo que envolve a tradição e a devoção à Virgem da Candelária com a mitologia dos índios Urus. Esses mesmos desfiles se repetem em novembro, quando acontecem os preparativos para o Carnaval.
Os jovens chegam a caminhar mais de 3 km pelas ruas da cidade em direção à igreja Santuário del Socavón, onde funcionava um antigo ritual Uru, um povo pré-colombiano que alcançou um notável desenvolvimento na elaboração de objetos cerâmicos.
A igreja atual, construída em 1781, recebeu o nome inicial de igreja de Nossa Senhora de Copacabana. Seus fiéis veneravam a virgem da Candelária, patrona dos mineiros, imagem que, em Oruro, é conhecida como a Virgem de Socavón.
Preste atenção. No fundo da igreja, há um acesso subterrâneo a uma antiga mina de prata. Compre seu ingresso (cinco bolivianos) e vá conhecê-la. Lá embaixo, o visitante se depara com imagens de "demônios".
Durante o processo de catequização dos indígenas, eles aprenderam que "Deus" estava no céu, e o "Diabo", na terra. Para não romper o mito nem espantar os trabalhadores que iriam "encontrar" com o "Diabo" no fundo da terra, os colonizadores espanhóis diziam que os índios poderiam trabalhar nas minas desde que fizessem oferendas. Por isso, até hoje é comum encontrar imagens diabólicas com bebidas, dinheiro e cigarro nos corredores das minas desativadas.
Roberto de Oliveira viajou a convite da LAB (Lloyd Aereo Boliviano) e da operadora Natural Mar.
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