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13/01/2005
-
09h34
da Folha de S.Paulo, em Londres
Esqueça o "bú". Quem for ao passeio que percorre as ruas nas quais Jack, o Estripador, matou e estripou suas vítimas esperando por gritos assustadores e muito medo sairá decepcionado.
Isso porque trilhar os caminhos em que um dos personagens mais marcantes do período vitoriano matou cinco prostitutas é uma verdadeira aula de história e não exatamente um show de horrores, em que atores fantasiados saltam na frente dos espectadores.
Logo no começo da caminhada, que não dura mais do que duas horas, a Londres de 1888 é relembrada, principalmente a da Revolução Industrial, fato fundamental para entender os aspectos culturais que envolvem o mito Jack, que aterrorizou Whitechapel, em East End, naquele ano.
São inúmeros os grupos londrinos que promovem o passeio de Jack, afinal, o valor médio por pessoa é de 5 libras --são cerca de 20 pessoas por passeio. Dessa maneira, cada um briga com a arma que tem, seja vendendo a credibilidade de seus guias, seja ressaltando ser o único grupo a mostrar fotos dos lugares visitados, originais da época, seja permitindo que o turista não pague pelo passeio caso não goste.
Intitulada a original companhia de passeios turísticos, a London Walks foi criada por volta de 1960 e tem como chamariz o fato de um dos guias, Donald Rumbelow, ser reconhecido como uma autoridade no assunto. Grande historiador britânico de crimes, o guia foi curador do Police Crime Museum, presidente da Crime Writer's Association (associação que reúne autores de livros policiais) e ainda autor do livro "Jack the Ripper: The Complete Casebook".
Contudo, por sua ilustre fama, alguns grupos se passam por guias do London Walks.
Mas isso não quer dizer que somente a London Walks ofereça satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. Em alguns dos folhetos de propaganda dos passeios de Jack --distribuídos em hotéis, agências de turismo e até mesmo de mão em mão--, esse é exatamente o apelo: caso o turista não goste do passeio, não paga.
Já a companhia Jack the Ripper Walk promete deixar o passeio mais horripilante exibindo fotos originais da época --além de fotos das vítimas. Dessa maneira, é possível observar as mudanças arquitetônicas ocorridas desde então.
Quem quiser aliar história a um clima bem mais assombroso, pleno de efeitos especiais de dar medo --com direito a fotos, bonecos e animação e muito "bú"--, pode procurar por "The London Dungeon", um museu de horrores que não só simula os assassinatos cometidos por Jack mas também outros igualmente assustadores. Informações e reservas em www.thedungeons.com.
Do inferno
Fazer o passeio de Jack, o Estripador e depois assistir (ou ler) ao "Do Inferno" ou vice-versa é enriquecedor. O filme, além de contar uma --das várias-- teoria sobre Jack, pode ser também visto como um retrato do modo de vida de uma prostituta na época.
Na primeira metade do filme, há uma cena em que as meretrizes dormiam sentadas e amarradas. Difícil de entender. Os guias que fazem o passeio estão aptos a esclarecer essa dúvida. Havia duas opções de estada para os menos abastados: era possível dormir deitado em uma cama ou então sentado ou de pé, amarrado à parede, escolha menos confortável, porém bem mais econômica.
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Londres: Caminhada ressuscita Jack, o Estripador
ANA PAULA DE OLIVEIRAda Folha de S.Paulo, em Londres
Esqueça o "bú". Quem for ao passeio que percorre as ruas nas quais Jack, o Estripador, matou e estripou suas vítimas esperando por gritos assustadores e muito medo sairá decepcionado.
Isso porque trilhar os caminhos em que um dos personagens mais marcantes do período vitoriano matou cinco prostitutas é uma verdadeira aula de história e não exatamente um show de horrores, em que atores fantasiados saltam na frente dos espectadores.
Logo no começo da caminhada, que não dura mais do que duas horas, a Londres de 1888 é relembrada, principalmente a da Revolução Industrial, fato fundamental para entender os aspectos culturais que envolvem o mito Jack, que aterrorizou Whitechapel, em East End, naquele ano.
São inúmeros os grupos londrinos que promovem o passeio de Jack, afinal, o valor médio por pessoa é de 5 libras --são cerca de 20 pessoas por passeio. Dessa maneira, cada um briga com a arma que tem, seja vendendo a credibilidade de seus guias, seja ressaltando ser o único grupo a mostrar fotos dos lugares visitados, originais da época, seja permitindo que o turista não pague pelo passeio caso não goste.
Intitulada a original companhia de passeios turísticos, a London Walks foi criada por volta de 1960 e tem como chamariz o fato de um dos guias, Donald Rumbelow, ser reconhecido como uma autoridade no assunto. Grande historiador britânico de crimes, o guia foi curador do Police Crime Museum, presidente da Crime Writer's Association (associação que reúne autores de livros policiais) e ainda autor do livro "Jack the Ripper: The Complete Casebook".
Contudo, por sua ilustre fama, alguns grupos se passam por guias do London Walks.
Mas isso não quer dizer que somente a London Walks ofereça satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. Em alguns dos folhetos de propaganda dos passeios de Jack --distribuídos em hotéis, agências de turismo e até mesmo de mão em mão--, esse é exatamente o apelo: caso o turista não goste do passeio, não paga.
Já a companhia Jack the Ripper Walk promete deixar o passeio mais horripilante exibindo fotos originais da época --além de fotos das vítimas. Dessa maneira, é possível observar as mudanças arquitetônicas ocorridas desde então.
Quem quiser aliar história a um clima bem mais assombroso, pleno de efeitos especiais de dar medo --com direito a fotos, bonecos e animação e muito "bú"--, pode procurar por "The London Dungeon", um museu de horrores que não só simula os assassinatos cometidos por Jack mas também outros igualmente assustadores. Informações e reservas em www.thedungeons.com.
Do inferno
Fazer o passeio de Jack, o Estripador e depois assistir (ou ler) ao "Do Inferno" ou vice-versa é enriquecedor. O filme, além de contar uma --das várias-- teoria sobre Jack, pode ser também visto como um retrato do modo de vida de uma prostituta na época.
Na primeira metade do filme, há uma cena em que as meretrizes dormiam sentadas e amarradas. Difícil de entender. Os guias que fazem o passeio estão aptos a esclarecer essa dúvida. Havia duas opções de estada para os menos abastados: era possível dormir deitado em uma cama ou então sentado ou de pé, amarrado à parede, escolha menos confortável, porém bem mais econômica.
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