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03/03/2005 - 09h34

Praga floresce por meio de luz e sombras

ANTONIO ARRUDA
Colaboração para a Folha, em Praga

Acomete-nos uma espécie de deslumbramento permanente: a "jóia de pedra", como a denominou Goethe, impressiona a todo momento. Estar em Praga é como vivenciar muitos tempos ao mesmo tempo, desvendar muitos lugares em um mesmo lugar, rememorar uma história sem tê-la vivido.

Rara cidade que a guerra não demoliu por completo, a capital da República Tcheca conserva intactas antigas construções -castelo, palácios, catedrais, igrejas e conventos, museus, salas de concerto, pontes e viadutos, torres, cemitérios.

Antonio Arruda/Folha Imagem
Escultura diante da sala de concerto Rudolfinum, uma das mais importantes da cidade
Praga é um museu a céu aberto, tamanha a completude do conjunto arquitetônico. Os olhos, assim, surpreendem-se a cada instante com o que é imponente: a enorme catedral São Vito, no castelo de Praga, a Casa Municipal, com seu ouro e suas pinturas, ou a torre gótica que fica no fim da ponte São Carlos.

Mas também os olhos param diante de portas, janelas e escadas. Praga nos faz andar com a cabeça alçada ao céu, admirando as torres e os cumes das catedrais, ao mesmo tempo que nos faz fixar os olhos em um detalhe de uma pintura, em um lustre de um saguão de teatro ou em um piso de uma sala de concertos.

Espalhadas ora entre, ora sobre as construções, estátuas parecem vigiar a todo tempo o viajante. A cada curva ao fim de uma rua estreita e de paralelepípedos é possível se deparar com um exemplo da arquitetura medieval, uma escultura barroca, uma ponte do século 15 e por aí adiante (ou para trás, se for o caso de conhecer uma sinagoga do século 13).

Sinfonias da primavera

Cortada pelo rio Vltava, Praga pode ser dividida em seis partes principais: Josefov (bairro judeu), Staré Mésto (Cidade Velha, onde está o centro), Nové Mésto (Cidade Nova) e Vysehrad, que ficam na margem direita do rio; e Malá Strana (a Cidade Pequena, onde todas as construções são anteriores ao século 19) e Hradcany (bairro onde fica o castelo de Praga e onde foi fundada a cidade), que estão na margem esquerda. Ainda que um dia em cada região dê para conhecê-las bem, sempre fica o gostinho de voltar no dia seguinte para o mesmo lugar, para descobrir novos edifícios ou contemplar as estátuas de uma igreja.

Esteja em qual região estiver, o turista dificilmente vai dar mais de cem passos sem que veja um cartaz anunciando uma ópera ou uma sinfonia. Dois teatros centralizam as apresentações de ópera: o Teatro Nacional (www.nationaltheatre.cz) e a Ópera Estatal de Praga (www.opera.cz).

Praga respira música: é berço de compositores como Antonín Dvorák (1841-1904) e Bedrich Smetana (1824-1884), músicos que investiram nos temas tchecos e os divulgaram em suas peças. A capital acolhe mais de dez salas de concertos (além das igrejas, cerca de 15, onde também acontecem apresentações de música erudita), sete casas de shows e, no verão, seis grandes jardins viram palco de concertos ao ar livre.

Mas é na primavera -época em que a temperatura amena e as flores animam ainda mais os turistas- que a cidade se torna um dos principais centros mundiais de música erudita. O Festival Internacional de Música de Praga, também conhecido como Festival da Primavera, que neste ano acontece de 2 de maio a 4 de junho, reúne a nata da erudição musical de todo o mundo: da sinfônica de Londres à filarmônica de Praga, o turista pode conferir peças famosas e também de jovens compositores, executadas por músicos da mais alta estirpe (é possível conferir a programação e reservar ingressos pelo site www.festival.cz).

Não bastasse, há na cidade mais de 30 teatros (incluindo o de marionetes, o Black & Light Theatre e o Laterna Magika), a mesma quantidade de museus, além de mais de 15 galerias de arte. Mas também nas ruas encontram-se muitos artistas -pintores e músicos-, e não dá para desconsiderar as feiras de artesanato, ricas e diversificadas, com destaque para os ovos (de madeira, de tecido, de porcelana, todos ricamente trabalhados), as marionetes, as pequeninas bonecas russas, as caixas marchetadas e os brinquedos de madeira.

Durante a noite, a luz nas ruas é pouca (não concorre, assim, com a iluminação dos edifícios e das estátuas), o que faz de Praga misteriosa e sombria. Pareceria óbvio dizer que o clima torna-se kafkiano durante esse tempo, mas, nesse caso, o óbvio torna-se o incomum: não é sempre que se pode sentir em uma atmosfera kafkaniana estando na terra natal de Franz Kafka.

Quando já não há mais música nas ruas e o burburinho dos turistas é bem menor, no silêncio quase absoluto, a ponte São Carlos e suas 30 estátuas, o rio Vltava, o gótico portão de Pólvora, as torres da São Vito, ao longe -tudo parece um grande cenário de um sonho onde, agora, também se tem momentos de temor. Mas, ali, mesmo a temeridade parece nascer da beleza. E, ainda mais do que bela, Praga é uma anciã que conta histórias e guarda segredos e tesouros que há milênios vêm construindo a humanidade.

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