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24/03/2005 - 09h00

Fios de prata e ouro dão forma a artesanato nativo

HELOISA LUPINACCI
da Folha de S. Paulo, no Paraguai

A 12 km e a 29 km de Assunção, Luque e Itaguá, respectivamente, reúnem lojas que vendem artesanatos feitos de materiais diferentes, mas ambos usados como fios.

Luque é a capital das jóias de filigrana, feitas com fios de prata ou de ouro que ganham forma por meio de moldes.

O resultado são peças de extrema delicadeza, que, por vezes, têm um belo efeito de sobreposição. Os anéis --em geral, as peças mais baratas-- custam em média 77 mil guaranis (R$ 35). Já enfeites em forma de borboleta --normalmente, os mais caros-- saem por, em média, 1,8 milhão de guaranis (R$ 820).

Para chegar a Luque a partir de Assunção, pode-se pegar um ônibus intermunicipal, que custa 1.800 guaranis (R$ 0,81) ou um táxi --a corrida custa cerca de 60 mil guaranis (R$ 27).

Renda de Itaguá

Na primeira vez que vir os círculos de ñanditu bordados, o visitante provavelmente vai esfregar os olhos achando que nada pode ser assim tão colorido e delicado.

O ñanditu é o trabalho artesanal típico do Paraguai que mais chama a atenção. Ele é quase todo produzido em Itaguá.

A renda foi criada pelos índios guaranis, e sua origem é contada em uma lenda que reza ter havido, em uma tribo, uma filha de cacique de formosura ímpar. Todos a queriam como mulher, mas a garota tinha um paquera: um índio magricela.

Quando ela atingiu a idade de casar, o cacique abriu um concurso para escolher seu marido. O vencedor seria aquele que trouxesse o presente mais belo. Um bravo guerreiro chegou com a pele de um bicho raro, mas, para consegui-la, teve de lutar com o bicho, que lhe comeu o braço. Também surgiu um guerreiro feroz com uma flor fantástica. Para apanhar o presente, ele lutou com feras e perdeu uma das perna.

Já aquele pretendente magricela tinha plena consciência de que não ganharia o concurso porque não poderia lutar contra as feras. Ele se sentou sob uma bananeira para lamentar suas poucas chances. E dormiu. Quando acordou, no raiar do sol, viu uma teia de aranha úmida de orvalho que refletia o espectro de cores da luz.

Encantado, foi pedir à sua mãe que a reproduzisse. A mãe, que já sabia como era bonita essa visão, pegou fios de seus cabelos, tingiu-os de diversas cores e juntou a eles palha de coqueiro. Com o material, fez o primeiro ñanditu --teia de aranha em guarani. Ao apresentar o regalo, o índio foi consagrado campeão e pôde casar-se com a amada.

Em Itaguá, há dezenas de lojas que vendem a renda. Em uma delas, Maria Britez Navarro, de 66 anos, vende seu artesanato e, entre um gole de tereré e outro, borda diversas toalhas com ñanditu. "Faço isso desde os oito anos", afirma ela, que aprendeu a arte observando sua mãe.

Para fazer o bordado, ela prende um pedaço de tecido em um bastidor e começa a fazer os pontos. Os primeiros são presos no tecido --são os contornos dos círculos--, os outros são "voadores" ou "pontos de ar", ficam presos aos pontos que já existem, e não ao tecido. Quando acaba, ela recorta o tecido de baixo, cuidando para não soltar pontos. O resultado é uma renda multicolorida sobre o tecido vazado.

Há 76 tipos de ponto, que levam nomes como flor-de-goiaba, o mais difícil, e garra-de-gato, o mais simples. Para fazer um trabalho, leva-se em média 22 dias, trabalhando dez horas diárias. Um pedacinho, com um círculo, custa o equivalente a R$ 2.

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