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30/06/2005 - 10h38

Perturbadora, Ouro Preto mistura brilho e cenário de destruição

MARGARETE MAGALHÃES
Enviada especial da Folha de S.Paulo às cidades históricas (MG)

Ouro Preto perturba. Ao mesmo tempo que tem debaixo dos olhos obras de gênios do barroco, como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (c.1738-1814), e Manuel da Costa Athayde (1762 -1830), prédios e a praça que remetem ao ciclo da mineração e à Inconfidência, o turista é levado a observar um cenário de destruição e desmazelo.

Igrejas levantadas nos séculos 18 e 19 hoje estão repletas de infiltrações no teto e nas paredes e devastadas pela ação de cupins; ruínas de um casarão do século 18 (que veio abaixo após um incêndio em 2003) permanecem cobertas por tapumes. Como se isso não bastasse, é constante o tremor causado pelos ônibus que passam diariamente em terreno histórico.

Para o bem e para o mal, a cidade ainda brilha. Ao visitar o lugar reconhecido pela Unesco como patrimônio da humanidade, o melhor ponto de partida é a praça Tiradentes, onde numa ponta fica o Museu da Inconfidência e na outra o Museu de Mineralogia da Escola de Minas, e daí seguir para os templos barrocos.

De um lado da praça Tiradentes, fica a matriz Antônio Dias; do outro, a do Pilar. As famosas igrejas, como a da Ordem Terceira de São Francisco de Assis e a Nossa Senhora do Carmo, se submetem a essas duas importantes paróquias. É interessante ver que até hoje os moradores deixam claro a qual freguesia pertencem.

Isso é resquício dos tempos do ouro, quando a antiga Vila Rica tinha dois arraiais, Ouro Preto de um lado, com a matriz do Pilar, também chamada de Fundo de Ouro Preto, e Antônio Dias do outro, com a igreja Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, ambas no comando.

Com duas matrizes, quando há procissão ali, ela parte da de Antônio Dias rumo à do Pilar, cruzando a praça Tiradentes, ou vice-versa. As igrejas têm aspectos afins. Antônio Dias, que começou a ser erguida em 1727, tem oito altares laterais e abriga o Museu de Aleijadinho. Do outro lado, a do Pilar, de 1731, tem seis retábulos, púlpitos e muito ouro. Desde 2000, o Museu de Arte Sacra de Ouro Preto fica lá.

Pertencente à freguesia de Antônio Dias, a igreja São Francisco de Assis, que começou a ser levantada em 1766, é uma das obras mais lindas de Ouro Preto. É o máximo do rococó, e o forro de mestre Athayde com anjos que marcaram o estilo deixam o pescoço dolorido. Também rococó, a Nossa Senhora do Carmo, 1766 a 1772, encanta.

Um pouco fora do circuito turístico de templos ao redor da praça Tiradentes, duas igrejas no Morro da Queimada mostram uma parte onde a arquitetura colonial mistura-se à urbanização descontrolada, a sobrados e a puxadinhos de alvenaria.

Nesse bairro, visite a Santa Ifigênia e a capela do Padre Faria. Essas seriam igrejas de escravos. Naquela época, cada fiel tinha sua irmandade (brancos, mulatos e negros), e as igrejas eram levantadas por doações e para mostrar a devoção a determinado santo e o quanto de dinheiro seus fiéis podiam dispor para deixá-la mais rica. Ao ir ao outro lado dá para entender um pouco dessa lógica. A construção da primeira, de 1720 a 1785, é atribuída a Chico Rei, escravo que conquistou sua liberdade e comprou a de outros companheiros com dinheiro obtido na exploração de minas.

Quem não estiver disposto a caminhar e enfrentar subidas íngremes pode pegar um ônibus que vai a Padre Faria em frente à feira de artesanato no largo do Coimbra, diante da igreja São Francisco de Assis.

Museu Aleijadinho - de ter. a sáb., das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h, aos dom., das 12h às 17h; Museu de Arte Sacra - de ter. a dom., das 9h às 10h45 e das 12h às 16h45.

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