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30/06/2005
-
10h41
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Ibitipoca (MG)
Um parque com as belezas que só a natureza oferece. Uma vila com a simpatia e a simplicidade que só Minas Gerais tem. É a região do Ibitipoca, no sudoeste do Estado, que parece cenário de um conto de Guimarães Rosa.
E, como na obra do autor mineiro, pessoas e cenário se fundem, os nomes são misteriosos e as lendas são muitas. Janela do Céu, Pedra Furada, Lago das Miragens e Poço Preto são nomes das cachoeiras, grutas, lagoas e formações rochosas que tanto fascinam pela beleza quanto oferecem momentos de relaxamento.
Ibitipoca não é só um lugar para ser visto. É lugar para ser experimentado e saboreado.
Do tupi "ibiti" (serra, montanha ou pedra) e "poca" (que explode, que estala), o nome deve-se provavelmente à freqüente ocorrência de tempestades elétricas favorecida pela presença da segunda maior quantidade de quartzito no mundo, tipo de rocha mais comum na região (de solo frágil e arenoso), causando preocupação de geólogos, biólogos e ambientalistas quanto à preservação. Por isso o número de visitantes é controlado pelas autoridades do parque estadual que protege o local.
O parque, criado em 1973, possui 1.900 hectares localizados nos municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca. Orquídeas, bromélias e liquens fazem parte da rica flora e podem ser vistos em toda parte. A fauna, igualmente rica, já não se mostra com facilidade, mas lobos-guará, bugios, micos, uma grande variedade de pássaros, insetos e répteis e até a onça pintada podem aparecer para o visitante com sorte.
O local tem boa estrutura, com área de camping, centro de informações, lanchonete e guias. O visitante pode optar por uma das muitas trilhas, de distâncias e atrativos para todos os gostos.
Assim é, por exemplo, o chamado circuito das águas, que percorre por 7 km o rio Salto com suas águas douradas. No lago das Miragens, surge a primeira oportunidade para o banho frio e revigorante. Seguindo, o rio atravessa a montanha, formando a Ponte de Pedra, espécie de túnel natural com seu arco de 25 metros, e despenca formando a cachoeira dos Macacos. A volta do passeio se faz por cima de um imenso paredão, sobre a Ponte de Pedra.
Mais longo é o percurso que leva até o pico do Pião, de 1.772 metros, e a uma cadeia de paredões de mais de 15 km de extensão.
Outra caminhada é a que leva à cachoeira da Janela do Céu, passando pela gruta dos Fugitivos, refúgio dos escravos na época do ouro, gruta dos Moreira e gruta dos Três Arcos, um dos lugares mais impressionantes do parque. Do tamanho de um ginásio, de forma quase redonda, é sustentada por três colunas de pedra compondo três imensas entradas em forma de arco de dar inveja a Oscar Niemeyer. Um templo da natureza que convida ao silêncio.
A vila histórica
A Vila de Conceição do Ibitipoca é um dos primeiros povoados mineiros do ciclo do ouro e tem mais de 300 anos. A bandeira do padre João Fialho ali chegou em 1692 em busca do metal precioso e, em 1715, Ibitipoca já recolhia imposto para a coroa portuguesa. Situada no caminho do ouro, entre Vila Rica (atual Ouro Preto) e o porto de Paraty, era também entreposto comercial da passagem dos tropeiros e contrabandistas no século 18, chegando a ter 7.000 habitantes. O ouro durou pouco e, no século 19, a vila entrou em decadência, ficando esquecida por mais de 150 anos até a descoberta dos turistas na década de 70.
Hoje, Ibitipoca possui pouco mais de 200 casas e duas igrejas. A singela igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, de 1768, é a construção mais importante do povoado e carece de cuidados. Seu belo altar-mor, assim como os móveis e pinturas, está em estado lastimável de conservação.
Já a igreja de Nossa Senhora do Rosário, do início do século 19, foi construída pelos negros impedidos de freqüentar a igreja matriz
A vila e o parque oferecem atrativos diferentes: se o parque tem paisagens, a vila tem essa simpática população sempre disposta a jogar conversa fora, seja sob a magnífica figueira da praça, seja nas mesas dos botecos, onde se serve boa cachaça.
Minas é um lugar misterioso, onde a beleza muitas vezes se esconde. Pode estar atrás de uma curva de rio ou numa panela de barro. É um lugar para ser descoberto aos poucos, como um conto de Guimarães Rosa.
O repórter-fotográfico Tuca Vieira viajou a convite da Associação dos Hoteleiros, Pousadas e Restaurantes de Ibitipoca.
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TUCA VIEIRAEnviado especial da Folha de S.Paulo a Ibitipoca (MG)
Um parque com as belezas que só a natureza oferece. Uma vila com a simpatia e a simplicidade que só Minas Gerais tem. É a região do Ibitipoca, no sudoeste do Estado, que parece cenário de um conto de Guimarães Rosa.
E, como na obra do autor mineiro, pessoas e cenário se fundem, os nomes são misteriosos e as lendas são muitas. Janela do Céu, Pedra Furada, Lago das Miragens e Poço Preto são nomes das cachoeiras, grutas, lagoas e formações rochosas que tanto fascinam pela beleza quanto oferecem momentos de relaxamento.
Ibitipoca não é só um lugar para ser visto. É lugar para ser experimentado e saboreado.
Do tupi "ibiti" (serra, montanha ou pedra) e "poca" (que explode, que estala), o nome deve-se provavelmente à freqüente ocorrência de tempestades elétricas favorecida pela presença da segunda maior quantidade de quartzito no mundo, tipo de rocha mais comum na região (de solo frágil e arenoso), causando preocupação de geólogos, biólogos e ambientalistas quanto à preservação. Por isso o número de visitantes é controlado pelas autoridades do parque estadual que protege o local.
O parque, criado em 1973, possui 1.900 hectares localizados nos municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca. Orquídeas, bromélias e liquens fazem parte da rica flora e podem ser vistos em toda parte. A fauna, igualmente rica, já não se mostra com facilidade, mas lobos-guará, bugios, micos, uma grande variedade de pássaros, insetos e répteis e até a onça pintada podem aparecer para o visitante com sorte.
O local tem boa estrutura, com área de camping, centro de informações, lanchonete e guias. O visitante pode optar por uma das muitas trilhas, de distâncias e atrativos para todos os gostos.
Assim é, por exemplo, o chamado circuito das águas, que percorre por 7 km o rio Salto com suas águas douradas. No lago das Miragens, surge a primeira oportunidade para o banho frio e revigorante. Seguindo, o rio atravessa a montanha, formando a Ponte de Pedra, espécie de túnel natural com seu arco de 25 metros, e despenca formando a cachoeira dos Macacos. A volta do passeio se faz por cima de um imenso paredão, sobre a Ponte de Pedra.
Mais longo é o percurso que leva até o pico do Pião, de 1.772 metros, e a uma cadeia de paredões de mais de 15 km de extensão.
Outra caminhada é a que leva à cachoeira da Janela do Céu, passando pela gruta dos Fugitivos, refúgio dos escravos na época do ouro, gruta dos Moreira e gruta dos Três Arcos, um dos lugares mais impressionantes do parque. Do tamanho de um ginásio, de forma quase redonda, é sustentada por três colunas de pedra compondo três imensas entradas em forma de arco de dar inveja a Oscar Niemeyer. Um templo da natureza que convida ao silêncio.
A vila histórica
A Vila de Conceição do Ibitipoca é um dos primeiros povoados mineiros do ciclo do ouro e tem mais de 300 anos. A bandeira do padre João Fialho ali chegou em 1692 em busca do metal precioso e, em 1715, Ibitipoca já recolhia imposto para a coroa portuguesa. Situada no caminho do ouro, entre Vila Rica (atual Ouro Preto) e o porto de Paraty, era também entreposto comercial da passagem dos tropeiros e contrabandistas no século 18, chegando a ter 7.000 habitantes. O ouro durou pouco e, no século 19, a vila entrou em decadência, ficando esquecida por mais de 150 anos até a descoberta dos turistas na década de 70.
Hoje, Ibitipoca possui pouco mais de 200 casas e duas igrejas. A singela igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, de 1768, é a construção mais importante do povoado e carece de cuidados. Seu belo altar-mor, assim como os móveis e pinturas, está em estado lastimável de conservação.
Já a igreja de Nossa Senhora do Rosário, do início do século 19, foi construída pelos negros impedidos de freqüentar a igreja matriz
A vila e o parque oferecem atrativos diferentes: se o parque tem paisagens, a vila tem essa simpática população sempre disposta a jogar conversa fora, seja sob a magnífica figueira da praça, seja nas mesas dos botecos, onde se serve boa cachaça.
Minas é um lugar misterioso, onde a beleza muitas vezes se esconde. Pode estar atrás de uma curva de rio ou numa panela de barro. É um lugar para ser descoberto aos poucos, como um conto de Guimarães Rosa.
O repórter-fotográfico Tuca Vieira viajou a convite da Associação dos Hoteleiros, Pousadas e Restaurantes de Ibitipoca.
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