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28/07/2005
-
11h33
Diretora-executiva da Folha Online
CAIO VILELA
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Irã
Ficam no norte do Irã algumas de suas paisagens mais exuberantes. Picos nevados, campos cultivados e florestas fazem contraste perfeito com o deserto que ocupa o restante do país. Essa região, freqüentemente ignorada por turistas estrangeiros, é motivo de orgulho para os iranianos, que trocam sua poluída capital por balneários de charme decadente, pequenas cidades de montanha e caminhadas de todos os tipos pelo interior das montanhas Alborz. Leia sobre o monte Damavan, cujo pico é coberto de neve, o balneário Ramsar, à beira do Cáspio, e a vila de Masulé, nas encostas das montanhas Talesh.
Monte Damavan
Apenas uma hora de viagem pela sinuosa estrada que ruma para o norte conduz ao coração das montanhas Alborz. Nesse impressionante conjunto de picos nevados, destaca-se o monte Damavand, um vulcão cônico (semelhante ao monte Fuji no Japão), símbolo geográfico e ponto mais alto do Irã, com 5.671 m.
Ilustrando a nota de 10 mil riais (equivalente a pouco mais de 1), rótulos de água mineral e inúmeras placas de restaurantes a lojas de tecido, esse ícone pode ser avistado de longe em qualquer vôo que chegue ou saia de Teerã.
Seu pico permanentemente coberto de neve pode ser alcançado em três dias de trekking, para visitantes com alguma experiência em montanhismo. Ao longo da rota, há abrigos de montanha precários, e é necessário ainda acompanhamento de guia, que pode ser contratado na associação de montanhistas de Reine, na base da montanha.
A pequena cidade oferece limitada infra-estrutura, com restaurantes simples, casas de chá e pequenas pousadas --algumas contam com rústicas banheiras de águas termais.
Também saem dali dezenas de trilhas pelos vales nevados, algumas passando por altas cachoeiras, no imenso platô situado a 2.000 m de altitude.
Rasht e Ramsar
Em um país onde o deserto predomina, a verde região norte, às margens do mar Cáspio, vira motivo de orgulho, a despeito do ar decadente e das praias sujas. Espremida entre as montanhas nevadas de Alborz e o maior lago do mundo, essa úmida região de cultivo de oliveiras e de chá e produção de caviar de esturjão fascina os iranianos, a ponto de torná-la a mais povoada do país.
Próximo a Rasht, a maior cidade do norte, o porto de Bandar-é Anzali, antigo entreposto comercial russo, ainda ocupa lugar de destaque no comércio regional entre os países que circundam o mar Cáspio. Dali, barcos simples, com bancos forrados com tapetes persas, oferecem passeios ao redor dos gigantescos navios e a uma pequena área de mangue.
O balneário de Ramsar, mais a leste, conhecido pela opulência da época do xá, resume-se hoje a uns poucos restaurantes, um hotel que exibe marcas de seus tempos de glória e uma praia pedregosa e suja. Um pouco adiante, na rodovia que percorre a margem do lago, o teleférico de Namak Abrud sobe os 1.050 m do monte Medovin. Em dias claros, vêem-se as montanhas, o lago, a floresta e os campos de cultivo.
Popular entre os teeranis, a região vale a visita para quem vai à aldeia de Masuleh ou ao monte Damavand.
Vila de Masulé
De longe, a sucessão de terraços nas encostas das montanhas Talesh parece uma indistinta aglomeração de construções simples e pálidas. Porém, conforme o visitante se aproxima delas, as fileiras de casinhas cor de creme, acomodadas umas sobre as outras, revelam uma arquitetura singular, que parece ser uma extensão natural da rocha.
Mas para compor um retrato completo da pequena vila de Masulé é preciso juntar a tudo isso o clima ameno, o colorido artesanato e as dezenas de trilhas que cortam a floresta (ainda virgem) ao redor do lugarejo.
No bazar que percorre as ruas de pedra --construídas sobre os tetos planos das casas imediatamente inferiores--, vendedores oferecem meias de lã desenhadas em padrões geométricos e um sapato típico conhecido como "chamush", ambos artigos de vestuário famosos em todo o país.
No alto da vila, cerca de 100 m acima das primeiras construções no sopé da montanha, casas de chá com amplos terraços apresentam a vista do vale para quem se dispõe a percorrer a pé o caminho que leva ao topo.
Por toda parte, os guias tentam conduzir os turistas aos arredores da cidade. Não é necessário. Basta perder-se no labirinto de ruas de Masulé para absorver sua atmosfera milenar.
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ANA LUCIA BUSCHDiretora-executiva da Folha Online
CAIO VILELA
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Irã
Ficam no norte do Irã algumas de suas paisagens mais exuberantes. Picos nevados, campos cultivados e florestas fazem contraste perfeito com o deserto que ocupa o restante do país. Essa região, freqüentemente ignorada por turistas estrangeiros, é motivo de orgulho para os iranianos, que trocam sua poluída capital por balneários de charme decadente, pequenas cidades de montanha e caminhadas de todos os tipos pelo interior das montanhas Alborz. Leia sobre o monte Damavan, cujo pico é coberto de neve, o balneário Ramsar, à beira do Cáspio, e a vila de Masulé, nas encostas das montanhas Talesh.
Monte Damavan
Caio Vilela |
Monte Damavand, o mais alto do Irã |
Ilustrando a nota de 10 mil riais (equivalente a pouco mais de 1), rótulos de água mineral e inúmeras placas de restaurantes a lojas de tecido, esse ícone pode ser avistado de longe em qualquer vôo que chegue ou saia de Teerã.
Seu pico permanentemente coberto de neve pode ser alcançado em três dias de trekking, para visitantes com alguma experiência em montanhismo. Ao longo da rota, há abrigos de montanha precários, e é necessário ainda acompanhamento de guia, que pode ser contratado na associação de montanhistas de Reine, na base da montanha.
A pequena cidade oferece limitada infra-estrutura, com restaurantes simples, casas de chá e pequenas pousadas --algumas contam com rústicas banheiras de águas termais.
Também saem dali dezenas de trilhas pelos vales nevados, algumas passando por altas cachoeiras, no imenso platô situado a 2.000 m de altitude.
Rasht e Ramsar
Em um país onde o deserto predomina, a verde região norte, às margens do mar Cáspio, vira motivo de orgulho, a despeito do ar decadente e das praias sujas. Espremida entre as montanhas nevadas de Alborz e o maior lago do mundo, essa úmida região de cultivo de oliveiras e de chá e produção de caviar de esturjão fascina os iranianos, a ponto de torná-la a mais povoada do país.
Próximo a Rasht, a maior cidade do norte, o porto de Bandar-é Anzali, antigo entreposto comercial russo, ainda ocupa lugar de destaque no comércio regional entre os países que circundam o mar Cáspio. Dali, barcos simples, com bancos forrados com tapetes persas, oferecem passeios ao redor dos gigantescos navios e a uma pequena área de mangue.
O balneário de Ramsar, mais a leste, conhecido pela opulência da época do xá, resume-se hoje a uns poucos restaurantes, um hotel que exibe marcas de seus tempos de glória e uma praia pedregosa e suja. Um pouco adiante, na rodovia que percorre a margem do lago, o teleférico de Namak Abrud sobe os 1.050 m do monte Medovin. Em dias claros, vêem-se as montanhas, o lago, a floresta e os campos de cultivo.
Popular entre os teeranis, a região vale a visita para quem vai à aldeia de Masuleh ou ao monte Damavand.
Vila de Masulé
Caio Vilela |
Vista de Masulé, no norte do Irã |
Mas para compor um retrato completo da pequena vila de Masulé é preciso juntar a tudo isso o clima ameno, o colorido artesanato e as dezenas de trilhas que cortam a floresta (ainda virgem) ao redor do lugarejo.
No bazar que percorre as ruas de pedra --construídas sobre os tetos planos das casas imediatamente inferiores--, vendedores oferecem meias de lã desenhadas em padrões geométricos e um sapato típico conhecido como "chamush", ambos artigos de vestuário famosos em todo o país.
No alto da vila, cerca de 100 m acima das primeiras construções no sopé da montanha, casas de chá com amplos terraços apresentam a vista do vale para quem se dispõe a percorrer a pé o caminho que leva ao topo.
Por toda parte, os guias tentam conduzir os turistas aos arredores da cidade. Não é necessário. Basta perder-se no labirinto de ruas de Masulé para absorver sua atmosfera milenar.
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