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24/11/2005
-
09h00
Enviado especial da Folha de S.Paulo à Bélgica
A Bélgica é injustamente um dos patinhos feios do turismo europeu. O país, amistoso e belíssimo, é raramente incluído nos roteiros que buscam o que ele tem de sobra: monumentos históricos, passeios, gastronomia e entretenimento de qualidade.
Os belgas estão nesta semana em evidência, com a visita a São Paulo, Rio, Brasília e Porto Alegre de uma missão econômica chefiada pelo príncipe Felipe, herdeiro do trono dessa monarquia de pouco mais de 10 milhões de habitantes, acompanhado de representantes de 93 empresas interessadas em investimentos e no incremento do comércio bilateral --US$ 2,5 bilhões, em 2004.
A história belga está associada à da Holanda, da qual se separou em 1830, e a tudo o que se passou em termos políticos, como a dominação espanhola, francesa ou austríaca nos Países Baixos.
É antes de mais nada uma região européia em que o acúmulo de riquezas por séculos seguidos permitiu investir maciçamente na arquitetura e nas artes.
Cidades como Bruges, Bruxelas, Liège, Gent, Namur ou Antuérpia têm centros históricos com forte concentração de igrejas e prédios do período gótico. Em Bruxelas, a capital, há 14 museus, com algumas coleções incríveis.
Um exemplo: Museu Real de Belas Artes. Tem uma bela coleção de telas de Jan Bruegel (entre elas a "A Queda de Ícaro") e ainda 32 retratos ou painéis gigantescos com cenas sacras de Rubens. Nas salas do século 20, telas do surrealista René Magritte e sua coleção doada ao morrer, em 1967.
Existe também o Museu Real de Arte e História, com coleção de tapeçaria e esculturas do século 16. Seu espaço de exposições provisórias abriga até o fim do ano um acervo sobre móveis e peças art nouveau. O Museu de Instrumentos Musicais tem um acervo de 1.500 peças. Ainda no campo da alta cultura, Bruxelas tem o La Monnaie, uma das principais casas de ópera da Europa, inaugurada em 1700 e reformada em 1819.
E, sobretudo, a Grand Place, espécie de museu a céu aberto, classificado como patrimônio da humanidade pela Unesco. São 34 prédios medievais, renascentistas ou do século 18, uma concentração única de pedras com muita história para contar. Vale a pena percorrer por dentro os que estão abertos à visitação. Os principais são a Casa do Rei, a Casa dos Duques de Brabante e a Prefeitura (Hotel de Ville), de 1402.
A Bélgica, ao lado da Alemanha, da Dinamarca e da República Tcheca, é também o país da cerveja. Seus habitantes adultos bebem em média 150 litros por ano. Há 50 mil pontos de venda da bebida --um para cada 200 habitantes.
Quanto à culinária, uma visão anedótica associa o belga apenas à batata frita. A batata veio do Peru, pela mão dos espanhóis. Mas foi por influência dos reis da França que ela se popularizou.
Os bastões de batata frita são mergulhados duas vezes na gordura incandescente, a temperaturas diferentes e idealmente esfriados entre as duas operações. É isso que dá à batata frita na Bélgica um contraste entre o interior molinho e a crosta enrijecida.
Em Bruxelas, o turista saberá de imediato que está na capital administrativa da União Européia. Um décimo da população trabalha direta ou indiretamente para o Conselho, para o Parlamento ou para os lobbies regionais. O mais belo em termos de instalações é o dos alemães da Baviera.
O principal edifício das instituições da Europa é o Carlos Magno. Se der sorte, o turista poderá presenciar uma das sessões do Parlamento, uma torre de Babel com seus quase 700 deputados de 25 países e que exigem em permanência 220 tradutores.
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JOÃO BATISTA NATALIEnviado especial da Folha de S.Paulo à Bélgica
A Bélgica é injustamente um dos patinhos feios do turismo europeu. O país, amistoso e belíssimo, é raramente incluído nos roteiros que buscam o que ele tem de sobra: monumentos históricos, passeios, gastronomia e entretenimento de qualidade.
J.B.Natali/Folha Imagem |
Estátua eqüestre do rei Leopoldo 2º |
A história belga está associada à da Holanda, da qual se separou em 1830, e a tudo o que se passou em termos políticos, como a dominação espanhola, francesa ou austríaca nos Países Baixos.
É antes de mais nada uma região européia em que o acúmulo de riquezas por séculos seguidos permitiu investir maciçamente na arquitetura e nas artes.
Cidades como Bruges, Bruxelas, Liège, Gent, Namur ou Antuérpia têm centros históricos com forte concentração de igrejas e prédios do período gótico. Em Bruxelas, a capital, há 14 museus, com algumas coleções incríveis.
Um exemplo: Museu Real de Belas Artes. Tem uma bela coleção de telas de Jan Bruegel (entre elas a "A Queda de Ícaro") e ainda 32 retratos ou painéis gigantescos com cenas sacras de Rubens. Nas salas do século 20, telas do surrealista René Magritte e sua coleção doada ao morrer, em 1967.
Existe também o Museu Real de Arte e História, com coleção de tapeçaria e esculturas do século 16. Seu espaço de exposições provisórias abriga até o fim do ano um acervo sobre móveis e peças art nouveau. O Museu de Instrumentos Musicais tem um acervo de 1.500 peças. Ainda no campo da alta cultura, Bruxelas tem o La Monnaie, uma das principais casas de ópera da Europa, inaugurada em 1700 e reformada em 1819.
E, sobretudo, a Grand Place, espécie de museu a céu aberto, classificado como patrimônio da humanidade pela Unesco. São 34 prédios medievais, renascentistas ou do século 18, uma concentração única de pedras com muita história para contar. Vale a pena percorrer por dentro os que estão abertos à visitação. Os principais são a Casa do Rei, a Casa dos Duques de Brabante e a Prefeitura (Hotel de Ville), de 1402.
A Bélgica, ao lado da Alemanha, da Dinamarca e da República Tcheca, é também o país da cerveja. Seus habitantes adultos bebem em média 150 litros por ano. Há 50 mil pontos de venda da bebida --um para cada 200 habitantes.
Quanto à culinária, uma visão anedótica associa o belga apenas à batata frita. A batata veio do Peru, pela mão dos espanhóis. Mas foi por influência dos reis da França que ela se popularizou.
Os bastões de batata frita são mergulhados duas vezes na gordura incandescente, a temperaturas diferentes e idealmente esfriados entre as duas operações. É isso que dá à batata frita na Bélgica um contraste entre o interior molinho e a crosta enrijecida.
Em Bruxelas, o turista saberá de imediato que está na capital administrativa da União Européia. Um décimo da população trabalha direta ou indiretamente para o Conselho, para o Parlamento ou para os lobbies regionais. O mais belo em termos de instalações é o dos alemães da Baviera.
O principal edifício das instituições da Europa é o Carlos Magno. Se der sorte, o turista poderá presenciar uma das sessões do Parlamento, uma torre de Babel com seus quase 700 deputados de 25 países e que exigem em permanência 220 tradutores.
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