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01/06/2006
-
12h00
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Montevidéu
Com 1,4 milhão de habitantes, Montevidéu, a capital uruguaia, é algo provinciana, ideal para passeios a pé. Os trajetos convergem para o porto e para o Mercado del Puerto, tendo origem nas cercanias das praças da Independencia e da Matriz --ou vice-versa. Mesmo com o dólar ensaiando alta, os preços são ultracamaradas em restaurantes e no comércio, onde há artigos artesanais de couro e de lã feitos à moda antiga. E há bons museus, onde antológicos pintores contemporâneos, como Pedro Figari e Joaquín Torres García, exibem a marca de seu gênio.
Quem chega de navio, nota a cidade assentada numa colina de 132 m: essa elevação deve ter dado origem ao nome Montevidéu, cuja tradução-livre seria "eu vi o monte". O velho forte, de 1726, que deu origem à capital, há muito foi destruído.
Ao desembarcar no porto, ou iniciar o passeio por ali, às margens do rio da Prata, o viajante logo encontra um caminho demarcado, que contorna uma imensa loja de produtos artesanais com a marca "Hecho Acá" --sobretudo objetos decorativos, brinquedos e roupas.
Dessa perspectiva, a segunda parada é o Mercado del Puerto (esquina de Pérez Castellanos e Piedras), onde dezenas de pequenos restaurantes servem "parrillada", o churrasco assado nas lenhas, pescados e o "medio y medio", drinque à base de vinho. Além de algum artesanato, ali é possível encontrar folhetos com o tour feito a pé passando pelas praças mais emblemáticas, por uma série de museus e de casas aristocráticas e por igrejas importantes.
Pólo gastronômico, esse mercado, cuja estrutura de ferro foi ali erguida entre 1865 e 1869, foi uma estação ferroviária, como denuncia o relógio sonolento no seu interior.
Iniciando a subida que, afinal, vai dar na Ciudad Vieja, a igreja de San Francisco, de 1864, na Solis, 1.469, é sede do Museu de Arte Colonial.
Para quem tem fome de história da arte, o Palácio Taranco, de 1907, em estilo francês, na 25 de Mayo, 376, próximo da praça Zabala, leva o nome de seu proprietário original, um comerciante endinheirado cujo acervo originou o Museu de Artes Decorativas. Mais um par de quadras e, perto de Washington e Missiones, fica a Casa de Riveira, mansão do primeiro presidente da República Oriental do Uruguai que hoje abriga o Museu Histórico Nacional. Paralela à Washington, na Sarandí, passa-se ao largo da Matriz, na Ciudad Vieja, onde uma acesa feirinha vende todos os tipos de quinquilharias.
Os registros asseguram que a igreja Matriz, na esquina de Sarandí com Ituzaingó, tem a idade das edificações pioneiras de Montevidéu, de 1726, mas foi reedificada entre 1790 e 1804.
Uma lista de objetos de arte relevantes leva o visitante a observar esculturas e tumbas, o imponente altar-mór e a intrigante imagem de Nossa Senhora que, lavrada em madeira, deve ter sido legada pelos jesuítas por volta de 1725. Mas a peça mais singela e interessante talvez seja a pia batismal de 1753, onde o herói nacional José Gervásio Artigas teria recebido seu primeiro sacramento.
No lado oposto ao da igreja Matriz, na J.C. Gómez, 1.362, o Cabildo, de 1808, hoje abriga o Museu e Arquivo Histórico Municipal. Marco histórico, o prédio abrigou a prefeitura quando a Constituição uruguaia foi promulgada, em 1830.
Travessas do calçadão da Sarandí, onde coexistem galerias de arte, antiquários e uma zona comercial moderna, a travessa Bacacay também foi projetada para pedestres --e parece perfeita para uma parada. Ali, cafés, restaurantes e livrarias convidam a uma pausa. A próxima parada é o clássico teatro Solís, referência em espetáculos de música erudita. Na esquina de Buenos Aires, Juncal e Reconquista, foi concebido com fachada marmórea em forma de Partenon entre 1842 a 1856, mas teve as alas laterais agregadas em 1869.
Na praça Independencia
Mais duas ou três quadras e chega-se à Puerta de la Ciudadela, na esquina de Sarandí e Juncal, e vislumbra-se a praça Independencia, epicentro da velha cidadela, cujas linhas arquitetônicas remontam a 1836. No meio da praça, fica a estátua eqüestre do general Artigas, de 1923. Limitando o conjunto, nos números 846-848 da praça Independencia, o Palácio Salvo, prédio de residências e escritórios, de 1928, é um arranha-céu paradoxalmente baixo --e lembra um "bolo de noiva".
SILVIO CIOFFI, editor de Turismo, viajou a convite da operadora Sun&Sea/Celebrity Cruises
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SILVIO CIOFFIEnviado especial da Folha de S.Paulo a Montevidéu
Com 1,4 milhão de habitantes, Montevidéu, a capital uruguaia, é algo provinciana, ideal para passeios a pé. Os trajetos convergem para o porto e para o Mercado del Puerto, tendo origem nas cercanias das praças da Independencia e da Matriz --ou vice-versa. Mesmo com o dólar ensaiando alta, os preços são ultracamaradas em restaurantes e no comércio, onde há artigos artesanais de couro e de lã feitos à moda antiga. E há bons museus, onde antológicos pintores contemporâneos, como Pedro Figari e Joaquín Torres García, exibem a marca de seu gênio.
Quem chega de navio, nota a cidade assentada numa colina de 132 m: essa elevação deve ter dado origem ao nome Montevidéu, cuja tradução-livre seria "eu vi o monte". O velho forte, de 1726, que deu origem à capital, há muito foi destruído.
Eleonora de Severino/FI |
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Prédios antigos refletidos na fachada de um prédio no centro de Montevidéu |
Dessa perspectiva, a segunda parada é o Mercado del Puerto (esquina de Pérez Castellanos e Piedras), onde dezenas de pequenos restaurantes servem "parrillada", o churrasco assado nas lenhas, pescados e o "medio y medio", drinque à base de vinho. Além de algum artesanato, ali é possível encontrar folhetos com o tour feito a pé passando pelas praças mais emblemáticas, por uma série de museus e de casas aristocráticas e por igrejas importantes.
Pólo gastronômico, esse mercado, cuja estrutura de ferro foi ali erguida entre 1865 e 1869, foi uma estação ferroviária, como denuncia o relógio sonolento no seu interior.
Iniciando a subida que, afinal, vai dar na Ciudad Vieja, a igreja de San Francisco, de 1864, na Solis, 1.469, é sede do Museu de Arte Colonial.
Para quem tem fome de história da arte, o Palácio Taranco, de 1907, em estilo francês, na 25 de Mayo, 376, próximo da praça Zabala, leva o nome de seu proprietário original, um comerciante endinheirado cujo acervo originou o Museu de Artes Decorativas. Mais um par de quadras e, perto de Washington e Missiones, fica a Casa de Riveira, mansão do primeiro presidente da República Oriental do Uruguai que hoje abriga o Museu Histórico Nacional. Paralela à Washington, na Sarandí, passa-se ao largo da Matriz, na Ciudad Vieja, onde uma acesa feirinha vende todos os tipos de quinquilharias.
Silvio Cioffi/Folha Imagem |
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Táxi no porto e, ao fundo, prédio da marinha |
Uma lista de objetos de arte relevantes leva o visitante a observar esculturas e tumbas, o imponente altar-mór e a intrigante imagem de Nossa Senhora que, lavrada em madeira, deve ter sido legada pelos jesuítas por volta de 1725. Mas a peça mais singela e interessante talvez seja a pia batismal de 1753, onde o herói nacional José Gervásio Artigas teria recebido seu primeiro sacramento.
No lado oposto ao da igreja Matriz, na J.C. Gómez, 1.362, o Cabildo, de 1808, hoje abriga o Museu e Arquivo Histórico Municipal. Marco histórico, o prédio abrigou a prefeitura quando a Constituição uruguaia foi promulgada, em 1830.
Travessas do calçadão da Sarandí, onde coexistem galerias de arte, antiquários e uma zona comercial moderna, a travessa Bacacay também foi projetada para pedestres --e parece perfeita para uma parada. Ali, cafés, restaurantes e livrarias convidam a uma pausa. A próxima parada é o clássico teatro Solís, referência em espetáculos de música erudita. Na esquina de Buenos Aires, Juncal e Reconquista, foi concebido com fachada marmórea em forma de Partenon entre 1842 a 1856, mas teve as alas laterais agregadas em 1869.
Na praça Independencia
Mais duas ou três quadras e chega-se à Puerta de la Ciudadela, na esquina de Sarandí e Juncal, e vislumbra-se a praça Independencia, epicentro da velha cidadela, cujas linhas arquitetônicas remontam a 1836. No meio da praça, fica a estátua eqüestre do general Artigas, de 1923. Limitando o conjunto, nos números 846-848 da praça Independencia, o Palácio Salvo, prédio de residências e escritórios, de 1928, é um arranha-céu paradoxalmente baixo --e lembra um "bolo de noiva".
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