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20/07/2006 - 11h40

Peru: Cusco foi talhada para seduzir visitantes

HELOISA LUPINACCI
Enviada especial da Folha de S.Paulo ao Peru

Muralhas incas, igrejas barrocas, ruas estreitas e muitos, mas muitos turistas. Cusco é dessas cidades que só poderiam mesmo ser turísticas. Foram séculos talhando cada detalhe gracioso que hoje é desfrutado por estrangeiros de todas as partes do mundo.

Tudo começou com a topografia. Acidentada, a cidade tem inúmeras ladeiras. Cenário desenhado, vieram então os incas e construíram ali a capital de seu império. Resultado: a cidade é repleta de muros centenários, que estão dentro de restaurantes, em fachadas de lojas de câmbio e onde mais se puder imaginar. Além dos muros, eles deixaram Qorikancha, um templo dedicado ao Sol, que, quando os espanhóis chegaram, era coberto de ouro, e muitos sítios nos arredores, como Tambomachay e Saqsaywaman.

Então, chegaram os espanhóis, que construíram um casario colonial com armações de madeira à vista e sacadas de entalhes delicados, além de suas sempre impressionante igrejas.

É numa dessas igrejas, a catedral, que tudo isso se encontra: lá, os indígenas foram usados como mão-de-obra e deixaram sua marca, com provocações ininteligíveis para os espanhóis e que hoje são mostradas com orgulho pelos guias, em geral de origem andina. Eles mostram com ênfase o coro, onde os assentos têm entalhes que remetem à Pachamama, a mãe natureza. Com um sorriso no rosto, apontam a Santa Ceia que fica do lado direito do altar. Nela, Judas Iscariotes é representado com a cara do conquistador Francisco Pizarro. E, no centro da mesa, é servido aos comensais um cuy, um porquinho-da-índia, apreciado pelos incas.

O atual altar, em prata, é do século 19 e esconde o original, do século 16. Mas o prejuízo de ter o altar antigo escondido tem uma vantagem: ao passar por trás do altar novo, chega-se bem perto do altar antigo. Dessa maneira, observam-se bem de perto os detalhes.

Mas, com o sol brilhando do lado de fora, é difícil passar muito tempo dentro de qualquer lugar. A rua em Cusco é o que há de mais legal.

Caminhando por pracinhas como a del Regocijo, chega-se ao Qorikancha. Esse templo era dedicado ao arco-íris, à Lua e ao Sol. E o curioso é que o arco-íris virou a bandeira da cidade. Assim, ao chegar e ainda sem saber desse dado, tem-se a impressão de que absolutamente todos os estabelecimentos locais são "gay-friendly", inclusive as igrejas. Mas não. Todos ostentam a bandeira local.

Qorikancha é uma ótima introdução às técnicas de construção incas, que depois serão vistas à exaustão em Machu Picchu. Como quase tudo foi pilhado pelos espanhóis, a visita é um exercício de imaginação. A guia fala: essas paredes eram cobertas de ouro --e aponta um desenho de como era, mais ou menos. Então todos cerram os olhos e tentam imaginar.

No mais, o centro de Cusco parece ter mais casas de câmbio do que bares, e o turista é assediado a cada passo para fazer uma excursão, conhecer algum sítio arqueológico, apreciar um artesanato.

Saindo um pouco do eixo da praça central, o sossego aumenta. Mas basta andar duas quadras para que tudo fique deserto. Muitas ruas são becos. Assim, uma caminhada tem a graça de ser uma espécie de brincadeira de labirinto.

Arredores

Três ruínas nos arredores de Cusco dão prova da habilidade dos arquitetos do Império Inca. Tambomachay é a mais alta delas; fica 3.700 m acima do nível do mar. Ali há uma fonte de água com um intrincado sistema de engenharia hidráulica --a água vem de um lago natural em uma montanha do lado de lá. Mas chegar à fonte exige vontade. O ar rarefeito desestimula. Saqsaywaman é prova da eficiência em encaixar pedras. O templo com pedras imensas encaixadas perfeitamente deve ser visitado no fim da tarde, quando fica especialmente cênico. Finalmente, Pukapukara, com suas mesas de sacrifícios dentro de uma gruta, tem uma boa vista de Cusco.

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