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25/03/2007 - 20h39

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" encontra cantor Roberto Carlos

da Folha Online

Diário de Bordo O casal Flávio Prado e Maira Hora encontra o cantor Roberto Carlos em restaurante. A parada faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.

Confira o relato do 18º dia

Confira o relato do décimo oitavo dia (18 de março) desta aventura.

São tantas emoções...

Flávio Prado/Folha Imagem
Nascer do sol em Puerto Pirâmides
Nascer do sol em Puerto Pirâmides
Acordei muito cedo para fazer as fotos do nascer do sol --outro espetáculo à parte. Você tem a nítida impressão de que as luzes da cidade estão dando espaço a um cor-de-rosa iluminado que vem engolindo o azul do céu. Foi um momento mágico; sozinha na praia, capturando todos os momentos para não deixar que isto se vá na imensidão da vida. O silêncio, a água, o amanhecer como testemunhas da minha presença. Vocês já se deram ao trabalho de ouvir o silêncio?

Disposta a sair logo, acordo o Flávio e descemos para o café da manhã. Conhecemos uma família de Puerto Madryn, o que nos deixou mais tranqüilos quanto à nossa escolha pela simpática Puerto Pirâmides (com seus esportes náuticos, gente bonita, lanchas, mergulhos e aquele ar de Trancoso, que o brasileiro tanto gosta).

Flávio Prado/Folha Imagem
"Casal Aventura" na Punta Delgada
Deixamos Puerto Pirâmides às 9h50 totalmente apaixonados pela praia, pela gentileza de Belén, pela hospitalidade de Omar, pelo presente do pôr-do-sol de La Loberia, pelo lindo hotel, pelo ar de romance no ar, enfim.

Hoje vamos explorar toda a península Valdés. Andamos 5 km ainda em estrada asfaltada, mas continuando pela RP2, onde não há mais pavimentação, ou seja, rípio. Nem tente andar a mais de 60 km/h --primeiro porque é proibido, depois porque você pode acabar com a sua viagem. As vans de turistas andam rápido e "apavoram" na península; por isso, deixe-os passar e diminua a velocidade quando passarem por você. Assim, você minimiza a velocidade das pedras que voam. Ainda não entendemos por que a província não coloca tacômetros nestas vans.

Flávio Prado/Folha Imagem
"Hoje vamos explorar toda península Valdés"
"Hoje vamos explorar toda península Valdés"
A primeira parada é em Punta Delgada a 70 km de Puerto Pirâmides --onde observamos elefantes-marinhos. O mirante mostra um mar tão intenso e uma costa com tantos rochedos que você fica chocado (até se esquece de que os elefantes-marinhos estão lá).

Dentro do carro, vamos indo em direção à Punta Cantor, que fica a 42 km de Punta Delgada. Em Punta Cantor há uma estância chamada La Elvira. Lá, depois de fazer o percurso do Sendero Caleta, você pode almoçar no restaurante.

Flávio Prado/Folha Imagem
Pinguin dormindo quietinho sob arbusto
Pinguin dormindo quietinho sob arbusto
Entramos no Sendero Caleta, uma trilha demarcada com pontos específicos de observação. Estes pontos são vistoriados por Natália, uma simpática e falante guarda florestal que te apresenta os melhores locais de observação dos animais. Em Punta Cantor temos elefantes-marinhos, cormorões e, mais à frente, no último Sendero, cormorões imperiais, lobos-marinhos e elefantes-marinhos. Ao percorrer a trilha, preste atenção também ao chão, pois a flora e os pequenos animais terrestres também são muito interessantes.

Continuamos a explorar a península; subimos em direção a Caleta Valdés, que está a mais ou menos 20 km de Punta Cantor. Quando chegamos havia uma multidão de turistas observando uma pinguinera. Eu e o Flávio esperamos todos os deslumbrados "flashes" das máquinas fotográficas irem embora, quando o silêncio se instalou. Em santuários ecológicos, deve-se fazer valer "o 11º mandamento": "Faça silêncio".

Flávio Prado/Folha Imagem
Animais na estrada de rípio durante percurso
Animais na estrada de rípio durante percurso
De repente, os pingüins começaram a sair e circularem muito perto de nós e, para a nossa absoluta fascinação e gratidão, um deles dormia em uma moita aos meus pés. Foi lindo demais. Nenhum dos turistas pôde presenciar este momento de pura conexão com a natureza. "Disparei" enlouquecidamente a minha câmera Sony até lotar totalmente o cartão de memória, quando então fui ao carro para descarregar as fotos no notebook que a Lenovo nos cedeu. Um dos pinguins simplesmente apareceu "do além" na cerca, ao lado do Flávio, que não perdeu um só segundo filmando com o celular Nokia N73; afinal, a câmera digital estava comigo. O pinguin tentava incansavelmente descer um barranquinho que o levaria até a praia.

(Depois disso tudo, ficam duas lições: 1) Faça o máximo de silêncio que puder, afinal, você vai a um lugar destes para observar e não para falar. 2) Leve sempre com você um segundo equipamento que permita fotografar ou gravar.)

Flávio Prado/Folha Imagem
Diversos animais descansando na praia de Punta Norte, na península Valdés
Diversos animais descansando na praia de Punta Norte, na península Valdés
Logo depois, uma nova multidão de turistas globalizados e barulhentos chegam.

Mais rípio e chegamos a Punta Norte. Logo que descemos do carro nos deparamos com um tatu que andava pelo estacionamento sem a menor cerimônia. Seguimos a trilha até chegarmos ao primeiro ponto de observação e percebemos por que a península Valdés foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Este ponto revela a península como um verdadeiro santuário ecológico; aqui convivem leões-marinhos, lobos-marinhos, elefantes-marinhos, focas, cormorones imperiales e 12 orcas --que aparecem na costa entre 8h e 13h, quando a maré está alta. As orcas se aproximam da costa para comer os filhotes de lobos-marinhos. Tudo é muito lindo e harmônico.

Entramos no carro e seguimos por mais 42 km despedindo da península Valdés. Preste muita atenção, pois existem diversos animais soltos por toda a península. São guanacos, caprinos, gado, pássaros e tatus. Saímos da península ouvindo Valdés, Jamiroquai e Max de Castro. As músicas ecoavam em meio ao sentimento de gratidão à natureza e ao povo da Argentina.

Vamos pela RN3 até chegar em Trelew, também província de Chubut. Chegamos às 18h30 e o primeiro passo, como sempre: "Informes Turísticos". Fomos atendidos por Viviana, que nos deu o mapa da cidade, a relação de restaurantes, hotéis, museus, cidades históricas ao redor e também uma relação sobre a fauna. As pessoas por aqui falam muito rápido e assim que Viviana começou a articular as frases já pedimos para "hablar despacio", prontamente atendidos pela simpática funcionária da municipalidade de Trelew.

De posse da lista de hotéis, selecionamos alguns e fomos conferir. No meio do caminho, o céu começou a ficar incrivelmente maravilhoso e nos "perdemos" pela cidade para chegar ao ponto mais alto --apenas subimos, subimos... sem olhar o mapa. Voltamos ao caminho dos hotéis e escolhemos o hotel Galícia, que faz parte da história da cidade.

Para a janta, escolhemos um restaurante recomendado pelo "Rough Guide Argentina", da Publifolha. Ficamos muito curiosos e fomos conferir. O restaurante chama-se El Viejo Molino, na rua Gales, 250. Trata-se de um antigo moinho farinheiro de Trelew. Funcionou como moinho de 1915 a 1942 e foi construído em 1886 pelos colonos gauleses. Em 1986 uma reforma o transformou em restaurante. É também um local onde importantes concertos e eventos culturais acontecem.

Flávio Prado/Folha Imagem
Antonio Gomes (segundo da esq para dir) e equipe do restaurante El Viejo Molino
Antonio Gomes (segundo da esq para dir) e equipe do restaurante El Viejo Molino
Ao entrarmos no restaurante nos deparamos com um casal de italianos que também se hospedava no Las Restingas, em Puerto Pirâmides, Chiara e Massimiliano. Virou festa: brasileiros e italianos se encontrando.

Dirigido por seu apaixonado dono, Antonio Gomes, que descreve o restaurante como uma "linda mulher" que deve ser cuidada e tratada como uma jóia todos os dias. Seu filho, Antônio Gomes, acompanha o pai nesta paixão pelo Viejo Molino. O chef Geronimo Matano e seu ajudante Mauro Jones eternizam com suas criações diversos sabores, com uma apresentação arrebatadora. Marcelo Fedrizzi é o responsável pelo magnífico assador giratório, de onde saem cordeiros patagônicos de dar água na boca. E, finalmente, o amável H'Ector Balmaceda, que nos serve e faz questão de conduzir aos clientes o melhor vinho para acompanhar o prato. H'Ector, apaixonado pelo Brasil, polido e cordial, passa de mesa em mesa cuidando de tudo como se estivesse polindo pedras preciosas. Esta é a equipe que faz do El Viejo Molino ser muito mais que um simples restaurante.

Escolhemos endívias gratinadas de entrada. O meu prato principal era "salmón blanco com papas ao natural y coulins de tomate". Para o Flávio, "trucha com piel de sésamo tostado, milhojas de papa e salsa tapenade". Nem atrevemos a traduzir o cardápio; perderia todo o charme do momento. Tudo acompanhado um vinho Cabernet Sauvignon. Para finalizar, "cremme bruleé de lavanda com naranjas confinadas y croutons de brownie" e "panna cotta de vanolla com salsa agria de naranja y grosellas toc toc com grapa a la miel y biscotti de naranjas y almendras". Hmmmm.

Até aqui, estávamos ouvindo Luciano Pereira, um cantor argentino. Nossa sobremesa chega na mesa e vejo o amável H'Ector passando em direção ao segundo salão onde há um pequeno lounge. Quando ele retorna, ouço nada menos que "o Rei". Isto mesmo, Roberto Carlos! Foi muito emocionante.

O proprietário do restaurante, Antonio Gomes, é um profundo admirador de Roberto Carlos e nos confessou que os amores de sua juventude chegaram acompanhados pelas músicas do "Rei" Roberto Carlos. Ele se emociona ao falar. Antonio Gomes diz ter dois grandes sonhos: 1) ver Carlito Ortega, cantor argentino, entrar pela porta de seu restaurante e 2) ver o fantástico Roberto Carlos adentrar seu restaurante (já realizado). Tenho certeza que deve haver, no Brasil, e no mundo, muitos outros apaixonados pelo Roberto Carlos, mas nunca ouvi ninguém com tanta sinceridade no coração falar do "nosso Rei". Com certeza, daqui para frente, toda vez que eu o ouvir, pensarei no Viejo Molino, em Trelew, e em Antonio Gomes.

Entrar neste lindo restaurante --com tanta história, tanta polidez e simpatia-- foi o mais inesquecível em Trelew.

Em sua aventura, o casal tem o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional; e da Virtual Track.

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