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Serra gaúcha: Eventos de direito são chamarizes de baladeiros
THIAGO MOMM
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Gramado (RS)
O carro passa pelo centro. No banco de trás, duas meninas levantam o vidro e abaixam a blusa, para contrariedade ou felicidade (e com certeza surpresa, porque está frio) dos passantes.
É o que o funcionário de um hotel da cidade conta ter visto em um congresso de direito em 2006, questionado sobre a fama de festeiro dos encontros e que tais jurídicos em Gramado.
Esses eventos ligados ao direito, por aquelas bandas, tendem a reunir mais pândegos que os demais. O hotel em que o funcionário trabalha sofreu avarias de hóspedes irrequietos apenas nessas oportunidades.
Não exatamente uma aglomeração de casas noturnas, Gramado geralmente induz à introspecção, à glutonaria, a passeios preguiçosos. Mas nem sempre. "No sul do Brasil você entra na faculdade de direito e "tem que ir" a Gramado. Aqui em Florianópolis é quase regra", diz o universitário João Gabriel Pimenta, que já foi duas vezes e agora organiza uma excursão "estilo Oktoberfest, com bebida no ônibus e tal" para lá.
Somando um encontro de menor porte, são três eventos, todos em junho. Cerca de 8.000 pessoas comparecem a eles.
O site oficial de um simpósio convida o visitante a participar de uma comunidade no Orkut. Na comunidade, predominam links especulando sobre as festas, inclusive a de encerramento, que junta até 3.000 pessoas.
Este repórter esteve em um desses congressos. Havia inúmeras pessoas que não cursavam direito, imantadas pelo clima que toma conta da cidade. E havia centenas que cursavam. Mas muitas dessas não estavam inscritas --alegando que a taxa de inscrição (variável, mas sempre próxima de R$ 100) poderia ser convertida em festas.
À tarde, no hotel onde ficavam os anfiteatros, havia mais gente fora do que dentro da palestra. A organização oferecia cafés e excelentes bolachas doces. O tom das conversas era de balada. Motoristas passavam devagar para observar o movimento, como acontece na frente das casas noturnas.
Mais tarde, a casa noturna propriamente dita --Bill Bar, a mais notória de Gramado-- estava abarrotada.
A excursão de Pimenta, pelo menos, tem bastante potenciais inscritos: é composta 90% por alunos de direito, juízes e advogados. As vagas esgotaram há dois meses.
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