Turismo

Embraer 120-Brasília

Divulgação
O Embraer EMB-120 Brasília, avião brasileiro sucesso de vendas no mundo

MARCOS RESENDE*
Especial para a Folha Online

Nem só de jatos a aviação é feita. Quando as distâncias são menores, as pistas mais curtas e não há tantos passageiros, talvez a solução seja um turbo-hélice. E em se tratando de turbo-hélices comerciais, com capacidade aproximada de 30 passageiros, a estrela é brasileira. Sucesso de vendas em todo o mundo, o Embraer 120-"Brasília" é um dos melhores aviões em sua categoria. Projeto vencedor desde o início, consolidou o prestígio da engenharia brasileira junto à indústria aeronáutica internacional. E isso não é pouco.

O Brasília é um avião bimotor, turbo-hélice, pressurizado, fuselagem de seção circular, asa baixa e deriva em " T ", com capacidade para 30 passageiros, em fileiras de um e dois assentos, separadas por um corredor. Equipado com guarda-volumes no teto e com altura suficiente para uma pessoa ficar de pé, o avião aparenta aos passageiros ser maior do que realmente é.

O projeto do Brasília tem origem no programa EMB-12X, do começo dos anos 70. Esse programa previa o desenvolvimento de três aviões turbo-hélice que usariam um mesmo diâmetro de fuselagem (cross section) em comprimentos diferentes. O menor deles era o EMB-121 Xingu, que foi projetado como avião executivo. Esse modelo entrou em produção e aproximadamente cem aviões foram construídos, porém nem o EMB-120 Araguaia nem o EMB-123 Tapajós foram desenvolvidos como projetados em 1975, para dez e 20 lugares respectivamente. Em 1979, sentindo que o mercado era favorável, a Embraer determinou que o próximo passo seria o desenvolvimento de uma aeronave pressurizada que atendesse à demanda da aviação regional, na categoria de 30 assentos. Um segmento extremamente competitivo, e a Embraer assumiu um grande risco. O mês de julho de 1983 foi estabelecido como data limite para o primeiro vôo do novo avião, que manteve as características básicas do Araguaia e a designação EMB-120. O nome Brasília viria mais tarde.

Para fornecer os motores a Embraer optou pela empresa canadense Pratt & Whitney, com a qual sempre havia trabalhado. A Embraer escolheu um motor novo, que estava sendo desenvolvido com a designação PT7A-1, que entrou em produção como a série PW100. A versão escolhida para equipar o Brasília foi a PW115, de 1500 shp (potência medida no eixo do motor, em hp). Mais tarde, a versão PW118 foi usada. O avião foi equipado com modernos sistemas EFIS (Instrumentos de vôo eletrônicos), novidade na época, especialmente em turbo-hélices. Em 6 de maio de 1981, na fábrica de São José dos Campos, no Estado de São Paulo, o metal começava a ser cortado para o primeiro avião, e, em agosto de 1982, num novo edifício especialmente construído, começava a montagem final da aeronave. Seis aviões foram montados para o programa de desenvolvimento. Desses, os dois primeiros nunca voaram, sendo usados um para testes estáticos e outro para testes de fadiga. O sexto tornou-se o avião de demonstração, e o outros três foram usados para vôos de teste e homologação. O primeiro vôo foi em 27 de julho de 1983, conforme o planejado. O projeto do Brasília, que prometia ser um sucesso desde o início, provou-se correto. Quando o protótipo realizou o primeiro vôo, a Embraer já contabilizava encomendas firmes para mais de cem aeronaves, com depósitos pagos.

O desenvolvimento do avião ocorreu sem grandes problemas, e em 16 de maio de 1985 o avião foi homologado pelas autoridades brasileiras. Os norte-americanos homologaram o Brasília em julho do mesmo ano, seguidos pelos britânicos em abril de 1986. Mais tarde, a instalação de uma porta de carga na seção traseira esquerda da fuselagem originou as versões cargueira e "quick change", que pode ser rapidamente convertida para transportar passageiros ou carga.

A primeira aeronave de produção foi entregue à empresa regional norte-americana Southeast Airlines of Atlaanta em agosto de 1985. Desde então, operadores de todo o mundo optaram pelas qualidades do EMB-120 Brasília. A Embraer já entregou mais de 350 unidades, que somaram mais de quatro milhões de horas de vôo, transportando mais de 60 milhões de passageiros. No Brasil, esse avião ajudou a consolidar o transporte aéreo como opção em inúmeras cidades que, por um motivo ou outro, não podem ser atendidas por jatos de maior porte. Empresas como Rio-Sul, Nordeste, Total, Trip, Penta, InterBrasil e outras usaram e usam o Brasília para prestarem seus serviços.

Nos últimos anos, o desenvolvimento de jatos menores, mais apropriados para o uso regional, fez minguar a fatia de mercado destinada aos turbo-hélices. Mas o Brasília, operado por empresas em todos os continentes e popular entre os passageiros de todo o mundo, continuará entre nós por muitos anos. Confiável, econômico, seguro e confortável, produto da nossa engenharia, é para nos orgulharmos quando vemos o Brasília fazendo sucesso em tantos aeroportos pelo mundo afora.

* Marcos Resende é piloto comercial

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