Robô de pelúcia fala, solta pum, não desliga e vira bicho de estimação
"É como se você cuidasse de um cachorro, mas é um robô", explica Rafaela de Mello, 9. No seu colo está Bolinha, seu Furby, brinquedo eletrônico que virou bicho de estimação para algumas crianças.
Ele é uma espécie de robô peludo que canta, solta pum, arrota e fala palavras em diferentes línguas. No Brasil, tem um preço nada amigável. Custa R$ 400 e, por isso, muitos compram ou encomendam o norte-americano, que custa em torno de US$ 50 (R$ 116).
Criado em 1998 (em uma versão menos tecnológica), ele voltou a ser produzido em 2012. Na nova versão, dependendo de como a criança usa o brinquedo, ele desenvolve uma das cinco "personalidades" pré-programadas. Ele também interage com um aplicativo de celular e tablet. Comidas arrastadas na tela em direção ao brinquedo fazem o bicho abrir a boca. Com carneirinhos virtuais, ele dorme.
*No YouTube, garota de oito anos cuida de Furby como se fosse um filho
MICHAEL JACKSON
"Estou ensaiando 'Thriller', do Michael Jackson, para uma apresentação, e meu Furby aprendeu o refrão", diz Manuella Oliveira, 9. "Acho mais divertido ter um Furby do que um bicho de estimação", conta.
Felipe Polini, 10, pensa diferente: "Quando eu sinto falta dos meus cachorros, eu tenho o Furby. Mas não é a mesma coisa".
Para o pediatra Fabio Ancona Lopez, crianças pequenas não devem brincar com Furby, pois não distinguem realidade de fantasia. "Com um animal, há troca afetiva de verdade. Com o Furby, você cria uma relação que parece verdadeira, mas não é."
O brinquedo, movido a pilhas, não tem botão para desligar. Apenas "dorme". "O armário onde meu Furby estava dormindo tremeu por causa de uma obra. Ele começou a falar e acordou a casa toda", diz Rafaela.
Quando o Furby de Carolina Jatahy, 9, fala muito, ela prefere tirar as pilhas. "Mas o bom é que ele não morre de verdade."
"O brinquedo pode dar a ideia de que as coisas na vida são substituíveis", diz a psicanalista Patrícia Fraia. Por outro lado, pode ensinar, se usado com bom senso. "Ajuda a criança a entender o o que é cuidar do outro."
CASAMENTO
Gabriela Stefano, 10, "casou" o seu Furby com o de uma amiga. Uma girafa de pelúcia foi o padre e teve festa com bolo.
"Deixamos eles sozinhos, conversando." Mas o Furby não é sucesso entre todos. "Ele repete as mesmas frases sem sentido, e as personalidades são só as já programadas. Pelo preço, achei que pudesse fazer mais coisas", diz Catarina Pitoscio, 10.
Veja abaixo vídeo de crianças com seus Furby.
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