Textos escritos por crianças são lançados em livro digital gratuito

Sovaco de Cobra e A Flor que Chegou Primeiro integram coleção Leia para uma Criança, projeto do Itaú Unibanco

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São Paulo

“Se pensar mais um pouquinho, vai entender de sopapo que cobra não tem axilas, nem tampouco sovaco. Então, comecei a entender porque a chamam assim, pois para muitos não existe, mas existe para mim.”

É desta forma que o poema “Sovaco de Cobra”, de Angelo Raphael Albuquerque Ferreira, 14, explica a importância de conhecer a história do lugar onde vive —no caso dele, um igarapé em Manaus (AM).

Menino de camiseta laranja e bermuda amarela ao lado de uma placa azul com letreiro branco em que se lê "Suvaco de Cobra"
Capa do livro digital "Suvaco de Cobra", de Angelo Raphael Albuquerque Ferreira, 14 - Divulgação

É seu avô quem lhe conta como gradualmente foram construídas casas de madeira que “abraçavam cada família” que ia morar às margens do curso “de águas cristalinas”.

Essa mesma procura, baseada na reconstituição de uma memória coletiva sobre a origem da comunidade, também conduz a crônica “A Flor que Chegou Primeiro”, escrita por Mayara de Aleluia Pereira, 18, de Vianópolis (GO). No texto, uma menina se põe a perguntar, em um bar de seu distrito, por que, afinal, o lugar se chama Caraíba.

A criança registra todas as hipóteses levantadas por seus vizinhos — uns imaginam que “caraíba” foi o apelido do primeiro morador do lugar, outros contam de uma moradora que, sempre que saía de casa, usava uma flor de caraíba, bem amarela, nos cabelos.

Assim como em “Sovaco de Cobra”, a resposta é encontrada nas histórias dos mais velhos, que não precisam imaginar qual é a verdade, pois viveram os acontecimentos e, por isso, podem narrá-los.

Em “A Flor que Chegou Primeiro”, é um senhor de 90 anos que “esbanjava saúde” quem relembra como foram os ferroviários, encantados com as flores amarelas das caraíbas e com a paisagem repleta de ipês e jatobás, que batizaram o lugar.

E não adianta discordar dele, descobrimos na crônica, pois ele era um dos ferroviários. Assim como o avô Geó, de “Sovaco”, que conheceu o iguarapé ainda nos anos 1990.

Os textos dos autores-mirins venceram a quinta edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, de 2016, promovida pelo Itaú Social em parceria com o Ministério da Educação. Nesta quinta-feira (23), ganham formato de livro digital.

As edições digitais fazem parte da coleção Leia para Uma Criança, que visa formar leitores desde a primeira infância.

O projeto, que completa uma década neste ano, lançou recentemente o festival #LeiaEmCasa, para estimular a leitura como atividade familiar durante o período da quarentena. Os livros digitais contam com ilustrações e efeitos sonoros.

O poema e a crônica são os primeiros títulos assinados por crianças a integrar a coleção, que conta com autores importantes como Conceição Evaristo, Lázaro Ramos e Luis Fernando Veríssimo.

Os livros estão disponíveis para leitura gratuita no site https://www.euleioparaumacrianca.com.br/​

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