Com muitas famílias ainda em casa, fica difícil pensar que lá fora existe um mundo legal, com plantas, animais e um montão de beleza.
É justamente por isso, para ajudar a lembrar que há tanta natureza nos esperando quando tudo isso passar, que a leitura de “Pantanal, Amor Baguá”, de José Hamilton Ribeiro, é mais importante que nunca.
Lançado em 1974 pela editora Brasiliense, ganhou o prêmio de melhor livro juvenil da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) no ano seguinte. Também se tornou na época um dos best-sellers de literatura infantojuvenil, com mais de 20 reimpressões.
“Pantanal, Amor Baguá” voltou ao mercado em 1997, desta vez pela editora Moderna, na qual teve 17 reimpressões. O livro ganha agora uma nova edição, ainda pela Moderna, uma chance de apresentar a obra para um público diferente, que está chegando à pré-adolescência.
Saudosos de todas as possibilidades que a vida fora do isolamento oferece, esses leitores poderão se valer da história de Tato, um garoto da cidade grande que vai passar alguns dias no Pantanal e lá descobre a riqueza não só da fauna e da flora, mas também das relações humanas.
“O livro é um hino de amor à vida simples e selvagem da região pantaneira”, diz Maristela Petrilli, diretora de literatura da editora Moderna.
Repórter por décadas do programa Globo Rural e seis vezes vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo, Ribeiro conta que conheceu pessoas instigantes quando foi ao Pantanal pela primeira vez e que poderiam um dia se tornar personagens de um livro.
Nasceu, assim, a trama que mostra o adolescente Tato atravessando importantes fronteiras desta fase tão deliciosa da vida. Quando sugere a ideia de ir ao Pantanal à família, por exemplo, ouve do pai que ele deve estar louco por querer ir sozinho a “uma região cheia de doenças, de mosquito, de onça e das maiores cobras do mundo”.
Como consegue se impor e viajar, Tato chega à fazenda do amigo Betinho, que vai apresentá-lo a situações típicas da região. Os dois vão contar boiada, avistar animais selvagens e até mesmo tentar caçá-los. O garoto prova guaraná em pó típico e passa a comer carne no café da manhã.
Aprende o valor das manifestações culturais ao entender que o sotaque é algo a ser respeitado. E descobre pela primeira vez a força do amor, ao conhecer Carminha, irmã do melhor amigo.
Quinto filho, Ribeiro nasceu quando a família já morava na cidade. “Conheci a fazenda de meu avô e cresci acompanhando os pais no sonho de construir uma fazenda só nossa, numas terras herdadas da avó”, conta, lembrando o município de Santa Rosa de Viterbo (interior de São Paulo), que hoje guarda o Centro de Memória José Hamilton Ribeiro.
Avô de duas netas gêmeas de seis anos, o autor olha com consternação para este período de quarentena, com crianças isoladas em casa.
“Nem passarinho gosta de ficar preso. A saída, quando possível, é entreter as crianças com atividades criativas, para que não baixe sobre elas o tédio”, ensina.
“As crianças são deliciosas e duram pouco. Talvez essa quarentena ao menos sirva para pais ou avós do nosso tempo entreterem e curtirem filhos ou netos enquanto possam e tenham tempo e força”.
Pantanal, Amor Baguá
Autor: José Hamilton Ribeiro
Ed. Moderna, 192 págs, R$ 56
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