Leia adaptação da Parábola do Filho Pródigo feita por Otavio Frias Filho

Texto faz parte do livro 'Histórias para Pensar', previsto para ser lançado no ano que vem

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O conto escrito pelo jornalista Otavio Frias Filho, cuja morte completa dois anos nesta sexta-feira (21), se baseia em texto do Evangelho de Lucas e estará em livro dedicado ao público infantojuvenil que será lançado no ano que vem pela editora Ubu.

*

Era uma vez um fazendeiro da antiga Palestina que tinha dois filhos. Um belo dia, o filho mais velho disse ao pai que lhe desse a parte que lhe cabia em seus bens, pois ele queria conhecer o mundo. E assim foi feito.

O filho mais velho levou consigo muitas moedas de ouro, um lote de ovelhas e outros animais, que correspondiam à sua metade das riquezas do pai. Viajou por terras desconhecidas gastando aqueles recursos sempre em busca de prazeres.

O tempo foi passando e sua riqueza foi desaparecendo como água suja que vai embora pelo ralo. Tanto o filho mais velho gastou que chegou um momento em que não lhe restava mais nenhuma moeda. Ele se viu, em terra de estrangeiros, reduzido a nada, jogado numa pocilga, que é onde vivem nas fazendas os porcos.

Enquanto olhava para as estrelas, lembrou-se dos trabalhadores que ganhavam a vida limpando a pocilga da fazenda de seu pai e pensou: “Se meu pai dá emprego tão humilde a estranhos, haverá de me empregar também. Vou voltar às terras dele e pedir-lhe esse trabalho.” E assim ele fez uma longa viagem de volta a casa de seu pai.

Para a sua imensa surpresa ao vê-lo de volta, seu pai lhe de um estreito abraço. O filho então quis saber se o pai deixaria que trabalhasse na criação de porcos na fazenda. E o pai lhe respondeu “Você é meu filho mais velho e não vai trabalhar na pocilga, vai trabalhar comigo na administração de nossos negócio. Antes, porém, vou pedir aos empregados que abatam um boi, um porco e o que mais for necessário para fazermos uma grande ceia em homenagem a você, que voltou.”

Enquanto isso, seu outro filho, o mais novo, trabalhava na lavoura. De repente, sentiu cheiro de assado e achou aquilo estranho pois não era dia de festa. Correu de volta à casa, onde interpelou o pai: “O que está acontecendo?” E o pai respondeu: “Seu irmão mais velho, que nos abandonara, voltou. E mandei preparar uma grande ceia em homenagem a ele”.

O filho mais novo não compreendeu e disse: “Mas, meu pai, eu, que trabalho de sol a sol em suas plantações, nunca mereci nenhum banquete, e ele, que saiu de casa porque queria sua parte nas riquezas que te pertencem, gastou tudo. Acha isso justo?” E o pai respondeu: “Meu filho, você sempre está comigo e o que é meu, é teu. Seu irmão havia desaparecido e agora voltou. É como se fosse um filho que ganhei outra vez.”

Otavio Frias Filho conta histórias para as crianças durante férias na praia de Carneiros, em Pernambuco, em janeiro de 2016 - Arquivo Pessoal

Comentários

“Que história curta”, comentou Violeta. “Curtíssima”, concordou Miranda. “Eu achei o comportamento do pai injusto”, disse Lina. “É difícil mesmo entender o comportamento desse pai, mas vocês não acharam a explicação que ele deu boa?”, perguntei. Lina respondeu: “Péssima. Melhor era ele ter perdido um filho assim.” Eu disse: “Será que não é justamente essa a moral da história? Mais vale ter dois filhos em vez de um só com toda aquela riqueza?” E ficaram todos pensativos.

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