Fantasminhas e bruxas usam até drive-in contra pandemia

Halloween chega em momento que mistura eventos virtuais, presenciais e outras soluções

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Uma bruxa de cabelos verdes e várias crianças fantasiadas em uma sala de aula

Crianças da escola Red Balloon, de Moema, ganham doces da bruxa interpretada pela atriz Rebeca Etiene , 58, da Fábrica Era Uma Vez Mathilde Missioneiro/Folhapress

São Paulo

Bruxas e monstros estão às soltas, mas nem tanto. Neste ano de pandemia, o Halloween chega em um momento que mistura eventos virtuais e presenciais.

Há escolas e condomínios comemorando no sistema remoto, com todo mundo se fantasiando e se maquiando em casa e aparecendo para a turma em encontros on-line.

Outros estão fazendo as festas tradicionais, com as regras da máscara e do distanciamento. E há as soluções intermediárias, como a entrega de doces em drive-thru ou a instalação de telões para um drive-in de terror.

Dá-se um jeito de as assombrações brincarem de assustar a criançada e de todo mundo fugir do coronavírus, que ainda nos assombra.

Vitória Bonazzi, 5, estava muito desanimada com a possibilidade de o Halloween do prédio onde ela mora, no Ipiranga, ser cancelado. Mas agora se animou: o condomínio decidiu manter o evento neste sábado, fazendo ajustes. Uma empresa de recreação levará funcionários a caráter para entregar doces nos apartamentos.

“Amo Halloween. Estou muito feliz porque os monstros vão vir aqui em casa entregar doce. Vou me fantasiar de bruxinha. Rá rá rá rá”, conta Vitória, imitando a bruxa.

Menina de cabelos pretos, fantasiada e maquiada para o Halloween, sorri para a câmera
Beatriz Mikami Cruz, 9, se produziu para descer até a quadra do prédio, onde aconteceu a entrega de doces do Halloween, com horário marcado para cada moradores de cada andar - Arquivo Pessoal

No prédio de Beatriz Mikami Cruz, 9, na Saúde, o Halloween foi comemorado na quinta-feira (29), e as crianças puderam descer para pegar os saquinhos de guloseimas em mesas decoradas, que foram colocadas na quadra. O condomínio desta vez não permitiu a presença de amigos de moradores e determinou horários para cada andar descer.

As restrições não diminuíram o entusiasmo de Beatriz. Ela ficou pronta, com camiseta preta de caveira e maquiagem toda roxa, às 14h, sete horas antes do horário marcado para ir buscar os doces. “Eu gostei bastante, porque, mesmo com a pandemia, a gente pôde descer e escolher os doces. E, ainda por cima, fizemos isso com segurança”, afirma Beatriz.

Menina de cabelos loiros, fantasiada e maquiada para o Halloween, sorri sinistramente para a câmera
Antonella Coutinho Colafigli, 5, que não se desanimou pelo fato de o Halloween ter sido na aula on-line; ela se maquiou, vestiu camiseta de caveira e enfeitou o quarto - Arquivo Pessoal

Já para Antonella Coutinho Calafigli, 5, o Halloween foi virtual, comemorado na aula de inglês. Mas nem por isso ela deixou de caprichar na produção em casa, na Chácara Inglesa. Colou aranhas, ratos e morcegos de papel na parede do quarto, em frente ao computador, para os amigos verem. Vestiu-se com camiseta preta de caveira dourada, passou um batom roxo e fez olheiras bem profundas com a maquiagem.

“Minha turma toda vestiu fantasia e a gente fez desenhos de Halloween, de bruxa e abóbora”, conta Antonella. Ela diz que preferia que tivesse sido na escola, para poder brincar com os amigos, e que está torcendo para no ano que vem a festa voltar ao normal. Mas mesmo no on-line ela se divertiu: “Eu fiquei muuuuito feliz, porque adoro Halloween”.

Mãe sorridente, vestida de bruxa, segura bebê
Mariana Abilio comemorou o mesaniversário de cinco meses do filho João Pedro em uma produção de Halloween em um estúdio fotográfico - Marinês Pitte Fotografia

O primeiro Halloween de João Pedro foi em grande estilo. A mãe dele, Mariana Abilio, adora festa e comemora em casa, com a família, todo “mesaniversário” do bebê, que nasceu no confinamento. Para o evento dos 5 meses, o tema foi o Halloween, com direito a bolo de fantasma, e eles foram para estúdio de fotografia decorado com o tema, em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo). Ela virou bruxa e ele, abóbora.

As irmãs Letícia, 13, e Mariana Florêncio, 7, arrumaram uma alternativa de comemorar de corpo e alma: o evento do curso de dança da avó, Marizélia, no clube Círculo Militar, na Vila Mariana.

Lá, as bruxas não só estavam soltas, como se chacoalharam ao som da música “I Will Survive”. As meninas e a vovó usaram máscara de proteção contra a Covid em versão Halloween, com estampa de boca de caveira.

“Também pintei as unhas de preto e dourado. Foi legal comemorar no curso da minha vovó”, diz Mariana. “Foi diferente, a gente não podia se abraçar e se beijar, mas foi legal porque decoramos a sala e nos fantasiamos”, conta Letícia.

Elas costumavam comemorar o Halloween com a Red Ballon, que tradicionalmente faz festas grandes em bufês infantis. Neste ano, as diferentes franquias da escola se organizaram para comemorações menores.

A de Moema, por exemplo, além dos eventos on-line para as turmas que ainda estão a distância, chamou uma bruxa para entregar doces para os pequenos grupos de alunos que retornaram ao curso presencial, além de convidar a todos para buscar as guloseimas em um drive-thru.

Em Itu, uma das primeiras cidades paulistas a autorizar a reabertura das escolas, um colégio conhecido por investir nas festas de Halloween, o Branta, optou por mudar o evento, mas tentando manter o clima de superprodução.

Em vez da tradicional festa em que os alunos passam uma noite de terror na escola, com salas transformadas em cemitérios e hospitais, cheias de efeito de som e luz, neste ano instalou um telão no estacionamento para fazer um drive-in com um filme de dar medo. As guloseimas ficarão por conta dos professores e funcionários fantasiados de monstros.

Em condomínios do interior, em que as casas passaram a ser enfeitadas como vemos nos filmes norte-americanos e as crianças saem fantasiadas pelas ruas, grupos de WhatsApp fizeram listas de quem está disposto a participar.

Enfeites serão senha para autorizar os monstrinhos a tocar a campainha. Portanto, não deve enfeitar a casa quem preferir se manter no confinamento mais rígido e quiser evitar sustos e travessuras.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.