Descrição de chapéu Deixa que eu leio sozinho

Criado para espalhar coragem, Zé Gotinha nasceu há 35 anos

Darlan Rosa é o "pai" do personagem, que ganhou nome em um concurso

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São Paulo

DEIXA QUE EU LEIO SOZINHO* - Os adultos podem até não confessar, mas com certeza já choraram para tomar injeção na hora da vacina alguma vez na vida.

Especialmente porque, quando eles eram crianças, alguns médicos achavam que, para as famílias entenderem que vacina é assunto sério, precisava que todo mundo morresse de medo de ficar doente.

Até propaganda assustadora passavam na televisão, pensando que isso ia ajudar. Realmente, ficar doente é uma coisa chata. Mas nem por isso é preciso ter medo de alguma coisa —muito menos medo de tomar vacina.

Foi nesta época, quando as crianças que hoje já são gente grande viviam apavoradas, que surgiu o Zé Gotinha. A ideia era que alguém forte passasse coragem para quem tinha que se vacinar.

Página sulfite mostra esboços de desenho do personagem Zé Gotinha. No maior e mais nítido deles, o boneco tem tons de azul e sorri de olhos fechados
Primeiro esboço de Zé Gotinha, personagem criado por Darlan Rosa, em 1986 - Arquivo pessoal Darlan Rosa

Darlan Rosa foi quem inventou este personagem, em 1986. Hoje, Darlan tem 74 anos, e mora em Brasília. Ele conta que Zé Gotinha não nasceu como a mascote que é hoje, mas, sim, como uma representação da vacina em si.

“Fiz o boneco com as duas gotinhas da pólio”, explica. Pólio é o apelido da poliomielite, doença que causa paralisia nas crianças, e que desde 1994 não circula mais no Brasil. E sabe por que não circula mais? Por causa da vacina, aquela das gotinhas.

Quando já tinha dois anos, Zé Gotinha já era um sucesso, mas ainda não se chamava Zé Gotinha. Ele aparecia em um comercial chorando, sentado em um cantinho, e dizia que estava triste justamente por ainda não ter um nome.

Um concurso, então, convidou todos os brasileiros a mandar sugestões. “As cartas chegavam de caminhão nos municípios. Ninguém nunca tinha visto um personagem com esse carisma, houve muita empatia”, conta.

Darlan lembra que mais de 10 mil cartas sugeriram o nome Zé Gotinha. Os organizadores entenderam que o nome seria este, e, para escolher só um vencedor, foi feito um sorteio. Um menino do Distrito Federal levou o prêmio.

“As crianças começaram a querer ir ao posto de vacinação. A barreira dos medos acabou, e a campanha deslanchou. O Zé Gotinha é um orgulho na minha vida, ele deu muito certo.”

Além deste marco na carreira, Darlan também ficou muitos anos na TV, apresentando um programa infantil diário, em que contava histórias e desenhava, isso tudo antes do Zé Gotinha.

Atualmente ele trabalha como escultor. Em Brasília, é possível ver seu trabalho principalmente no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde suas criações compõem o parque Casulo.

Darlan virou até nome de prédio residencial na cidade. “Aqui, sou uma pessoa ilustre”, brinca.

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