Embora muitos filmes, livros e desenhos mostrem personagens que têm famílias sempre parecidas, com um pai, uma mãe e irmãos, no mundo real existem dezenas de formas de uma família se organizar. Há, por exemplo, casas só com uma mãe, outras só com o pai, outras sem nenhum dos dois e onde quem cuida de tudo é uma avó.
No dicionário, para que um núcleo de pessoas seja considerado uma família, basta que todos compartilhem laços afetivos e um espaço comum —ou seja, nenhuma necessidade de se parecer com o que é retratado como padrão na ficção.
Pensando nisso, a relações públicas Marina Takejami idealizou, junto com sua amiga Thays, o jogo 7famílias, um baralho de 35 cartas que mostra sete famílias diferentes e em diversas formatações.
Para sair do papel, o projeto do 7famílias está com financiamento coletivo aberto, e os interessados têm até o dia 22 de maio para apoiar a ideia e transformá-la em realidade.
A ideia do jogo é simples: vence quem conseguir reunir e baixar na mesa o maior número de famílias completas. Cada família tem cinco membros, que variam entre pessoas, bichinhos e plantas. Elas foram desenhadas por diferentes ilustradores, e ganharam uma cor cada uma.
“Vamos embaralhar as cartas, distribuir e cada jogador pega sete. Vamos trocando uns com os outros, e comprando da pilha de cartas novas quando necessário. Se eu consigo a carta que preciso, continuo jogando, e, se não consigo, passo a vez”, resume Marina, sobre a mecânica do 7famílias.
Paloma Barbosa ficou responsável pela Família Rosa. "A família que eu ilustrei é composta por cinco integrantes, sendo um pai, duas meninas, um peixe e uma planta. É muito importante que exista um jogo que seja tão representativo e que possibilite que as famílias se vejam nele”, acredita a artista.
"Construir as cartas da família preta foi muito importante, pois diz muito de mim, uma pessoa preta”, diz o ilustrador Lucio Telles. “Quis colocar nas cartas três personagens femininos, pois minha família teve muitas mulheres.”
A Família Verde, de Vinicius Targa, teve como inspiração um casal de amigos dele.
“Eles pensam em adotar uma criança. A família é composta por dois homens, com duas crianças, sendo um menino cadeirante e uma menina, filha de outro relacionamento de um deles. O jogo vai trazer muita representatividade, mostrando famílias reais, que muitas das vezes não conhecemos de perto”, comenta.
Natália Lobo desenhou a Família Laranja. “Ilustrei a cidade atrás dos personagens para trazer um pouco da minha realidade, enquanto indígena que mora no contexto urbano, pois é de extrema importância para uma criança indígena se ver representada em um jogo”, explica.
O time de desenhistas conta, ainda, com Verônica Nuvem, que desenhou a Família Vermelha, Zadô, responsável pela Família Roxa, e Suzane, que criou a Família Azul.
Marina e Thays, idealizadoras do 7famílias, precisam arrecadar R$ 35.000 para que o jogo seja distribuído aos seus apoiadores. Há cotas de apoio que vão de R$ 20 a R$ 1.650, com recompensas que variam conforme o valor oferecido.
Caso não atinjam o total até dia 22 de maio, Marina e Thays devolverão o dinheiro àqueles que doaram.
Na casa de Marina, atualmente, a família é composta por ela e seu filho de dez anos. “Por uns bons anos ele achava que a gente não era uma família, porque faltava um pedaço. Com o jogo, eu queria que as crianças entendessem que somos todos uma família”, explica. “É para a criança se identificar, para normalizar o que já deveria ser normal”.
Jogo 7famílias
Apoio ao financiamento coletivo no www.catarse.me/jogo7familias
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