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'Eu devo ser forte', diz menina que imita em fotos mulheres importantes

Clarinha faz postagens no Instagram reproduzindo a pose e os trajes delas

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São Paulo

A mãe de Clarinha gosta de fazer tranças na filha. Por mais ou menos uma semana, que é quanto dura o penteado, a menina desfila orgulhosa seus cabelos pretos arrumados. Acontece que, em uma época da vida de Clarinha, ir de tranças à escola virou uma grande chatice.

“Tinha uma menina que sempre falava que tava feio, que parecia um monte de lixo, que não era bonito meu cabelo, e aí eu perguntei pra professora o que tava acontecendo. Quando a professora chamou, ela tentou discordar, mas depois confirmou que foi ela”, lembra Clarinha.

“Já sofri racismo três vezes”, ela enumera. “Mas aprendi com meus pais que eu devo ser forte, e que, mesmo que eu tenha passado pelo racismo, tenho que superar medos.”

Clarinha posa ao lado de Angela Davis, uma ativista americana que luta pelos direitos das mulheres - Arquivo Pessoal

Talvez você já conheça a Clarinha. Ela tem um perfil com milhares de seguidores no Instagram (@clarinha_larchete) onde, com a ajuda da mãe, Daiane, posta fotos em que homenageia mulheres importantes para a história da humanidade.

A maioria das personagens que mãe e filha escolhem é negra. Isso porque a ideia principal do projeto das duas é Clarinha entender que se parece com muitas mulheres incríveis, que às vezes passaram por dificuldades antes de serem reconhecidas.

“Teve uma época que ela me perguntava por que só o cabelo dela era cheio e o das outras meninas era escorrido”, conta Daiane. “Então, abri esse perfil para ela conhecer mulheres negras parecidas com ela, que lutaram para chegar onde estão.”

De amarelo e com brincos e faixa, Clarinha faz a mesma expressão de Conceição Evaristo, importante escritora brasileira - Arquivo Pessoal

“Eu queria que ela visse que não é o outro que vai dizer que ela não é bela. Assim, ela se fortaleceu e a gente se fortaleceu com ela. Hoje, ela é confiante de quem é, da sua beleza, da sua inteligência e cultura.”

Sua biografia, Clarinha mesma dá: “Sou uma menina de oito anos, moro no extremo leste de São Paulo e estudo em escola pública. O que eu mais gosto de fazer é andar de bicicleta, assistir anime com meu pai, ouvir música, desenhar e brincar com minha cachorra Luna”.

Todos os dias, ela explica, faz a leitura de um livro pela manhã, e conta para a mãe o que compreendeu daquele trecho. “A tarde é livre para fazer o que eu quiser, como brincar de boneca. Quando tenho tarefa pra fazer, eu faço. No celular eu só posso mexer depois das 18h”, diz.

“Ela gosta de fazer tudo bem feito”, resume Daiane. Justamente por isso, as fotos no Instagram saem sempre fiéis à proposta de imitar igualzinho a mulher homenageada.

De perfil, a filósofa brasileira Djamila Ribeiro e Clarinha - Arquivo Pessoal

“Às vezes é alguém que eu vejo, às vezes é alguém que ela vê, e o pessoal também nos manda sugestões no direct. A gente lê, pesquisa e constrói a cena. A Clara gosta de ser fotografada”, diz Daiane. “Ela vai aprendendo e eu vou aprendendo junto com ela.”

Clarinha resume o projeto: “Eu e minha mãe sempre procuramos mulheres que lutaram ou que lutam pelos seus direitos. A gente lê sobre a pessoa, e depois minha mãe faz um resumo pra ficar mais fácil de eu entender”.

A mulher que ela mais gostou de homenagear foi a pintora mexicana Frida Kahlo - Arquivo Pessoal

“A que eu mais gostei de fazer a foi Frida Khalo. Ela é uma pintora mexicana, que valorizava muito a cultura do seu país e lutava pelos direitos das mulheres. Eu me sinto muito feliz porque o que eu aprendo posso ensinar para outras pessoas, e isso é muito legal.”

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